Fumaça das queimadas e tempo seco podem causar danos à saúde; saiba como se prevenir
Pneumopediatra fala ao Portal Multiplix sobre cuidados com a saúde e quando é necessário buscar ajuda médica
Com a má qualidade do ar em grande parte do país, devido às altas temperaturas e à fumaça das queimadas, o Ministério da Saúde (MS) vem reforçando as orientações para evitar o agravamento de doenças respiratórias na população.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o município de Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, registrou a média de 40% de umidade relativa do ar da última sexta-feira, 13, ao domingo, 15. Porém, até o início da tarde dessa segunda-feira, 16, os números apontaram o tempo ainda mais seco na cidade, cerca de 35%.
Além desses dados, o fogo em vegetação contribui para a piora da qualidade o ar. De acordo com o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ), de quinta-feira, 12, a segunda, 16, foram registrados 44 focos de incêndios na cidade.
Para que o impacto dessas ocorrências seja menor à saúde dos moradores, as recomendações do MS estimulam que as pessoas aumentem a ingestão de água e procurem locais frescos, evitem atividades físicas em áreas abertas e não fiquem próximas dos focos de queimadas.
Também é indicado que procurem atendimento médico em caso de náuseas, vômitos, febres, falta de ar, tontura, confusão mental ou dores intensas de cabeça, no peito ou abdômen.
Poluição por fumaça compromete a qualidade do ar e afeta crianças e idosos, diz especialista | Fotos: Pedro Bessa
Diante desse quadro de grandes incêndios florestais ocorridos nos últimos dias no município, que contribuem para a má qualidade do ar, o Portal Multiplix conversou com a pneumopediatra, Dra. Renata Salgado para saber detalhadamente quais são os principais cuidados que devem ser adotados pelos moradores.
Segundo a especialista, os grupos de risco que podem ser mais afetados nessa época do ano são os idosos e as crianças.
As crianças, principalmente as menores de um ano, têm grande sensibilidade pulmonar; saímos do outono e entramos no inverno, que provoca uma sazonalidade dos vírus, e, nesta época do ano, com o pulmão sensível e com as fortes fumaças das queimadas, esses fatores pioram mais ainda a saúde, especialmente dos bebês.
São nestas condições, ainda de acordo com a pneumopediatra, "que acontecem os quadros respiratórios, broncoespamos e as alergias respiratórias", explica.
Sintomas causados pela baixa umidade
De acordo com a médica, os principais sinais e sintomas de problemas respiratórios causados pela poluição e pela baixa umidade são rinite, coceira nos olhos e no nariz, espirros, conjuntivite alérgica, bronquite e tosse seca.
A fumaça das queimadas contém muitas substâncias tóxicas e fuligem, que irritam a via aérea, desde o nariz até o final do pulmão. Então é uma sintomatologia da parte respiratória inteira, desde rinite, com ressecamento, sangramento nasal, faringite, laringite, traqueíte e bronquite, até a descompensação da asma.
Quando buscar ajuda médica
Ainda segundo a pneumopediatra Dra. Renata Salgado, os sinais e sintomas mais importantes para procurar ajuda médica são a falta de ar com esforço respiratório e a tosse incessante, sobretudo nos bebês menores de seis meses até um ano de idade.
Principais cuidados
A reportagem perguntou quais são os principais cuidados que as pessoas devem adotar para proteger a saúde respiratória em dias com baixa umidade e má qualidade do ar, especialmente devido às queimadas. A médica foi taxativa ao responder:
Principalmente a hidratação, ingerir muita água, em média 35 ml por quilo de peso, que é o recomendado para a pessoa beber. Além de manter ambientes da casa umidificados, com umidificador ou bacias de água, toalha molhada e nebulizar com soro fisiológico para ajudar a umidificar a via aérea.
Renata Salgado também recomenda o uso de máscara para pessoas com "alergia respiratória importante" que fazem parte do grupo de risco, em casos "como asma ou doença pulmonar crônica, porque as partículas no ar podem causar descompensação na doença de base, na asma, na fibrose pulmonar, no paciente portador de DPOC", esclarece.
Altos níveis de fuligem e fumaça no ar: especialista alerta para o risco à saúde pública. | Fotos: Reprodução/Portal Multiplix e Pedro Bessa
A reportagem procurou a Secretaria Municipal de Saúde para saber quais medidas específicas a pasta tem adotado em Nova Friburgo e foi informada de que o município "está seguindo as recomendações encaminhadas pelo Ministério da Saúde, por meio do 'Informe Queimadas', para os profissionais de saúde atuarem no atendimento aos cidadãos".
Essa orientação de vigilância inclui a avaliação dos efeitos imediatos e a longo prazo da exposição aos poluentes atmosféricos, além de análise de riscos e outras atividades correlatas.
O Portal Multiplix perguntou ainda como a secretaria de Saúde está atuando em relação aos atendimentos médicos:
Ainda não foi registrada procura atípica ou casos de agravos respiratórios em decorrência da seca e das queimadas nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e no Hospital Municipal Raul Sertã.
No entanto, a pasta reforça que as UBS são os pontos mais recomendados para buscar atendimento primário na rede pública de saúde.
A direção do Hospital Raul Sertã informou também que dispõe de todos os equipamentos e medicamentos necessários para enfrentar esse período e que a unidade está devidamente abastecida para o atendimento.
Já em relação à Defesa Civil foi comunicado que a secretaria vem monitorando os índices de baixa umidade e informando à população, como medida de prevenção. Na última semana, também foi divulgado um informativo com recomendações específicas para a saúde pelo governo municipal.
Veja abaixo outras recomendações das autoridades à população sobre como agir nesses dias de tempo seco:
Permaneça em ambientes fechados, preferencialmente bem vedados e com conforto térmico adequado. Quando possível, busque ambientes com ar condicionado e filtros de ar para reduzir a exposição.
Mantenha portas e janelas fechadas durante os horários de maior concentração de poluentes no ar, para minimizar a penetração da poluição externa.
Grupos de Risco
Crianças menores de 5 anos, idosos e gestantes devem redobrar a atenção às recomendações acima. É crucial ficar atento a sintomas respiratórios ou outras complicações de saúde e buscar atendimento médico o mais rápido possível. Para adultos e idosos, há um aumento do risco de eventos cardiovasculares e respiratórios combinados.
Pessoas com problemas cardíacos, respiratórios ou imunológicos devem:
Buscar atendimento médico imediatamente na ocorrência de sintomas.
Manter medicamentos e itens prescritos sempre disponíveis para o caso de crises agudas.
Avaliar a possibilidade e segurança de se afastar temporariamente da área impactada.
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