Espécie de árvore frutífera nunca catalogada pela ciência é descoberta em Cachoeiras de Macacu
Por ser originária de uma região específica, 'cereja-de-guapiaçu' já está ameaçada de extinção
Pesquisadores anunciaram recentemente a descoberta de uma nova espécie de árvore frutífera na Mata Atlântica em Cachoeiras de Macacu, na Região Metropolitana do Rio. Ela foi batizada de 'cereja-de-guapiaçu', em homenagem à Reserva Ecológica de Guapiaçu (Regua), local onde foi encontrada.
A reportagem do Portal Multiplix quis saber mais detalhes sobre essa descoberta e entrou em contato com a equipe de pesquisadores responsáveis.
As pesquisas foram feitas pela equipe do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (Thiago Fernandes e João Marcelo Braga), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Pablo Viany), da Universidade Federal do Ceará (Mariana Bünger) e do Sítio E-Jardim (Marco Lacerda), com o apoio técnico e logístico da Regua (Messias Gomes, Nicholas Locke e Raquel Locke).
Segundo Thiago Fernandes, que liderou o estudo, essa nova espécie começou a ser estudada em setembro de 2022, quando floresceu e chamou a atenção de um funcionário da reserva, que já vinha acompanhando há alguns anos.
A equipe de pesquisadores foi até o local no ano passado para coletar amostras da planta: ramos com flores, no mês de agosto, e frutos, em outubro. Thiago detalhou:
Foi feito um exame minucioso das amostras e, em consenso com especialistas colaboradores, concluímos que a árvore em questão nunca havia sido documentada para a ciência, ou seja, se tratava de uma nova espécie.
Características principais
Um conjunto de características únicas distingue a espécie de outras árvores conhecidas: o porte de até 20 metros de altura, o tronco liso de cor creme e esfoliante e as flores com distinta coloração rosada.
Os frutos são cilíndricos (no formato de uma azeitona), medindo cerca de 5 centímetros. A casca é fina, lisa e de coloração vermelho-vivo. O fruto tem uma polpa alaranjada, suculenta, levemente ácida e aromática e com única semente grande.
Ainda de acordo com o cientista, os frutos são comestíveis, saborosos e nutritivos, assim como os das espécies próximas das principais famílias de árvores frutíferas mais comerciais do mundo, produzindo frutos com alto valor nutricional, como pitangas, jabuticabas, araçás e gabirobas. Os aspectos medicinais da espécie ainda estão sendo investigados.
A cereja-de-guapiaçu é classificada como 'criticamente em perigo' devido à sua raridade e à degradação contínua do seu habitat | Fotos: Reprodução/Thiago Fernandes (Jardim Botânico do Rio)
Árvore já é considerada ameaçada de extinção
Thiago Fernandes informou que o estudo sobre essa nova espécie encontrada foi publicada na revista científica internacional, 'Kew Bulletin'.
Ele explicou ainda que a planta já é considerada ameaçada de extinção, por estar restrita à bacia do Rio Guapiaçu:
A cereja-de-guapiaçu é classificada como 'Criticamente em Perigo (CR)' devido à sua raridade e à degradação contínua do seu habitat.
O pesquisador chamou a atenção também para a importância de promover a conscientização para preservar a espécie:
Os dados da pesquisa estão sendo compartilhados com o Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), e coordenado pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro, no intuito de desenvolver e implementar políticas públicas de proteção para a espécie.
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