Queimadas em vegetação crescem 85% no estado do Rio; Corpo de Bombeiros alerta: "mais de 95% dos incêndios são causados por ação humana"

O Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ) divulgou dados alarmantes sobre o número de incêndios florestais no estado. De acordo com a corporação, só neste ano as queimadas aumentaram 85%.

De janeiro a agosto, foram 13.595 ocorrências registradas, 6.178 chamadas a mais do que no mesmo período do ano passado, quando foram registrados 11.037 combates a fogo em vegetação durante todo o ano.

Segundo o CBMERJ, os municípios que estão no topo do ranking dos mais afetados em 2024 por incêndios em vegetação são Rio de Janeiro (4.513), São Gonçalo (569) e Duque de Caxias (561) seguidos por Maricá, Nova Iguaçu, Niterói, Araruama, Nova Friburgo, Campos dos Goytacazes e Volta Redonda.

O major Fabio Contreiras, porta-voz do Corpo de Bombeiros, afirma que:

O aumento das ocorrências de incêndios florestais está diretamente ligado ao aquecimento global, às ondas de calor e à presença forte do El Niño no estado. Além disso, mais de 95% dos incêndios são causados por ação humana.

Incêndios em vegetação em Cabo Frio e Arraial deixam rastros de destruição | Foto: Reprodução/Portal Multiplix

A reportagem apurou com o Corpo de Bombeiros os números exatos dos incêndios em vegetação registrados em 2024 e 2023 para fazer um comparativo nas principais cidades de cobertura do Portal Multiplix.

Os destaques citados pela corporação são Araruama, na Região dos Lagos, seguido por Nova Friburgo, na Serra Fluminense. Veja os números:

De 1º de janeiro a 25 de agosto de 2024

• Araruama - 310

• Nova Friburgo - 272

• Teresópolis - 167

• Cabo Frio – 110

• Arraial do Cabo - 86

De 1º a 25 de agosto de 2024 (25 dias)

• Nova Friburgo - 109

• Teresópolis - 86

• Araruama - 46

• Arraial do Cabo – 18

• Cabo Frio – 2

De 1º de janeiro a 25 de agosto de 2023

• Araruama - 236

• Nova Friburgo - 90

• Cabo Frio – 83

• Teresópolis - 55

• Arraial do Cabo - 30

De 1º a 25 de agosto de 2023 (25 dias)

• Araruama - 31

• Nova Friburgo - 31

• Teresópolis - 24

• Cabo Frio – 16

• Arraial do Cabo - 7

Parque Estadual dos Três Picos teve parte de sua área incendiada durante três dias | Fotos: Lia Caldas

Nova Friburgo

O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) informou ao Portal Multilplix que, no período de 17 a 24 de agosto, Nova Friburgo foi afetada por 12 incêndios florestais. Destes, nove aconteceram em unidades de conservação estaduais.

O Morro do Gato, na região dos Três Picos, uma das localidades do 'cinturão verde do estado', foi uma dessas unidades que teve parte de sua área incendiada durante três dias na última semana, e até agora, os estragos não foram mensurados pela instituição:

Ainda não foi possível calcular a área total atingida pelo fogo na região.

O Inea explica que suas equipes de guarda-parques atuaram diretamente no combate a todos estes incêndios em parceria com o 6º Grupamento de Bombeiro Militar (6° GBM), que tem atuado paralelamente com a 5ª Unidade de Policiamento Ambiental (Upam) em ações de fiscalização e educação ambiental, bem como na identificação dos possíveis autores de ações criminosas causadoras dos incêndios.

O coordenador da unidade de Nova Friburgo do Parque dos Três Picos, Rominique Schimidt, postou em sua rede social um alerta em que destaca os estragos e consequências devastadores de um incêndio florestal. Veja o vídeo abaixo.

Orientações do Ministério da Saúde

As consequências dos incêndios refletem na saúde da população que reside próxima às áreas queimadas. Diante desse quadro, o Ministério da Saúde divulgou uma nota com as seguintes orientações para evitar a exposição à fumaça intensa e neblina, causadas pelo fogo em vegetação:

• Aumentar a ingestão de água e líquidos ajuda a manter as membranas respiratórias úmidas e, assim, mais protegidas;

• Reduzir ao máximo o tempo de exposição, recomendando-se que se permaneça dentro de casa, em local ventilado, com ar-condicionado ou purificadores de ar;

• As portas e as janelas devem permanecer fechadas durante os horários com elevadas concentrações de partículas, para reduzir a penetração da poluição externa;

• Evitar atividades físicas em horários de elevadas concentrações de poluentes do ar, e entre 12h e 16h, quando as concentrações de ozônio são mais elevadas;

• Uso de máscaras do tipo 'cirúrgica', pano, lenços ou bandanas pode reduzir a exposição às partículas grossas, especialmente para populações que residem próximas à fonte de emissão (focos de queimadas) e, portanto, aliviar o desconforto das vias aéreas superiores. Enquanto o uso de máscaras de modelos respiradores tipo N95, PFF2 ou P100 são adequadas para reduzir a inalação de partículas finas por toda a população;

• Crianças menores de 5 anos, idosos com mais de 60 anos e gestantes devem redobrar a atenção para as recomendações descritas acima para a população em geral. Além disso, devem estar atentas a sintomas respiratórios ou outras ocorrências de saúde e buscar atendimento médico o mais rapidamente possível.

Fora isso, pessoas com problemas cardíacos, respiratórios, imunológicos, entre outros, também devem, ainda segundo o Ministério da Saúde:  

• Buscar atendimento médico para atualizar seu plano de tratamento;

• Manter medicamentos e itens prescritos pelo profissional médico disponíveis para o caso de crises agudas;

• Buscar atendimento médico na ocorrência de sintomas de crises;

• Avaliar a necessidade e segurança de sair temporariamente da área impactada pela sazonalidade das queimadas.

Receba as notícias das regiões Serrana e dos Lagos no Rio direto no WhatsApp. Clique aqui e inscreva-se no nosso canal!