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Novo sistema do Cemaden, GeoRisk aprimora previsões meteorológicas e auxilia Defesas Civis na resposta a deslizamentos

Tecnologia pode reduzir impactos de tragédias como a de 2011 na Região Serrana do Rio

Por Erika Amaral
26/02/25 - 11:46
Novo sistema do Cemaden, GeoRisk aprimora previsões meteorológicas e auxilia Defesas Civis na resposta a deslizamentos Novo sistema do Cemaden alerta Defesas Civis sobre deslizamentos de terra com até 72 horas de antecedência | Foto: Reprodução/Agência Brasil (Tomaz Silva)

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) lançou um novo sistema para aprimorar a capacidade de previsão e monitoramento de deslizamentos de terra, oferecendo alertas com até 72 horas de antecedência. O anúncio foi feito em São José dos Campos, no estado de São Paulo, na última semana.

A ferramenta, chamada GeoRisk, foi desenvolvida pelo Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), unidade de pesquisa do ministério.

Segundo o centro, a iniciativa representa um avanço significativo em relação às previsões anteriores, que eram feitas com 24 horas de antecedência.

O novo método complementar foi desenvolvido para otimizar as ações do Cemaden-MCTI e das Defesas Civis.

Além disso, o centro está se preparando para promover capacitações e videoconferências com o objetivo de aprimorar o entendimento das Defesas Civis em relação ao GeoRisk, permitindo que essas instituições estabeleçam novos protocolos e aperfeiçoem suas ações de preparação, enfrentamento e resposta a desastres.

Com a nova tecnologia, o MCTI afirma que o monitoramento agrega a utilização e análises de dados de diferentes sistemas:

O GeoRisk é capaz de gerar previsões mais precisas e antecipadas sobre riscos de deslizamentos de terra, utilizando modelos numéricos de previsão meteorológica, dados históricos de chuva e limiares críticos de precipitação previamente definidos. Isso garante análises robustas e confiáveis, oferecendo suporte mais eficiente às autoridades na elaboração de alertas para a população.

De acordo com o Cemaden, a metodologia começou a ser desenvolvida em 2019, e, desde o início dos testes, o sistema foi capaz de detectar 90% dos principais desastres associados a deslizamentos de terra.

Ainda segundo o centro, o GeoRisk é calibrado para oferecer resultados tanto em nível regional quanto municipal. Atualmente, ele monitora 1.133 municípios, dos quais 1.083 já possuem limiares de risco específicos identificados. Para os demais municípios, o centro adota um limite padrão de 250 mm de precipitação (chuva).

Análise na Região Serrana

Para entender melhor o funcionamento do sistema e saber se atuará com alguma particularidade na Região Serra do Rio, o Portal Multiplix contatou o Cemaden.

Foi informado à reportagem que praticamente todos os municípios da Região Serrana do Rio possuem limiares estabelecidos. Na figura abaixo, somente os municípios que aparecem na cor preta não possuem informações detalhadas:

 Em verde, municípios monitorados atualmente pelo Cemaden Em verde, municípios monitorados atualmente pelo Cemaden | Arte: Cemaden

Do mesmo modo, o portal perguntou como a nova capacidade de previsão pode beneficiar a Região Serrana fluminense, já que a área tem um histórico extenso de deslizamentos.

O coordenador do Projeto GeoRisk, Pedro Ivo Camarinha, explicou que "o sistema, por se tratar de um processo de suporte à tomada de decisão, cabe a cada instituição, em seus respectivos níveis, estabelecer protocolos para o uso adequado do GeoRisk".

O especialista ainda comentou que "as previsões de risco com 72 horas de antecedência permitem uma pré-mobilização mais ágil, principalmente em situações em que são detectados riscos classificados como alto, muito alto ou extremamente alto".

As particularidades geográficas, tais como relevo, geologia, entre outros fatores, assim como a influência antrópica nas encostas, estão indiretamente refletidas no limiar crítico de precipitação, disse. Pedro Ivo ainda acrescentou:

Em outras palavras, municípios localizados em regiões mais suscetíveis a deslizamentos de terra, como as regiões serranas, e que apresentam maior densidade populacional habitando áreas de encosta, tendem a possuir um limiar crítico de precipitação mais baixo.

O coordenador do GeoRisk contou que para a realização dos testes e calibrações do sistema foram utilizadas todas as ocorrências de deslizamentos com impactos associados registradas no país no período de 2019 a 2023, e afirmou:

A Região Serrana do Rio de Janeiro se destaca como uma das áreas com maior disponibilidade de dados, é também uma das regiões onde o sistema demonstra melhor desempenho.

As taxas de acerto obtidas durante a etapa de validação foram, aproximadamente:

  • Moderado: 25%
  • Alto: 50%
  • Muito alto: 90%
  • Extremamente alto: 100% (apenas dois eventos registrados até o momento)

Desde o início dos testes em 2019, o GeoRisk identificou apenas duas situações de risco classificadas como extremamente alto.

Uma delas ocorreu em fevereiro de 2024, quando o sistema detectou, com três dias de antecedência, um cenário de risco extremamente alto que resultou em deslizamentos generalizados em Petrópolis, conforme ilustrado nas imagens a seguir.

Em fevereiro de 2024, o GeoRisk identificou os riscos em PetrópolisEm fevereiro de 2024, o GeoRisk identificou os riscos em Petrópolis | Arte: Cemaden

Ainda segundo o coordenador do GeoRisk, as taxas de acerto têm relação com o histórico de ocorrências:

É reconhecido que as taxas de acerto tendem a ser ligeiramente superiores em localidades com maior disponibilidade de dados históricos de ocorrências. Considerando que a Região Serrana do Rio de Janeiro se enquadra nesse contexto, espera-se que a taxa de acerto para essa área seja igual ou superior às mencionadas anteriormente.

Estragos de 2011 seriam atenuados?

O Portal Multiplix perguntou ao Cemaden se em eventos como o de 2011, o novo sistema poderia ter aumentado a capacidade de alerta e mitigação.

Segundo Camarinha, "não é possível afirmar com precisão se o sistema teria ampliado a capacidade de emissão de alertas e mitigação dos impactos, uma vez que o GeoRisk depende de dados de previsões numéricas de tempo para realizar seus cálculos de forma antecipada".

Pedro Ivo ainda disse que, até onde se sabe, não há registros meteorológicos disponíveis para o período em questão que permitam uma análise retroativa detalhada.

Contudo, o coordenador fez uma simulação reproduzindo a metodologia empregada, utilizando dados observados do Merge (Inpe-CPTEC), um banco de dados de atualização diária da América do Sul, no período de 2010 até o presente. Os resultados referentes ao dia do desastre de 2011 estão apresentados a seguir:

Com informações colhidas por outro sistema, a simulação do GeoRisk preveria a catástrofe de 2011Com informações colhidas por outro sistema, a simulação do GeoRisk preveria a catástrofe de 2011 | Arte: Cemaden

À esquerda, observa-se o mapa de precipitação registrada pelo Merge, que indica volumes pluviométricos entre 150 e 200 mm na região.

Com base nessas informações, juntamente com os dados de precipitação dos sete dias anteriores para o cálculo da chuva efetiva e a relação com os limiares da região, o sistema gerou o resultado apresentado no mapa à direita.

O índice de risco calculado pelos métodos do GeoRisk foi de 3,51, o que, na escala vigente, corresponde a um risco classificado como "extremamente alto", indicando potencial para deslizamentos generalizados, fluxo de detritos e corridas de lama.

Dessa forma, há indícios de que o sistema teria sido capaz de prever o desastre, caso as previsões numéricas de tempo tivessem indicado volumes semelhantes aos que constam no Merge.

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