Cidade do Rio recebe título oficial de Capital Mundial do Livro 2025 pela Unesco
Honraria é oferecida pela primeira vez a uma cidade de língua portuguesa, que promoverá ações durante um ano

A Prefeitura do Rio de Janeiro celebrou, na última semana, o início oficial da programação do Rio Capital Mundial do Livro 2025, com um espetáculo musical no Teatro Carlos Gomes.
O título de Capital Mundial do Livro foi concedido pela Unesco ao Rio em reconhecimento à excelência dos programas de promoção da leitura desenvolvidos no município.
Com a conquista, a cidade contará com uma ampla agenda de eventos e iniciativas voltadas à formulação de novas políticas públicas para o livro e a leitura. Esta é a primeira vez que um local de língua portuguesa é nomeado Capital Mundial do Livro.
Durante o espetáculo, Jeanne Barseghian, prefeita de Estrasburgo, Capital do Livro em 2024, fez a entrega do título ao prefeito Eduardo Paes (PSD). A cidade francesa é reconhecida como um dos principais polos de literatura infantil da Europa.
A peça foi concebida como um livro, com capa, prefácio, dedicatória e capítulos que contaram a história da língua portuguesa e destacaram a importância do Rio como centro difusor da literatura. Além disso, reuniu citações e referências de mais de 70 grandes romancistas e poetas brasileiros.
O evento revelou ainda as obras da Caixa Literária da Língua Portuguesa, formada durante o evento Rios da Palavra, na Academia das Ciências de Lisboa, que marcou o lançamento oficial da agenda do Rio Capital Mundial do Livro.
Cidade do Rio tem diversos pontos históricos ligados à literatura | Foto: Divulgação/Prefeitura do Rio de Janeiro
A Caixa Literária reúne obras clássicas e contemporâneas selecionadas por países de língua portuguesa como Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial e Timor-Leste.
Entre os títulos estão "Pura Matéria de Sonho", de Fernando Pessoa; "Os Lusíadas", de Luís de Camões; e "Os Maias", de Eça de Queiroz.
A iniciativa simboliza o apoio da comunidade lusófona ao Rio como Capital Mundial do Livro. Ao longo do ano, novas obras brasileiras serão integradas ao acervo por meio de concursos, festivais e premiações.
A proposta é incorporar essa ação à programação oficial das futuras Capitais Mundiais do Livro da Unesco, com o Rio assumindo um papel de liderança na promoção da literatura em língua portuguesa.
Nos próximos 12 meses, o Rio terá um cronograma de eventos e ações para formular novas políticas públicas de leitura. Entre os destaques estão a Bienal do Livro, de 13 a 22 de junho, e uma edição especial do Prêmio Jabuti, que será realizada pela primeira vez na cidade.
O prefeito Eduardo Paes celebrou o título e destacou a forte ligação da cidade com a literatura:
A cidade tem o Real Gabinete Português, um tesouro do Rio, a Biblioteca Nacional, a Academia Brasileira de Letras, os grandes escritores brasileiros baseados aqui. É um ano para celebrar a leitura, para se criar mais o hábito da leitura.
O prefeito também anunciou que, ao longo do ano, as estações do BRT terão espaços para troca de livros, onde as pessoas poderão deixar um exemplar e pegar outro. Além disso, a Secretaria de Educação irá desenvolver novas políticas públicas para toda a rede municipal de ensino.
Leitores no Brasil
A edição 2024 da Pesquisa Retratos da Leitura, levantamento realizado pelo Instituto Pró-Livro (IPL), mostra que, nos últimos quatro anos, houve uma redução de 6,7 milhões de leitores no país.
Pela primeira vez, o número de pessoas que não leem é maior do que o de leitores no Brasil: 53% da população não leu nem mesmo uma parte de um livro, seja impresso ou digital, de qualquer tipo, incluindo os didáticos, a Bíblia e outros religiosos, nos três meses anteriores à pesquisa.
Quando se analisa apenas as obras lidas integralmente no mesmo período, o percentual de leitores cai ainda mais: apenas 27%.
No total, 43% da população brasileira com 5 anos ou mais leu livros por vontade própria, sejam inteiros ou em partes, e de qualquer gênero.
A média de livros lidos em três meses também caiu de 2,6 para 2,4. Considerando apenas livros lidos por completo no mesmo período, a média é de 0,82 por entrevistado. A amostra foi de 5.504 entrevistados em 208 municípios do país.
Os preços dos livros podem influenciar nesse cenário. Segundo o 9º Painel do Varejo de Livros no Brasil, estudo divulgado pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livro (SNEL), o preço médio do livro subiu de R$ 46,07 em 2023 para R$ 50,90 em 2024.
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