Desafios da problemática ecológica

Vivemos em um momento complexo e preocupante de nossa história ecológica planetária, onde as políticas públicas e as ações mitigatórias estão muito aquém das mudanças climáticas que estão ocorrendo em escala global e regional. Diferentes de outras mudanças sociais e políticas que são mais visíveis, rápidas e transitórias, as mudanças na dinâmica climática começam silenciosas, crescem progressivamente e alcançam uma temporalidade mais longevas.

Há décadas que as ciências nos deram os sinais de alerta, pois o aumento acentuado do desmatamento, o uso exagerado dos combustíveis fósseis, a crescente extinção de espécies, a intensificação dos processos de bioinvasão de plantas e animais, as alterações dos ciclos de chuvas, o aumento da temperatura, entre outros, são evidências da silenciosa mudança do clima no planeta Terra.

Nos últimos anos, as sociedades tomaram consciência da problemática, procurando divulgar os fatos, propor mudanças de hábitos e costumes, incentivar práticas sustentáveis, motivar ações contra o desperdício, criticar os processos danosos contra o meio ambiente, apoiando as ciências na busca de mecanismos mitigatórios, através das novas tecnologias. Certamente, o susto tem provocado o aumento de novas matrizes energéticas mais sustentáveis e o incentivo de pequenas ações socioambientais, possíveis de serem concretizadas na vida das pessoas.

Como as feridas que provocamos no nosso planeta aumentaram consideravelmente nas últimas décadas, estamos presenciando com maior rapidez os efeitos das mudanças climáticas, com o perigo de gerar consequências danosas mais frequentes nos próximos anos.

Embora tivemos um aumento da consciência ambiental em escala planetária, gerando inúmeras ações de educação ambiental e buscas de alternativas ecologicamente mais sustentáveis, tais fatos são ainda insuficientes para barrar ou minimizar as mudanças climáticas, hoje geradas pela intervenção humana nos diferentes ciclos geobiológicos do planeta Terra. As omissões das políticas públicas na área ambiental, o atraso na tomada de decisões mais corajosas no passado e o negacionismo das mudanças climáticas, são fatores que contribuíram para acelerar o processo que hoje tem crescido acima das previsões que foram projetadas. Fenômenos como desmatamentos, queimadas, destruição e redução de áreas dos biomas, aumento do consumo, aumento da poluição etc., são fatores visíveis aos nossos olhos, mesmo sendo repudiados pela maioria da sociedade.

Diante desta crise ecológica planetária, e a impossibilidade de reverter a curto e médio prazo os efeitos das mudanças climáticas, resta-nos intensificar as medidas mitigatórias, incentivar as ações de educação e mudanças de hábitos e buscar criar mecanismos adaptativos para enfrentar os problemas em grandes escalas como o aumento de temperatura, secas e chuvas torrenciais, o aumento do nível do mar, as alterações dos ciclos biológicos, a intensificação dos processos de migração e a escassez dos recursos hídricos. Longe de sermos catastrofistas, temos que ser realistas com esta realidade que estamos vivendo, onde não há espaço para sonhos e utopias.

Cidades menores, com melhor qualidade de vida, grandes reservas de recursos hídricos e de biodiversidade e políticas ambientais avançadas, certamente sentirão com menor intensidade os efeitos das mudanças que já estão ocorrendo no nosso planeta.