Google faz doação para ampliar pesquisa brasileira que pretende melhorar a internet
Trabalho desenvolvido por alunos da Coppe/UFRJ em projeto que conta com a parceria das empresas Gigalink e Anlix ganhou apoio da gigante de buscas
Desde 2017, alunos do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) estão dedicados a identificar e pesquisar soluções para problemas do dia a dia enfrentados por usuários da internet. Agora, esse trabalho ganhou o apoio financeiro do Google, o que vai permitir ampliar a dimensão dos estudos.
Atualmente, são quatro estudantes de mestrado e três de doutorado participantes da pesquisa, que é orientada pelos professores da Coppe/UFRJ, Rosa Maria Meri Leão e Edmundo de Souza e Silva, e possui parceria e suporte das empresas Anlix e Gigalink.
De uma forma geral, os estudantes tentam responder perguntas como por que um vídeo do YouTube tem problemas durante a reprodução, ou o que leva o som de uma voz a “picotar” durante uma chamada de vídeo, entre outros questionamentos.
Basicamente, o estudo visa detectar esses e outros problemas e desenvolver meios para melhorar a qualidade de experiência dos usuários da rede, em benefício da sociedade de maneira geral, como explica Edmundo de Souza e Silva:
“A Anlix desenvolveu um software de gerenciamento de rede que é usado em roteadores da Gigalink. Esse software coleta medidas de desempenho da rede e nós no laboratório fazemos análises. Nós recebemos os dados, analisamos, vemos o problema e desenvolvemos algoritmos e procedimentos para tentar identificar problemas e sugerir soluções usando técnicas de inteligência artificial”, contextualiza.
Parceria entre UFRJ, Gigalink e Anlix tenta encontrar soluções para problemas enfrentados por usuários da internet | Foto: Reprodução/Portal Multiplix
Ainda de acordo com o professor, essa parceria permite a realização de testes em tempo real e o desenvolvimento de uma pesquisa cada vez mais de ponta e que seja aplicada aos problemas reais.
“Eu brinco que a Gigalink é um laboratório estendido nosso. A gente trabalha com dados reais da empresa, que nos permite testar as pesquisas na própria rede dela. A vantagem para a Gigalink é acompanhar a pesquisa. Para a universidade, é trabalhar com dados reais. E Anlix pode desenvolver um produto futuro que seja benéfico para a sociedade. É a parceria perfeita”, revela.
Apoio do Google
Mas, como o Google entra nessa história e que diferença isso faz para o trabalho dos pesquisadores brasileiros?
“Nós tivemos uma reunião com o pessoal do Google Research, dos Estados Unidos, e soubemos que eles fazem pesquisas com universidades de lá. Eles se interessaram pela nossa pesquisa e então escrevi um resumo sobre o que estávamos fazendo, nossos planos futuros e enviamos para os EUA”, explica Edmundo.
Dessa forma, a pesquisa foi contemplada com uma doação em dinheiro, cujo valor ainda não pode ser revelado publicamente até que a parceria seja formalizada junto à universidade. Em contrapartida, o Google passa a ter acesso aos artigos científicos que forem produzidos pela equipe, mesmo antes de serem publicados. O conhecimento gerado pode, no futuro, auxiliar a gigante de buscas a melhorar os próprios serviços com base nos resultados dessas pesquisas feitas pelos alunos da Coppe/UFRJ.
“Com a doação do Google, nós daremos bolsas a mais alunos para ampliar a capacidade de pesquisa. Iremos colocar minicomputadores, chamados de Raspberry Pi, pela rede do provedor (da Gigalink) e fazer medições adicionais a que já estamos fazendo. E poderemos comparar o resultado dessas medidas adicionais com a medição simples que já é feita por meio dos roteadores da empresa que usam o software da Anlix”, revela.
Resultados da pesquisa devem beneficiar a sociedade de maneira geral | Foto: Reprodução/Portal Multiplix
“O Google tem interesse na pesquisa para aprimorar a sua conectividade e detectar problemas, que muitas vezes são semelhantes aos de um provedor como a Gigalink. O benefício do Google é o mesmo da Gigalink: dar uma espiada de perto nas pesquisas”, brinca o professor da UFRJ.
“O Google tem essa preocupação de conseguir juntar essas informações e abordagens para melhoria. Impacta, por exemplo, na qualidade de um vídeo que o YouTube consegue entregar quando um usuário assiste um vídeo. É um processo de formiguinha. É uma contribuição ali tijolo por tijolo, mas eventualmente eu acredito que isso melhore a qualidade dos serviços no geral e até os próprios serviços da Google”, finaliza Guilherme Sengès, diretor-executivo da Anlix.
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