Projeto em Arraial do Cabo se destaca por pioneirismo no monitoramento de espécies marinhas
Grupo de pesquisadores também trabalha pela conscientização e capacitação da população
Projeto é voltado para pesquisa e conservação do ecossistema marinho
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Foto: Divulgação/Prefeitura de Arraial do Cabo
Uma grande ação ambiental nas praias do Pontal, dos Anjos e Grande, em Arraial do Cabo, na Região dos Lagos do Rio, despertou o interesse de moradores e turistas no último mês. A iniciativa foi um monitoramento de tartarugas marinhas promovido pelo projeto Costão Rochoso.
Essa atividade, no entanto, é apenas uma entre as dezenas de ações do grupo de pesquisadores que atua no ‘caribe brasileiro’. O projeto é dedicado à pesquisa e conservação do ecossistema marinho, em parceria com a Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental.
O projeto também é um dos pioneiros na utilização de telemetria acústica (uso de pequenos transmissores para detecção de sinais sonoros emitidos por animais) no Brasil. Inclusive, um estudo foi realizado com peixes recifais, mais especificamente com budiões, espécies ameaçadas de extinção.
Juliana Fonseca, uma das pesquisadoras do Costão Rochoso, explica a proposta de monitoramento:
Os objetivos de pesquisas incluem o monitoramento da biodiversidade marinha, de modo a entender quais espécies nos costões rochosos são as mais ameaçadas pelos usos e impactos diversos, tanto humanos quanto climáticos, a fim de desenvolver metas de manejo e conservação.
Ainda de acordo com a pesquisadora, existem também os objetivos de educação e capacitação para criar uma mentalidade que valorize os costões e os recursos que eles fornecem para os diversos usuários, como extrativistas, turistas e gestores ambientais.
Os métodos incluem cursos, palestras e rodas de discussões em fóruns variados na cidade. A finalidade é reforçar que tais recursos só serão renováveis se forem muito bem manejados, visto que eles são o sustento de maioria dessas pessoas.
Existem ainda os objetivos de educação e capacitação que visam criar uma mentalidade marítima | Foto: Divulgação/Projeto Costão Rochoso
"A tarefa é tentar mostrar que um ambiente saudável gera mais lucros, ou seja, serviços ecossistêmicos, e que manter os costões saudáveis e sustentáveis com uso e exploração contínua, sem manejo e cuidado apropriado, não funciona”, explicou a especialista.
Entre as atividades realizadas estão: capacitações para operadores de turismo náutico e mergulhadores, ações de limpeza de praia, conscientização dos quiosques sobre a geração de resíduos e conversas com pescadores sobre o descarte correto de redes de pesca e salvamento de tartarugas marinhas.
Realizamos cursos voltados para os educadores da rede municipal de Arraial do Cabo. O curso é realizado em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, Lazer, Cultura, Ciência e Tecnologia para que as atividades sejam incluídas dentro do programa de Formação Continuada.
Além disso, o projeto realiza visitas a espaços escolares, com foco no segundo segmento do Fundamental e Ensino Médio, levando uma série de oficinas que estimulam a percepção ambiental e valorização da biodiversidade de Arraial do Cabo, também informou Juliana.
Palestras e rodas de discussões em fóruns variados acontecem na cidade | Foto: Divulgação/Projeto Costão Rochoso
"Apesar de realizarmos muitas atividades em campo, nosso dia a dia se concentra na frente do computador. Para que todas as ações sejam realizadas com sucesso, realizamos reuniões quinzenais com a equipe e muitos encontros com os parceiros do projeto", destacou.
O monitoramento das tartarugas ocorre a cada três meses nas Praias do Pontal, Praia Grande e Praia dos Anjos. A próxima ação deve ocorrer em maio, de acordo com a pesquisadora. O trabalho visa não apenas observar, mas zelar pela saúde dessas fascinantes criaturas.
Cada vez mais, entendemos que apesar da população possuir as práticas de uso das praias e costões, muito pouco se sabe das espécies ocorrentes, da sua biologia e dos efeitos dos usos e impactos diversos crescentes na região com a urbanização e turismo sem controle.
O projeto teve início em 2017 com parte das pesquisas e projetos liderados pelo Laboratório de Ecologia e Conservação de Ambientes Recifais do Departamento de Biologia Marinha da Universidade Federal Fluminense (UFF), que já vem realizando pesquisas cientificas em Arraial do Cabo há 30 anos.
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