Parece mas não é: 'café fake' chega ao mercado e pode trazer riscos; veja como diferenciar
Abic alerta que produto contém mistura de substâncias impróprias para o consumo
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Não é novidade que um dos atuais vilões da cesta básica dos brasileiros é o café. O grão teve uma alta de quase 50% no acumulado de 2024 até janeiro deste ano, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), os principais fatores para o aumento dos preços são os eventos climáticos e a maior demanda, não só no Brasil, mas em todo o mundo.
Para driblar o encarecimento do grão e atrair consumidores, mercados começaram a vender uma versão mais barata do pó.
Apesar da embalagem semelhante, a Abic alerta que o "pó para preparo de bebida tipo ou sabor café" o chamado "café fake", é uma mistura do grão com impurezas.
De acordo com a entidade, a bebida contém resíduos agrícolas, matérias estranhas e impurezas, como cascas, palha, folhas, paus e partes da planta, exceto a semente do café.
Em nota à imprensa, a Abic explica que "com a valorização do preço da saca de café, cresce o surgimento de empresas clandestinas que oferecem, a baixo custo, misturas impróprias para o consumo humano".
No texto, a entidade afirma que "algumas empresas têm tentado enquadrar a mistura intencional de impurezas no café em outras categorias de alimentos, mantendo-se a identidade visual parecida com o café verdadeiro" e reforça:
A legislação sanitária prevê que a disponibilização de novos alimentos e novos ingredientes no mercado requer autorização prévia da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mediante a comprovação da segurança de consumo. O comércio irregular e o consumo de produtos clandestinos, por empresas sem registro nos órgãos oficiais, além de violar a legislação, oferecem riscos à saúde.
Embalagem semelhante e preço mais baixo atraem consumidores, mas podem gerar confusão com o café verdadeiro | Fotos: Divulgação/Abic
Ao Portal Multiplix, a Anvisa afirma que os produtos devem ter nas embalagens informações que ajudem o consumidor a identificar a composição do alimento, como a lista de ingredientes, que traz a relação dos elementos utilizados na formulação e a tabela nutricional.
No caso do café, a autoridade sanitária ressalta que só pode ser considerado "café" o produto originado do grão beneficiado do fruto maduro de espécies do gênero Coffea, como Coffea arábica L., Coffea liberica Hiern, Coffea canephora Pierre (Coffea robusta Linden), submetido a tratamento térmico até atingir o ponto de torra escolhido, em grãos ou moído.
Dessa forma, rótulos que podem induzir o consumidor ao erro ou engano quanto à natureza e reais características de composição e qualidade do alimento são proibidos pela legislação sanitária.
O decreto lei 986/69 prevê que os alimentos fantasia ou imitação, devem estar corretamente rotulados, não podendo mencionar indicações especiais de qualidade, nem trazer menções, figuras ou desenhos que possibilitem falsa interpretação ou que induzam o consumidor a erro ou engano quanto à sua origem, natureza ou composição
, pontua.
Em nota à reportagem, a Secretaria de Estado de Saúde do Rio (SES) reforça que a embalagem deve trazer a denominação visível do produto: café torrado e moído ou mistura para preparo de bebida sabor café, por exemplo.
A população deve denunciar, em casos de suspeita, a possível falsificação à Vigilância Sanitária municipal, que vai coletar para análise de rotulagem e solicitar orientações junto à Vigilância Sanitária estadual. Nestes casos, o estado adotará as medidas cabíveis, que incluem apreensão em depósito do produto até resultado da análise
, ressalta.
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