De Marcos e Belutti a Fernandinho: Friburgo terá 10 shows pagos pela prefeitura; valores são alvos de questionamentos

O mês de maio terá apresentações de grandes artistas nacionais em Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio. Os shows serão custeados pela prefeitura.

Os valores das contratações foram motivos de questionamentos entre os moradores da cidade. Após repercussão na internet, a Secretaria Municipal de Turismo e Marketing publicou um comunicado nas redes sociais do governo, nesta terça-feira, 9, para esclarecer as críticas.

De acordo com a publicação, a prefeitura disse que resolveu se manifestar a respeito:

Diante das infundadas e lamentáveis acusações acerca dos valores pagos aos artistas que se apresentarão nas festividades de aniversário da cidade, Semana da Reforma Protestante e Bicentenário da Imigração Alemã, a Secretaria Municipal de Turismo e Marketing de Nova Friburgo vem a público esclarecer os fatos, com o devido rigor e os princípios jurídicos.

Até o momento, dez shows foram confirmados pelo município e oito tiveram seus valores divulgados em Diário Oficial, totalizando um gasto de R$ 1.575.000.

Em 26 de abril, a prefeitura divulgou em Diário Oficial que a cidade receberá dois shows de Benito de Paula. Assim, serão 11 apresentações pagas pela prefeitura, por R$ 1.742.220. Veja a lista:

• Theo Rubia (show em 3/05), por R$ 120.000;

• Morada (show em 4/05), por R$ 135.000;

• Fernandinho (show em 6/05), por R$ 155.000;

• Nando Reis (show em 10/05), por R$ 165.000;

• Benito de Paula (shows em 10/05 e 11/05), por R$ 167.220 (valor de duas apresentações, de acordo com publicação em Diário Oficial no dia 26 de abril);

• Falamansa (show em 12/05), por R$ 210.000;

• Marcos e Belutti (show em 24/05), por R$ 280.000;

• Maneva (show em 25/05), por R$ 140.000;

• Ferrugem (show em 26/05), por R$ 270.000;

• Tony Allyson (show em 30/05), por R$ 100.000.

Ainda na publicação, a secretaria falou sobre o modelo de contratação utilizado nas festas:

A contratação dos artistas foi realizada por meio de inexigibilidade de licitação, procedimento legal previsto na Lei 14.133/21, que garante a transparência e lisura do processo. Essa modalidade é utilizada pelas administrações públicas de todas as esferas quando há inviabilidade de competição, o que se configura no caso de artistas de renome nacional.

A prefeitura ainda garante que exigiu a comprovação de valores de mercado para cada artista, que apresentaram "três notas fiscais de shows realizados com prazo máximo do último ano, 2023”.

Como exemplo, o governo municipal citou a banda Falamansa:

As notas fiscais apresentadas demonstram valores compatíveis com o cachê pago de R$ 210 mil: nota fiscal 1 - R$ 250 mil; nota fiscal 2 - R$ 235 mil e nota fiscal 3 - R$ 200 mil.

Fatores como o local do show, data, público-alvo, entre outros, influenciam no preço final, segundo a publicação.

A secretaria disse ainda que "se coloca à disposição para apresentar toda a documentação que comprova a lisura dos processos de contratação dos artistas".

O Portal Multiplix entrou em contato com o município na manhã desta quarta-feira, 10, e questionou sobre a origem das verbas para pagar os cachês, além de perguntar a respeito do valor de eventuais gastos com a infraestrutura das apresentações. A reportagem também solicitou o envio dos documentos citados pela prefeitura e recebeu a seguinte resposta:

O posicionamento oficial da Secretaria de Turismo sobre o assunto é o que foi apresentado na nota publicada ontem [com as informações já descritas acima].

As apresentações anunciadas pelo governo municipal fazem parte do calendário oficial do aniversário de Friburgo e do Bicentenário da Imigração Alemã na cidade que incluem a comemoração do Protestantismo na América Latina, a Festa da Cerveja e a festividade de Corpus Christi.

O que dizem os moradores

O posicionamento do governo nas redes gerou ainda mais comentários por parte dos moradores, que dividem opiniões quanto aos gastos com os shows.

Algumas pessoas falaram sobre a importância dos eventos para o setor do turismo:

Parabéns, Friburgo, por estar recuperando seu patamar de cidade turística com tanto afinco.

Boa parte das respostas à publicação cita os problemas no Hospital Municipal Raul Sertã, mesmo sendo a favor da realização dos shows:

Mesmo sabendo que o Raul Sertã não tem luva para os enfermeiros, Nova Friburgo precisa de uma movimentação para trazer dinheiro pra cidade, parabéns aos organizadores.

Os valores das apresentações também foram citados nos comentários:

Gastar 200 mil para um show de música que dura cerca de 2h enquanto faltam insumos no principal hospital da cidade soa como escárnio.

Uma moradora ainda manifestou sua opinião sobre a falta de cuidado com a saúde pública em Nova Friburgo:

Acredito que ninguém seja contra o Turismo e festas. A questão que causa tanta discussão é NÃO cuidar TAMBÉM da SAÚDE; é tapar os olhos para o caos principalmente na Saúde! Só uma pergunta: se o turista não tiver plano de saúde pra onde ele vai? Por acaso não será levado para o Raul Sertã??

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