Mata Atlântica tem nova espécie de bromélia catalogada; descoberta foi no Parque Estadual dos Três Picos em Friburgo
Espécie inédita é resultado da hibridação de duas outras bromélias
Uma nova espécie de planta da Mata Atlântica foi identificada pela ciência no Parque Estadual dos Três Picos (PETP), em área de Floresta Ombrófila Densa Altomontana, já na cota dos 1,6 mil metros de altitude do Núcleo de Montanhismo de Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio.
O feito foi registrado pelo guarda-parque do PETP e também fotógrafo, Rodrigo Freitas, em 2021, mas a publicação do artigo científico sobre a espécie ocorreu em agosto deste ano.
Conforme explica Rodrigo, "a planta recebeu o nome de Nidunelia rodrigoana. Nidunelia, pois se trata de um híbrido natural bigenérico entre o Nidularium antoineanum e a Quesnelia lateralis, já o epíteto rodrigoana foi escolhido em homenagem ao descobridor".
A reportagem do Portal Multiplix conversou com Rodrigo Freitas para saber como foi todo o processo e a possibilidade de estar diante da descoberta de uma nova espécie de bromélia:
Tive sorte em fazer os primeiros registros da planta, com flor e a haste floral e inflorescência. Era diferente de tudo que eu já havia visto nos meus dez anos de pesquisa, mas continha elementos muito próximos de outras espécies, o que me deixou muito curioso.
Rodrigo Freitas ainda comentou sobre os desafios que enfrentou ao identificar a planta e comprovar sua exclusividade:
Assim que se levantou a possibilidade ser uma nova espécie, foram coletados dois exemplares. Como a floração já havia passado, foi necessário aguardar que as duas bromélias jovens coletadas florissem. Ao florirem, foram feitas novas fotografias e o material genético foi coletado e enviado para análise, que revelou ser uma espécie inédita resultante da hibridação de duas outras bromélias.
Espécie inédita é resultante da hibridação de duas outras bromélias | Fotos: Rodrigo Freitas
Características singulares
Segundo o descobridor, as principais características que diferenciam essa bromélia de outras espécies conhecidas são a haste floral e inflorescência. Porém, ela tem traços das plantas mãe, como haste floral terminando em roseta, do Nidularium antoineanum, mas com particularidades da planta e flores azuis parcialmente abertas, apenas como ocorre na Quenelia lateralis.
Necessidade de preservação
De acordo com Rodrigo, "a descoberta dessa nova espécie, assim como várias outras espécies de plantas endêmicas do Parque Estadual dos Três Picos, reforça a necessidade de termos áreas naturais preservadas e protegidas por unidades de conservação, pois quando uma planta endêmica de uma região é extinta, pode desequilibrar todo o ecossistema local, além da diminuição da nossa rica biodiversidade que é a maior do mundo".
Guarda-parque e fotógrafo, Rodrigo Freitas descobriu a nova planta | Foto: Rodrigo Freitas
Importância do Parque Estadual dos Três Picos
O parque, por conta de sua grande área de proteção, é hoje a unidade de conservação do estado com a maior quantidade de espécies endêmicas, segundo Rodrigo, que complementa:
Descobrir uma nova espécie dentro dessa região só reforça a necessidade de preservarmos as nossas áreas remanescentes de Mata Atlântica, pois mostra que apesar de ser o bioma mais estudado do Brasil e o Rio ser local onde mais se pesquisou plantas ao longo da história do Brasil, ainda se tem muito a descobrir e a conhecer, diz Rodrigo.
Curiosidade sobre o PETP
O Parque Estadual dos Três Picos é o maior parque estadual do Rio de Janeiro, com uma área de 65.113 hectares.
Ele abrange porções dos municípios de Nova Friburgo, Teresópolis, Cachoeiras de Macacu, Silva Jardim e Guapimirim.
Tem como ponto mais alto o Pico Maior, com mais de 2,3 mil metros de altitude. O conjunto de montanhas graníticas que forma o parque é conhecido como Três Picos e é o ponto culminante da Serra do Mar.
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