Maria Nice de Miranda, primeira defensora pública do Brasil e natural de Cantagalo, morre aos 95 anos
Ela foi sepultada nesse domingo, 27, no Cemitério Municipal de Cantagalo

Morreu na manhã desse domingo, 27, aos 95 anos, Maria Nice Leite de Miranda, a primeira defensora pública do Brasil. Maria era natural de Cantagalo, na Região Serrana do Rio.
Ela estava internada no Hospital Copa Star, em Copacabana, no Rio de Janeiro, desde o dia 12 de abril. A causa da morte não foi divulgada.
De acordo com a Defensoria Pública do Rio de Janeiro (DPRJ), Maria Nice ingressou na carreira de defensora pública em 1958, foi nomeada corregedora da Assistência Judiciária do antigo estado do Rio de Janeiro em 16 de maio de 1974, ocupando essa função até 15 de março de 1975, quando a Assistência Judiciária foi extinta devido à fusão dos estados da Guanabara e do antigo Rio de Janeiro, migrando para o modelo atual.
Em 2007, foi condecorada pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) com o colar do mérito judiciário, homenagem feita a personalidades de que tenham prestado serviços de grande relevância à cultura jurídica do Rio.
Durante uma edição do projeto "Memória DPRJ" de 2020, da própria defensoria, Maria Nice Leite falou sobre sua escolha profissional:
Fiz concurso pro Ministério Público, mas preferi a defensoria. Meu marido falou: 'Mas não é possível! Ganhando menos.'; eu falei: 'É o que eu gosto. É o que eu adoro!'. Me sentia na minha casa, na minha família.
Em 2022, a sessão de estreia de um documentário da DPRJ homenageou Maria Nice | Foto: Reprodução/Ascom Defensoria Pública RJ
Em 2022, a sessão de lançamento do documentário "Paixão Verde: a Defensoria Pública do Rio de Janeiro em suas primeiras décadas" foi dedicada à cantagalense, que esteve presente. Na cerimônia, Maria Nice revelou:
O trabalho era muito difícil porque era só eu de mulher, então qualquer coisa que acontecesse, eles falavam que era para eu ir. Eu me aposentei, mas meu coração continua lá. Foi muito emocionante relembrar o passado dessa forma.
Em uma postagem nas redes sociais, a Defensoria Pública do Rio prestou homenagem à profissional e afirmou que "ela abriu caminhos e se tornou símbolo de coragem, inspiração e pioneirismo para tantas outras mulheres".
O defensor público-geral do estado do Rio de Janeiro, Paulo Vinícius Cozzolino Abrahão, exaltou o legado da companheira de profissão:
Maria Nice Leite de Miranda foi um marco na história da Defensoria Pública e na luta pela igualdade de gênero no país. Sua trajetória pioneira como primeira defensora pública mulher no país e seu compromisso com a justiça deixarão um legado que seguirá inspirando gerações.
A Prefeitura de Cantagalo lamentou a morte de Maria Nice e se solidarizou com familiares e amigos.
Além disso, a Associação das Defensoras e Defensores Públicos do Estado do Rio de Janeiro (ADPERJ) também se manifestou com uma nota de pesar:
Maria Nice Leite de Miranda, além da saudade, deixa um legado de pioneirismo, dedicação e força para inspirar todas e todos que atuam na Defensoria Pública. Seu compromisso com a justiça e a equidade continuará a nortear as futuras gerações de defensoras e defensores públicos.
O sepultamento de Maria Nice ocorreu nesse domingo, 27, no Cemitério Municipal de Cantagalo.
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