'Setembro Amarelo': campanha destaca importância de pedir ajuda e cuidar da saúde mental o ano todo
Ação é considerada a maior iniciativa antiestigma do mundo
Desde 2013 fazendo parte do calendário nacional, a campanha 'Setembro Amarelo', este ano com o lema 'Se precisar, peça ajuda!', tem por objetivo a prevenção ao suicídio.
Trabalhando a questão da prevenção, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e o Conselho Federal de Medicina (CFM) desenvolveram uma série de materiais, informativos e cartilhas com detalhes importantes sobre fatores de riscos e sinais de alerta; doenças mentais e suicídio; comportamento suicida; carta aos pais, responsáveis e educadores; entre outros. O intuito é orientar toda a sociedade.
Segundo as instituições, a campanha 'Setembro Amarelo' é considerada a maior iniciativa antiestigma do mundo.
O material desenvolvido por médicos e especialistas chama a atenção para a importância de deixar o preconceito de lado e buscar tratamento especializado, pois "as doenças da mente, assim como as doenças cardíacas, renais ou endócrinas, são tratáveis".
A cartilha "Informando para prevenir", por exemplo, traz o dado de que 96,8% dos casos registrados estão associados a histórico de doenças mentais, que podem ser tratadas.
Jogue fora o seu preconceito
Conforme destaca a campanha, a consulta com um psiquiatra é igual às outras. O médico conversa com a pessoa sobre os sintomas e, se achar necessário, solicita exames clínicos e indica o tratamento, que pode ser farmacológico ou psicoterápico.
Existem muitas doenças mentais e para cada uma existe um tratamento adequado, seja para depressão, transtornos ansiosos, alimentares, dependência química, dentre outras. Mas é importante ressaltar que há tratamentos eficazes.
Segundo a ABP e o CFM, existem alguns fatores relacionados à vida de uma pessoa que podem atuar como "proteção para evitar" o suicídio. Entre eles estão um bom suporte familiar, laços sociais bem estabelecidos com amigos e familiares, capacidade de resolução de problemas e de adaptação, relação terapêutica positiva e frequência de atividades físicas.
Por outro lado, para os especialistas também existem alguns elementos que "aumentam o risco", como casos de abuso sexual na infância, isolamento social e doenças incapacitantes, por exemplo.
De acordo com a última pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019, foram registrados mais de 700 mil casos em todo o mundo, sem contar com os episódios subnotificados. Com isso, estima-se que mais de um milhão de casos tenham ocorrido.
No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil casos por ano, ou seja, em média 38 pessoas cometem o ato por dia, com uma tendência de crescimento entre os jovens.
Adolescentes são maioria
A OMS estima que no mundo, um em cada sete adolescentes de dez a 19 anos é acometido por algum tipo de transtorno mental. A depressão e os transtornos de ansiedade são as alterações mais frequentes observadas em jovens nesta faixa etária.
Ainda segundo a organização, em 2019, no mundo, o suicídio foi a quarta maior causa de morte entre pessoas de 15 a 29 anos de idade, ficando atrás de acidentes no trânsito, tuberculose e violência interpessoal. Trata-se de um fenômeno complexo, que pode afetar indivíduos de diferentes origens, sexos, culturas, classes sociais e idades.
Já no Brasil, em setembro de 2022, a Secretaria de Vigilância em Saúde, por meio do Ministério da Saúde, divulgou um boletim em que foram analisados os números por este tipo de morte entre adolescentes, de 2016 até 2021.
Além disso, entre 2016 e 2019, houve um aumento de 2,74 para 3,90 por 100 mil adolescentes nas taxas de mortalidade por atentar contra a vida.
Entre 2016 e 2021 houve um aumento de 49,3% nas taxas de mortalidade de pessoas de 15 a 19 anos, e de 45% entre adolescentes de 10 a 14 anos.
No Brasil, 12,6% por cada 100 mil homens, em comparação com 5,4% por cada 100 mil mulheres, morrem por atentarem contra a vida.
As taxas entre os homens são geralmente mais altas em países de alta renda (16,6% por 100 mil). Para as mulheres, as taxas mais altas são encontradas em países de baixa-média renda (7,1% por 100 mil), segundo a campanha 'Setembro Amarelo'.
Atenção às crianças
O psiquiatra Fábio Barbirato, referência nacional em psiquiatria infantil destaca que "é importante pensar que o suicídio não é coisa só de adultos e nem só da adolescência, mas também de crianças. "Vejo crianças de 8 e 9 anos participando de jogos na internet como o da 'baleia azul', por exemplo, e é importante que os pais estejam atentos sobre isso".
Crianças pequenas não falam a palavra suicídio, elas falam que 'querem sumir', 'querem desaparecer' ou 'sumir do mapa'. Os pais têm que estar atentos a essas falas e se a criança em algum momento disse estar angustiada com a vida que têm, sem vontade ou prazer de viver. A palavra suicídio [para a criança] não tem muito sentido, nem sabe o que significa, mas as palavras sumir, desparecer, têm esse significado para elas.
O Sistema Único de Saúde (SUS) possui uma rede de atendimentos para pessoas em sofrimento psíquico e com necessidades decorrentes do uso prejudicial de álcool e outras drogas.
Veja como pedir ajuda
Nova Friburgo
Em Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, as Unidades Básicas de Saúde (UBS) oferecem atendimentos psicológico e psiquiátrico. Os atendimentos são agendados pelo Sistema de Regulação do Estado (Sisreg).
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o paciente pode procurar a unidade mais próxima para ser encaminhado ao especialista, conforme a demanda do seu quadro psicológico.
Os Centro de Apoio Psicossocial (Caps) III, Centro de Apoio Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD) e Centro de Apoio Psicossocial Infantil (Caps I) são unidades municipais que oferecem tratamentos psicológicos e acolhimentos. Caso o paciente necessite, pode buscar uma das unidades para avaliação e possíveis encaminhamentos.
O Hospital Municipal Raul Sertã também disponibiliza leitos para a saúde mental, com equipe especializada para acolher os casos de crises, inclusive os de "ideação suicida", sendo os usuários encaminhados à rede de atendimento conforme a necessidade do seu quadro.
Outra opção de atendimento gratuito é a clínica de psicologia da Universidade Estácio de Sá, que oferece suporte emocional e psicológico para indivíduos e famílias, ajudando a lidar com questões como ansiedade, depressão, estresse e problemas de relacionamento. As sessões são conduzidas por alunos sob a orientação de psicólogos qualificados.
Para agendar uma consulta ou obter mais informações sobre os serviços oferecidos, os interessados podem entrar em contato com o campus pelo telefone (22) 2525-1526, ou presencialmente na unidade localizada na rua José Acurcio Benigno, 116, Braunes, de segunda a sexta-feira, das 9h às 21h, e aos sábados, das 9h às 12h.
Já a Associação Psicanalítica de Nova Friburgo (APNF) é uma instituição sem fins lucrativos e tem por finalidade oferecer atendimento psicanalítico e psicoterapia de base analítica a pessoas com dificuldades emocionais e que tenham recursos financeiros limitados. O valor das sessões é estabelecido de acordo com as possibilidades de cada pessoa, através de uma entrevista social.
A clínica de atendimento promove supervisão de profissionais formados na área da saúde e realiza atividades científicas destinadas aos profissionais de saúde e à comunidade de uma forma geral. Os agendamentos são feitos pelo site.
Outras ferramentas
O Ministério da Saúde disponibiliza informações sobre os atendimentos do SUS pelo telefone 136, da Ouvidoria Geral do SUS.
Além disso, o Centro de Valorização da Vida (CVV) presta um serviço de abrangência nacional e gratuito de apoio emocional e prevenção ao suicídio, através do telefone 188. O centro atende todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo e anonimato.
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