Pra frente, Brasil!
"De repente é aquela corrente pra frente, parece que todo o Brasil deu a mão!" (Miguel Gustavo)
O Flamengo conquistou o título da Copa do Brasil pela quinta vez no último domingo, com um golaço do equatoriano Gonzalo Plata, se tornando o segundo maior campeão da competição desde 2000. A jogada teve origem em um contra-ataque que deixou o ponta-direita cara a cara com o goleiro, finalizando com um toque de cobertura. Um gol típico de final de campeonato, daqueles que ficam marcados na memória dos torcedores.
No primeiro confronto, realizado no Maracanã, o Flamengo já havia derrotado a equipe mineira por três a um. Os outros títulos conquistados pelo clube da Gávea na Copa do Brasil foram obtidos em diferentes épocas e com distintos talentos: o primeiro em 1990, seguido por conquistas em 2006, 2013 e 2022. Nesse clima festivo, responda rápido, atentíssimo terráqueo: a quantas andam as discussões do governo sobre o pacote de cortes necessários para garantir que as despesas públicas fiquem dentro dos limites estabelecidos pelo arcabouço fiscal?
Sério, não se habilita? Isso é importante, meu senhor, e afeta diretamente nossas vidas. As despesas livres dos ministérios, que incluem políticas públicas essenciais como bolsas de estudo, farmácia popular e fiscalização ambiental estão sendo restringidas por obrigações fiscais obrigatórias, como a Previdência Social. Se nenhuma ação for tomada, haverá uma limitação severa para essas políticas nos próximos anos, paralisando a máquina pública.
Pois é, cara pálida, o assunto é sério. Só que a maioria não está (nem aí) por dentro pois está demasiadamente envolvida com Carnaval, futebol, novela e reality shows. Puro entretenimento de massa: coisa pensada lá na República Romana, quinhentos anos antes de Cristo, como forma de alienar a população. A plebe romana era sustentada pelo pão distribuído pelo Estado e divertida pelos jogos de gladiadores nos anfiteatros. Alguma semelhança com a nossa realidade? Sim, ou com certeza?
Sob a fachada do patriotismo, a paixão brasileira pelo futebol se consolidou durante a Copa do Mundo de 1970, impulsionada por jingles que promoviam a unidade nacional. "Todos juntos vamos pra frente Brasil! Salve a seleção!" Ah, nostálgico leitor, eu gostaria de ver todo esse entusiasmo com questões que realmente impactam nossas vidas, nossos empregos, a saúde e o bem-estar de nossas famílias. Ah, como eu queria.
Entenda bem, meu senhor, gostar de futebol não se torna com a crônica do dia um mal a ser evitado, comportamento menor, nada disso. O que não pode acontecer é o sujeito chorar, brigar com a esposa, pintar a casa toda nas cores do clube do coração, pôr o nome do filho de Gonzalo, e ignorar completamente as políticas econômicas, os cortes nos gastos públicos, a saúde e a educação, este é que é o absurdo. Afinal, parafraseando Platão, não há nada de errado com aqueles que não gostam de política: simplesmente serão governados por aqueles que gostam.
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