Casos de incêndios em Friburgo chamam a atenção sobre formas de prevenção; veja orientações de especialistas
Cerca de 99% dos casos podem ser evitados com medidas simples, segundo profissional da área
Neste ano, alguns incêndios em Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, chamaram a atenção da população pelo curto espaço de tempo.
Os casos aconteceram em três locais diferentes e por causa diversas.
Esse perigo levantou uma questão: o que podemos fazer para evitar os incêndios em residências e no comércio?
O Portal Multiplix procurou alguns especialistas no assunto para dar algumas orientações básicas de prevenção e combate.
Os problemas elétricos são algumas das causas dos incêndios e o eletrotécnico Pedro Adrião alerta e orienta para duas situações.
A primeira é a respeito do sistema de proteção dos disjuntores das casas. Ele afirma que é necessário ter uma instalação moderna e com bons equipamentos:
Uma instalação mais antiga tem uma proteção lenta, que não consegue proteger o local de um curto-circuito, a tempo de prevenir um incêndio.
Outro ponto que Pedro destaca e que também é válido tanto para residências quanto para o comércio é sobre os equipamentos elétricos que são esquecidos ligados:
A maioria dos incêndios causados por eletricidade acontece por esquecimento de algum aparelho ligado, como uma fritadeira ou um ferro de passar roupa. É importante sempre verificar, antes de deixar a casa ou o trabalho, se tem algum aparelho ligado.
Padaria explodiu após vazamento de gás | Foto: Reprodução/Redes Sociais
A prevenção e o combate de incêndios é o assunto principal de outro especialista, o técnico de segurança do trabalho, Fernando de Castro, que tem uma empresa em Nova Friburgo que faz treinamentos nessa área.
Ele comentou sobre os três incêndios recentes na cidade: o da explosão de um estabelecimento comercial no distrito de Campo de Coelho, por causa de um vazamento de gás; de uma casa que pegou fogo em Varginha, depois da provável queda de um raio; além do incêndio na loja no centro da cidade, que gerou um grande fumaça.
As quedas de raios também podem causar o fogo, porém, Fernando garante que os incêndios domésticos e em pequenas indústrias podem ser evitados com a prevenção em 99% dos casos.
Ele afirma que se a causa não for uma explosão, todo incêndio começa pequeno. A dinâmica acontece rapidamente, com diferentes graduações, mas o começo é muito fácil de ser combatido:
Hoje, mais de 50% dos incêndios no Brasil são provocados por curto-circuito, falha na rede elétrica. O superaquecimento derrete os fios e inicia um curto-circuito. Por isso, é importante saber o que o equipamento consome de energia para ter uma tomada adequada, que não gere uma sobrecarga.
Descargas elétricas também podem causar incêndios | Foto: Jackson Klein
O profissional desaconselha o uso de adaptadores, chamados de benjamins, porque ele vai distribuir uma tomada para três possibilidades de consumo de energia. O que também pode causar uma sobrecarga elétrica.
Fernando Castro também avisa sobre a manutenção de qualquer tipo de equipamentos ou carregadores conectados em tomadas:
Já existem vários incêndios catalogados hoje no país que ocorreram por causa, por exemplo, de um carregador que ficou conectado em uma tomada. Cafeteiras esquecidas ligadas na tomada também podem desencadear um curto.
Fernando é especializado no treinamento de emergência, não só para empresas, mas para pessoas físicas, e ensina diversas matérias na área, além de normas reguladoras na área de trabalho, primeiros socorros e combate a incêndio.
Ele informa que existem três formas de combate ao fogo: abafamento, isolamento e resfriamento. Às vezes, o fracasso acontece pela forma inadequada no procedimento para apagar as chamas:
O abafamento no princípio de um incêndio é muito eficaz, desde que a fonte de energia seja desligada. A atmosfera tem uma taxa de 21% de oxigênio, e, se chegarmos a 17%, já não existe mais chama, o fogo acaba.
Outra forma de combate ao incêndio, como Fernando enumera, é o isolamento:
Localizando onde está o princípio de incêndio, eu afasto da proximidade do fogo tudo o que puder.
Para o resfriamento, ele conta que existe um dispositivo moderno, um spray anti-chamas residencial que apaga todas as classes de incêndio, em materiais diversos, como sólidos, elétricos, inflamáveis como gordura utilizada em cozinha, por exemplo:
Quando uma panela está pegando fogo não podemos jogar água, porque isso gera uma explosão. Panela de óleo tem que ser apagada por abafamento, com um pano úmido ou uma tampa.
Na explosão do estabelecimento no distrito de Campo de Coelho, Fernando conta que houve um vazamento de gás e a situação pode ter sido manejada de forma incorreta e que causou o que chamou de 'mistura ideal' para a explosão:
Quando o cheiro de gás é sentido no ambiente, tem que entrar descalço no local, para não gerar energia estática. Em seguida, desligar o disjuntor, fora da casa, no padrão. Depois, abrir portas e janelas. Conectar ou desconectar equipamentos eletrônicos podem gerar faíscas e causar explosões.
Ele alerta também para o armazenamento de materiais explosivos de forma inadequada, como líquidos combustíveis e objetos inflamáveis com base de petróleo.
Na casa de Varginha, que incendiou possivelmente por uma queda de raio, o que ocorreu foi uma fatalidade. Havia no local diversos materiais altamente inflamáveis guardados: líquidos combustíveis em latinhas e pneus, por exemplo.
Fernando avaliou também que no incêndio na loja no centro da cidade, pode ter faltado prevenção. Ele lembra que toda empresa tem que seguir as normas regulamentadoras (NRs). “Toda empresa deve possuir equipamento de combate a incêndio e uma equipe treinada, por menor que seja a loja.
A dica que Fernando recomenda é básica:
Ao sair de casa, é prudente tirar todos os materiais eletrônicos das tomadas, carregadores e equipamentos que não precisam ficar conectados. Se a pessoa for viajar, deve desligar o click do gás e, em nenhuma hipótese, deixar o botijão dentro de casa, porque um vazamento fica sujeito a gerar uma mistura explosiva e um incêndio de grande proporção.
O que a Energisa diz:
A Energisa informou que os problemas elétricos no interior de residências e lojas são de responsabilidade dos proprietários e, que nesse período do ano, com o tempo mais seco, a grande preocupação são as queimadas perto de rede elétricas
O gerente de Construção e Manutenção da Energisa, Anderson Rabelo Rosa, explica que as chamas causadas pelas queimadas em matas, terrenos baldios e outros lugares próximos às redes de baixa, média e alta tensão, são capazes de ocasionar sérios transtornos aos consumidores e aos serviços essenciais, devido à interrupção do fornecimento de energia elétrica.
Mesmo sem atingir a rede diretamente, as queimadas colocam em risco a segurança da comunidade e a distribuição de energia. O calor intenso que provém das chamas pode danificar a estrutura da rede, como cabos condutores, postes, equipamentos do sistema elétrico e, consequentemente, causar a interrupção no fornecimento da energia para os clientes.
Rabelo orienta que, em caso de incêndios, a população precisa acionar imediatamente o Corpo de Bombeiros, pelo número 193, e se ocorrer falta de energia devido ao incêndio, acionar também a Energisa.
Para evitar incêndios, tanto na área urbana quanto na rural, a Energisa listou algumas dicas importantes.
Confira as recomendações:
Não faça queimadas para limpar pastagem ou plantio agrícola;
Evite acender fogueiras, principalmente em locais perto da rede elétrica;
Quando acender uma fogueira, posteriormente apague as cinzas com água, para que o vento não leve as brasas para matas, terrenos baldios ou lixões;
Nunca jogue pontas de cigarro ou fósforos acesos em lixeiras, às margens de rodovias ou próximo a qualquer tipo de vegetação;
Não queime o lixo doméstico;
Não solte balões.
Ao avistar um incêndio perto da rede elétrica, entre em contato com a Energisa:
Aplicativo para celular Energisa On;
Gisa (22) 99292-4081 (assistente virtual da Energisa pelo WhatsApp).
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