Infarto: durante o inverno, níveis de pressão arterial podem ter elevações
Especialista recomenda o cuidado com a saúde ao longo do ano para evitar surpresas
Quando estamos doentes, nosso corpo apresenta sinais e sintomas que ajudam no diagnóstico da doença. Porém, como cada organismo tem sua individualidade, alguns indícios podem não aparecer ou são atípicos, como no caso do infarto que, normalmente, aumenta durante o inverno. Para evitar surpresas, é importante cuidar da saúde ao longo do ano.
“A primeira questão que nunca podemos esquecer é a individualidade do ser humano. Somos todos diferentes um do outro. O código genético apresenta uma base, um molde, mas as interações com o meio externo, mutações, estilo de vida, entre outros fatores, tornam cada pessoa diferente uma da outra. Outro ponto importante é saber que as características clínicas de cada doença são dadas a partir de uma observação ao longo do tempo de estudo, para que tenhamos capacidade de dizer se tal doença costuma se apresentar desta ou daquela forma”, explica o médico Tayene Albano Quintella, membro da equipe de Cardiologia e Arritmia Cardíaca do Hospital Santa Teresa, em Petrópolis.
Assim como em todas as doenças, os sinais de alerta do corpo aparecem para ajudar no diagnóstico. Por causa de cada individualidade, alguns sintomas podem não aparecer. E no caso do infarto, isso também ocorre.
“No mundo real, no dia a dia das equipes de saúde, devemos saber interpretar cada pessoa, cada achado. Sempre procuramos os achados mais comuns, mas devemos estar alertas a tudo. Existem ainda outros fatores, como a presença de outras doenças, como o diabetes, que pode mudar a sensibilidade à dor das pessoas, e as características psicológicas de cada um, como tolerância a dor, negação frente ao medo etc.”, frisa o médico.
Os sintomas atípicos de quaisquer doença podem atrapalhar o diagnóstico, inclusive os de infarto. Por isso, é necessária uma avaliação correta do que o paciente está sentindo.
“A realização de uma correta anamnese (entrevista médica) e do exame físico do paciente são fundamentais, quanto mais informação clínica, mais perto do diagnóstico poderemos chegar e, a partir daí, lançar mão de métodos complementares para nos auxiliar”, destaca o cardiologista.
Ainda segundo o médico, é preciso manter os cuidados com a saúde durante todo o ano, não só no período de inverno, onde os estudos mostram que, normalmente, os casos de infarto aumentam mais.
“Durante o inverno, com as temperaturas mais frias, os níveis de pressão arterial costumam se elevar e algumas respostas orgânicas ficam mais exacerbadas. Mas os cuidados não devem mudar em relação ao ano todo. Hábitos alimentares corretos, atividade física, acompanhamento com especialistas, seja médico, nutricionista, educador físico, entre outros, uso correto de medicações e atenção aos sinais de alerta como dor no peito, falta de ar, tonteira, desmaio, por exemplo, são alguns cuidados", diz.
Normalmente, dor no peito é um dos sintomas mais comuns de infarto. Mas, cansaço, falta de ar e até desmaio também podem ser um sinal de alerta. Já a dor do queixo para baixo e do umbigo para cima podem ser indícios atípicos.
“O mais comum é a dor no peito, caracteristicamente atrás do esterno, em opressão, podendo irradiar para pescoço ou membros superiores. Não se deve menosprezar outros sintomas. Costumamos brincar e dizer aos acadêmicos, ou aos mais jovens, que dor do queixo para baixo e do umbigo para cima sempre deve ligar o sinal de alerta. Mas sempre devemos agir baseados na história clínica, avaliar o cenário como um todo. Existe uma série de fatores de risco que devem ser analisados, para assim classificar o paciente como muito baixo, baixo, médio, alto ou altíssimo risco para síndrome coronariana aguda, entre as possibilidades, o infarto agudo do miocárdio”, finaliza o médico.