As diferenças aumentam entre os humanos
A humanidade sempre conviveu com diferenças e, não restam dúvidas que a influência do conhecimento entrou em ação e seus avanços tiveram resultados diversos: de um lado, aumentaram gradativamente o tempo de permanência dos humanos neste planeta; de outro, criaram diferenças em relação ao poder, à riqueza e ao acesso aos bens e serviços.
A dor, por exemplo, foi uma grande preocupação, tanto assim é que a aspirina começou a ser usada há três mil anos antes de Cristo. As navegações fenícias resultaram da configuração territorial daquele espaço onde hoje localiza-se o Líbano, envolvendo montanhas cobertas de cedro, descendo na direção do mar. Mas, a construção de barcos que demandou ferramentas especializadas, equilíbrio de peso e toda uma engenharia de navegação exigiu aplicação de conhecimentos. Por sua vez, o comércio melhorou os cálculos e a observação sobre os produtos mais apreciados nas feiras.
Foi o conhecimento e a observação que inspirou Hamurabi a escrever o seu código de leis e há exatos mil anos antes de Cristo o nosso alfabeto estava configurado.
Passando ao século XX, encontramos aquela velha aspirina em comprimidos em 1915 e o zíper moderno em 1917. A motocicleta sem pedais está comemorando um século neste 2018. O cinto de segurança nos automóveis passou a ser item obrigatório em alguns países fabricantes em 1958.
Assim caminhamos e as diferenças foram aumentando. Hoje, 1% da população mundial controla 50% da riqueza e, se pensarmos de modo mais seletivo, apenas 100 pessoas possuem bens comparáveis aos 4.000.000.000 dentre os humanos mais pobres.
Pensou-se durante o século XX que a multicultura poderia facilitar a diminuição das diferenças, porém o início do século XXI mostrou uma intolerância crescente, dentro da Europa, em relação aos povos asiáticos e africanos e em relação às religiões hindus e muçulmanas.
A busca por soluções parece ter abandonado neste século a ideia da globalização e aderido à segmentação, onde países isolam-se, como medida de proteção. Os maiores avanços encontram-se na Inteligência Artificial (IA) e esta mesma é a razão da aceleração das diferenças. Considera-se, hoje, que o analfabetismo digital provocará distâncias maiores entre as pessoas que a falta de letramento e literácia matemática.
Já seguimos o google maps e acreditamos na sua orientação no trânsito. E, ao publicarmos as músicas que nos trazem alegria ou tristeza, os alimentos de que gostamos, os remédios que usamos, municiamos inúmeros robôs até chegarmos aos domínios do Big Data, capaz de saber mais sobre nós que nossa memória de longa duração.
Alie-se a tudo isso a impressora 3D que já copia prédios de seis andares, copia roupas e remédios e estaremos diante da possibilidade da diminuição drástica da oferta de empregos, restando aos humanos, na luta pela sobrevivência, entender sobre a IA ou ficar desempregado.
É pertinente a observação de Domenico de Masi: “os indianos vão pensar, os chineses vão fazer e o restante do mundo ficará sem emprego”.
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