Orgulho de Cabo Frio: ex-estudante da rede pública enfrenta desafios e conquista vaga em universidade francesa

O sonho de estudar no exterior e alcançar objetivos acadêmicos e profissionais mais amplos se tornou cada vez mais presente na vida dos brasileiros. Um exemplo disso é jovem José Mateus Rodrigues Rangel, um ex-aluno da Rede Municipal de Ensino de Cabo Frio, na Região dos Lagos do Rio.

Com muita determinação e foco, ele conquistou uma vaga para fazer parte da graduação universitária na França.

Mas sua trajetória educacional começou na Escola Municipal Antônio da Cunha Azevedo, no bairro Passagem, e também na Escola Municipal Alfredo Castro, no Jardim Caiçara, onde ele concluiu o Ensino Fundamental.

Atualmente, aos 24 anos, José é estudante de duas grandes instituições de ensino, no Brasil e na Europa. Ele cursa Engenharia Mecânica na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ - campus de Macaé) e na prestigiada École Nationale d'ingénieurs de Metz, no nordeste da França.

José conseguiu a vaga na universidade francesa por meio da bolsa Brafitec, um programa de intercâmbio desenvolvido entre o Brasil e a França e que organiza parcerias universitárias nas áreas de Engenharia.

A conquista foi comemorada pela secretária de educação de Cabo Frio, Elicéa da Silveira:

Estamos extremamente orgulhosos de ver um ex-aluno trilhando um caminho de sucesso na Europa. Essa conquista reafirma o compromisso da cidade em oferecer educação de qualidade e incentivar o desenvolvimento acadêmico dos estudantes locais. Desejamos a José Mateus muito sucesso em sua trajetória acadêmica e profissional, e esperamos que sua história inspire outros jovens a perseguirem seus sonhos e acreditarem no poder da educação.

José Mateus visitou a Torre Eiffel em Paris, um dos pontos turísticos mais famosos do mundo | Foto: Reprodução/PMCF

Entretanto, o caminho de José até a aprovação no programa internacional não foi fácil.

Ele precisou comprovar um nível intermediário de francês, enviar diversos documentos, como o histórico escolar traduzido para a língua e uma carta de motivação.

Só após concluir todas essas etapas, José deu início ao processo de obtenção do visto de estudante.

Vida na Europa

Antes de desembarcar na França, José passou um breve período no país vizinho, Luxemburgo, onde fez um estágio e também começou o seu processo de adaptação à realidade no continente.

Mesmo assim, o jovem brasileiro disse que enfrentou algumas dificuldades quando chegou em terras francas.

Ele afirma que o país é mais burocrático, talvez até mais do que o Brasil, e que isso representa uma dificuldade adicional para estrangeiros. Apesar disso, José ressalta o que mais gosta em seu novo país: a língua francesa e o clima. Mas, em entrevista ao Portal Multiplix, ele pondera: "Quando não está muito frio!".

Perguntado sobre o nível da educação na Europa e no Brasil, ele explica que os sistemas dos dois países são ótimos para os alunos, embora apresentem diferenças:

Aqui na França, o aluno passa quase a metade do curso no laboratório, enquanto que no Brasil esse número é muito muito menor. Um ponto negativo, que eu acho, é a enorme carga horária. Em apenas um período, temos a mesma matéria sendo ministrada por quatro semanas. Tirando isso, não vejo uma diferença de nível de educação superior, mas existe um abismo enorme entre a infraestrutura das universidades.

Durante seu período na Europa, José visitou alguns países, como a Alemanha | Foto: Arquivo pessoal/José Mateus

Questionado sobre o motivo que o levou a buscar uma graduação fora do Brasil e como conseguiu essa oportunidade, José compartilha seus interesses e aspirações acadêmicas:

Eu me interessei porque seria uma graduação ‘sandwich’, com dupla diplomação. Ou seja, eu me formo no Brasil e na França e consigo os dois diplomas. Além disso, eu sempre quis fazer um doutorado, fazer pesquisas, etc.

O estudante também revela a incerteza que tem sobre o futuro acadêmico no Brasil:

Infelizmente, no Brasil, eu não teria tantas oportunidades como aqui. Eu acho que o país precisa resolver esse problema muito rápido, porque é uma questão séria. Estamos perdendo 'cérebros' para outros países, simplesmente porque a pesquisa e o desenvolvimento não são valorizados.

O seu retorno a Cabo Frio está planejado para o mês de agosto. Depois disso, após concluir a dupla diplomação, ele diz que pretende voltar à Europa para prosseguir com os estudos, seja em Luxemburgo ou na França.

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