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Dizem por aí

Por George dos Santos Pacheco
21/02/24 - 09:17

“Eu sei que me disseram por aí, e foi pessoa séria quem falou...” (Cássia Eller)

As nossas tão diletas capivarinhas ganharam na loteria. Ah, só pode. Há quanto tempo não se vê ao menos um desses exemplares da rica fauna friburguense pelas beiras de rios? Não me recordo. Devem ter ganhado na loteria e metido o pé para longe da família. Ou então... montaram uma rede de supermercados. É isso. Não é o que dizem? E se o dizem, deve ter algum fundo de verdade.

Dizem por aí que o ano só começa depois do Carnaval, que Deus é brasileiro, que meia palavra basta. Dizem muita coisa por ai. Ouço, por exemplo, desde os tempos de criança, que a clareira da Praça Marcílio Dias é a cratera de um vulcão adormecido. Um vulcão em Nova Friburgo! Imagina, meu senhor? A essa história somam-se poucas e boas, e veja, apenas replico. Já ouvi falarem, ainda, que lá pelas bandas da Pedra Riscada, em Lumiar, foram encontrados alguns tesouros do lendário garimpeiro Mão de Luva e que Amparo foi refúgio de um inconfidente mineiro. Será? Talvez, suspeitoso leitor, talvez. Quem sabe?

Esses dias fiquei sabendo que os eucaliptos da Praça Getúlio Vargas foram ali plantados para drenar o solo pantanoso do centro e purificar o ar e que, no bucólico Parque Santa Elisa, havia um grande lago, frequentadíssimo no verão para piqueniques – assoreado, infelizmente, pela enchente de 1997. Aliás, por falar em clima, também dizem que Friburgo pode ter as quatro estações no mesmo dia e que o nosso inverno é um dos mais frios do Brasil. (E pensar que essa conversa toda começou por causa de algumas capivaras, não é?)

Numa outra ocasião, um senhor de olhos baços, voz pastosa e inconfundível odor etílico, contou que além dos três aviões que bateram no Caledônia, um disco voador também teria caído por lá. Pausa dramática à pala de trago. Poucas pessoas puderam ver os destroços, porque logo chegaram uns homens metidos em uniformes, isolaram a área e sumiram com a cacaiada toda. História parecida e igualmente surpreendente é a de um tal contato imediato de terceiro grau, ocorrido na Fazenda Velha, em Amparo, em agosto de 1973, com direito a avistamento de ser humanoide e o escambau. E você vem me dizer que já ouviu de um tudo nessa vida? Tem coisa pior, cara pálida.

Dizem por aí que a construção da Estrada do Contorno, entre Mury e o trevo de Duas Barras, vai sair, sim, do papel (assim como a Avenida Brasil), desafogando o trânsito do centro da cidade. A propósito, já foram realizados estudos e mais estudos sobre a mobilidade urbana nas brenhas do Morro Queimado, com foco em transporte público (aquele executado desde tempos imemoriais por um hegemônico ente). Há quem diga, nesse contexto, que um sistema de estacionamento rotativo será implantado, ao fim e ao cabo, solucionando a já doméstica falta de vagas para carros.

Dizem muita coisa por aí. Em ano de eleição, então. Ô! É capaz, inclusive, de afirmarem que as obras de drenagem vão inibir, de vez, as enchentes no centro da cidade, que vão construir mais creches, mais postos de saúde – além de ampliar o atendimento dos já existentes. É provável, proclamarem em alto e bom som, o reajuste salarial aos servidores públicos e, de quebra, a revitalização do hospital municipal. Ora, vejam só. Eu prefiro acreditar em disco voador. Você não? Mas, vá lá, se dizem por aí, deve ter algum fundo de verdade...


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