Será que mudou alguma coisa?
O que tenho refletido nestes dias de início de campanha política para as eleições municipais permite rever o Brasil dos últimos quatro anos, em alguns aspectos relevantes, onde o país não deixa de ter similares mundo afora e escancara as suas mazelas, sua falta de preparo para ler o mundo e a história, além de manifestar, por vezes, uma visão geopolítica distorcida, anacrônica mesmo, porque lê, hoje, como se estivesse vivendo em 1950.
A primeira coisa a pensar será sobre as três leis da pirâmide. Imagine uma pirâmide, agora desenhe dentro dela o mapa do Brasil, com o detalhe: este mapa deve estar de cabeça para baixo.
Foto: Hamilton Werneck
A primeira lei da pirâmide afirma que tudo favorece a pirâmide. Quem está rico continuará rico e quem ocupa um local dos pobres, continuará pobre. Mudam-se os governantes e tudo continua do mesmo jeito. Lembro-me de um diálogo do ministro da economia com o Rei Luiz XIV de França, sobre os impostos. Dizia o ministro ao rei: - precisamos de mais dinheiro e não podemos cobrar mais impostos. O rei foi simples e direto: cobre mais impostos da classe média, porque ela está dividida em dois grupos, os que pagam impostos e trabalham mais porque querem subir para a classe rica e, outro grupo, que também trabalha muito para pagar os impostos, temendo ser rebaixado para a classe dos pobres.
Quando se ouve falar em renda cidadã, bolsa família, renda Brasil, há quem se enfureça porque esperava após as eleições de 2018 que o vencedor e presidente atual acabasse com tudo isso. Quando o Temer entrou, o bolsa família recebeu um aumento de 10%; quando o atual presidente começou a agir, surgiu o 13º para este mesmo programa.
Por que estas pessoas estão erradas em suas observações? Porque se esquecem da segunda lei da pirâmide que afirma uma coisa muito clara: toda moeda que cai na pirâmide, sobe para o topo.
Volte seu olhar para o mapa, veja detalhadamente o mapa do Brasil de cabeça para baixo. Os estados que estão na base da pirâmide, são os que mais recebem ajuda, inclusive do bolsa família. Para onde vai o dinheiro? Para o topo da pirâmide, ou seja, para os estados do centro sul, onde a riqueza é maior. E sabe qual a terceira lei? Ela diz que isto que acabo de escrever não deve ser comentado, nem escrito, nem falado, nem televisado porque esclarece demais. Por isso, quem faz o que acabei de fazer, sofrerá alguma represália!
O que não se faz desde Pedro Álvares Cabral é educar a população e permitir uma melhor e mais justa distribuição de renda. Se não melhorarmos a educação, entrará um governante depois de outro e tudo continuará na mesma.
Só que a questão atual do Brasil da pandemia é mais grave. Foram descobertos milhões de brasileiros que não recebem assistência alguma. Surge o coronavoucher de R$ 600,00 que foi reduzido para R$ 300,00, ante uma inflação de alimentos bastante preocupante, e dezembro está chegando. Vale dizer que após dezembro toda a ajuda acaba, menos o bolsa família que seria estendido, abarcando mais gente pobre e dependente, mudando-se o nome, apenas.
E o que resolveria gradativamente não é feito, pelo contrário, já se propalou a possibilidade de retirar verba da educação para este projeto.
Como se vê, nada mudou. O que deveria ser feito, continua estagnado. Então chego à conclusão que se olharmos para uma senhora bem idosa, chamada “Brasil colônia” e compararmos com a bisneta dela, chamada de “nova república”, devemos concluir com o economista friburguense, hoje aposentado, Antônio José Maria de Abreu que a “bisneta é a cara da bisavó dela”.
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