Após serem resgatados e reabilitados em instituto de Araruama, pinguins-de-magalhães são soltos no mar
Ao todo, 19 aves da espécie foram devolvidas à natureza na costa da cidade do Rio de Janeiro
Dezenove pinguins-de-magalhães foram devolvidos à natureza na costa da cidade do Rio de Janeiro na última sexta-feira, 30, após serem resgatados e reabilitados pelo Instituto BW, que atua em Araruama, na Região dos Lagos. As aves haviam encalhado no litoral do Norte Fluminense.
Segundo o instituto, os pinguins agora continuarão o processo migratório em direção à Patagônia Chilena e Argentina, onde ficam as colônias reprodutivas da espécie.
A ação ocorreu com o apoio e a parceria do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), da Marinha do Brasil e do Ministério Público Federal (MPF).
A coordenadora de veterinária do IBW, Dra. Paula Baldassin, doutora em oceanografia química pela USP, falou sobre o trabalho de soltura realizado pela equipe:
Reabilitar esses animais é um processo desafiador, pois muitos já chegam aos nossos centros necessitando de tratamento veterinário intensivo, e infelizmente alguns não conseguem sobreviver. Devolver esses indivíduos à natureza é extremamente gratificante, especialmente quando contamos com o apoio de tantas instituições.
O Grupamento de Navios Hidroceanográficos (GNHo), da Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha do Brasil, fez o transporte seguro em alto-mar dos animais. A embarcação responsável pela missão foi o navio AvPq Aspirante Moura (U-14), da Marinha, construído em 1987.
O instituto explicou que os pinguins "estavam em estado de saúde delicado, muitos deles caquéticos, hipotérmicos, com parasitas e apresentando patologias pulmonares. Assim que foram recolhidos, os animais receberam cuidados de hidratação, aquecimento e medicação, além de passarem por exames laboratoriais e de imagem".
Ação do IBW ocorreu com o apoio do Inea, Inpe, Marinha e MPF | Foto: Divulgação/Instituto BW
O secretário de Estado do Ambiente e Sustentabilidade, Bernardo Rossi, celebrou o momento e afirmou que a sensação é de orgulho e dever cumprido:
Esta é a primeira vez na história que o governo do estado participa de uma ação de soltura dessa espécie de animal. O Instituto Estadual do Ambiente articula o apoio de projetos responsáveis pelo manejo de fauna silvestre no Estado do Rio de Janeiro, atividade essencial para a manutenção da nossa biodiversidade.
O IBW disse que a presença de pinguins nas praias das regiões Sul e Sudeste é um fenômeno natural e migratório, que ocorre durante o inverno.
"Estudos arqueológicos de sambaquis ao longo da costa do Brasil revelam camadas de conchas e fragmentos de pontas de flechas, machados, cerâmica, esqueletos humanos e esqueletos de animais, incluindo os ossos de pinguins, indicando que eles vêm para a costa brasileira antes mesmo da colonização portuguesa", detalhou.
Sobre a espécie
Segundo informações do IBW, os pinguins são aves oceânicas da ordem Sphenisciformes, caracterizadas por não possuírem capacidade de voo, pois suas asas são transformadas em nadadeiras e seus ossos não são pneumáticos (ocos).
São adaptadas à vida aquática devido à capacidade de utilizarem suas asas para propulsão, fazendo com que atinjam uma velocidade de até dez metros por segundo embaixo d’água, onde podem permanecer submersas por vários minutos.
As fêmeas dos pinguins-de-magalhães (Spheniscus magellanicus) colocam dois ovos entre outubro e novembro. A maioria deles eclode entre meados de novembro e início de dezembro.
Presença de pinguins nas praias das regiões Sul e Sudeste é um fenômeno natural e migratório | Foto: Divulgação/Instituto BW
Após o nascimento, os pais revezam-se na alimentação dos filhotes durante três a quatro semanas. Depois de um mês, os pais vão em busca de alimentos, enquanto os filhotes são deixados sozinhos e começam a formar grupos de muitos animais próximos aos ninhos, sem a presença dos pais.
Os indivíduos jovens vão para o mar com aproximadamente três meses de idade, permanecendo nele por cerca de cinco anos, retornando ao continente apenas para fazer a troca de penas. Após esse longo período no mar, eles voltam para suas colônias para iniciar seu ciclo reprodutivo.
Sobre o IBW
O instituto atua na Região dos Lagos e no Norte Fluminense desde 2020 e, atualmente, executa o Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Campos e do Espírito Santo.
No instituto, animais marinhos e silvestres são recebidos com o apoio de guardas ambientais e prefeituras, visando estudos e, principalmente, a reabilitação das mais variadas espécies.
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