De chácara à produção de vinho, conheça a história da Vila Amélia, em Nova Friburgo
Um dos principais bairros do município, no passado era propriedade de um imigrante português que plantava uvas sobre o Córrego do Relógio
A situação do Córrego do Relógio, no bairro Vila Amélia, em Nova Friburgo, na Região Serrana, não é novidade para os leitores do Portal Multiplix. O local, coberto por um deque de madeira, sofre com a falta de manutenção desde a tragédia climática de 2011. Mas você, leitor, também deve se perguntar: por que o Córrego do Relógio tem este nome? E qual a história do bairro?
A historiadora Janaína Botelho desfaz o mistério e revela que a área onde hoje está localizada a Vila Amélia pertencia à família Salusse e se chamava Chácara do Relógio.
O português Antônio Martins era o proprietário do palacete do bairro Vila Amélia | Foto: Arquivo/Janaína Botelho
Segundo Janaína, a propriedade foi vendida em 1914 para o português Antônio Alves Pinto.
“Ele nasceu no dia 1° de julho de 1862. E era natural de Fervença, no Minho, em Portugal. Imigrou para o Brasil e trabalhou durante quarenta anos em seu comércio no Rio de Janeiro. Aos 52 anos de idade, ele teve um derrame. Então, o português decidiu residir com a família em Nova Friburgo. Com isso, Antônio Martins adquiriu a Chácara do Relógio”, conta Janaína.
A historiadora explica também que o lusitano decidiu explorar comercialmente a propriedade e construiu o “Mercado Villa Amélia”, em homenagem a sua única filha. No total, o europeu teve oito filhos.
“No local, ele vendia laticínios como leite, queijo e manteiga, verduras, legumes, frutas frescas e em conserva, mel e linguiças defumadas”, afirma.
Sem reforma, palacete da Villa Amélia, inaugurado em 1916, hoje sofre com a ação do tempo | Foto: Reprodução/Portal Multiplix
O palacete da Villa Amélia, a casa de vivenda da chácara, foi inaugurado dia 18 de maio de 1916. Posteriormente, o local se tornou a delegacia de Nova Friburgo.
Córrego do Relógio
O Córrego do Relógio corta o atual bairro da Vila Amélia e foi nomeado em referência à Chácara do Relógio. Janaína Botelho conta um pouco sobre a história do córrego no início do século XX.
“O Córrego do Relógio era canalizado e circundado por videiras plantadas por Antônio Martins que produziam saborosas uvas. As videiras desciam pelo córrego sobre uma pérgula de ferro e forneciam sombra aos que por ali transitavam nos dias de sol causticante”, revela.
Córrego do Relógio era cercado por videiras da família de Antônio Martins | Foto: Arquivo/Janaína Botelho
A historiadora conta ainda que as uvas produzidas eram usadas na fabricação de vinho com a marca da Vila Amélia.
“Além disso, em sua chácara havia um majestoso e imponente Sobreiro, árvore que Martins trouxe de Portugal e de onde se tirava a cortiça para fazer as rolhas das garrafas de vinho que ele produzia”, destaca.
Por fim, Janaína lembra que os veranistas que passeavam pela praça do Suspiro percorriam as margens do Córrego do Relógio, apreciando suas videiras até alcançarem a chácara de "Seu Martins" para adquirir o mel fabricado pelo português.
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