Lobo-marinho e pinguins reabilitados por Instituto BW são devolvidos ao mar em Arraial do Cabo
Segundo biólogo do GEMM-Lagos, essa é a primeira vez que uma espécie de lobo-marinho é resgatada no estado do Rio
Um lobo-marinho-antártico foi devolvido ao mar de Arraial do Cabo, na Região dos Lagos do Rio, após ser resgatado e reabilitado pelas equipes do Grupo de Estudos de Mamíferos Marinhos da Região dos Lagos (GEMM-Lagos) e do Instituto BW (IBW) nesta semana.
O animal, da espécie Arctocephalus gazella, foi reintegrado à natureza diretamente em uma corrente oceânica quente do Atlântico Sul, que se move paralelamente à costa brasileira, em direção às colônias reprodutivas da espécie, como explicado pelo IBW.
Segundo o pesquisador e coordenador do GEMM-Lagos, Dr. Salvatore Siciliano, este é o primeiro registro de resgate desse animal no estado do Rio de Janeiro:
São animais que vivem em grandes colônias nas ilhas ao sul da convergência antártica, como Crozet e Kerguelen, onde se alimentam basicamente de krill, peixes e lulas. Alguns indivíduos podem acidentalmente se deslocar mais ao norte, passando para águas mais temperadas e eventualmente chegando no sul do Brasil.
Ainda de acordo com o especialista, os registros mais ao norte de Santa Catarina são raros e, como esse no litoral fluminense, evidenciam os efeitos das correntes marinhas em épocas de transição do fenômeno El Niño para o La Niña.
Lobo-Marinho-Antártico da espécie Arctocephalus gazella é raro nessa região do país | Foto: Divulgação/Instituto BW
De acordo com a coordenadora de veterinária do Instituto BW, Drª Paula Baldassin, a reabilitação do animal foi desafiadora. Além de ser uma ocorrência inédita de encalhe na região, o lobo-marinho chegou extremamente magro e debilitado:
Apesar das dificuldades, foi uma paciente incrível, que nos ensinou muito e mostrou sinais de melhora a cada dia, tornando o processo de reabilitação muito gratificante, tendo como ápice o momento da soltura na natureza. Esperamos, no futuro, receber notícias dela descansando em alguma praia no sul da América do Sul ou até mesmo em sua colônia.
Para a soltura foram firmadas parcerias locais com o cinegrafista e instrutor de mergulho Carlos Eduardo de Oliveira, do Capital do Mergulho, e com o Maycon Victorino do Arraial Ecoturismo.
Na avaliação de Maycon "mais uma vez o diálogo entre o conhecimento técnico científico e o conhecimento empírico fez com que nós conseguíssemos as condições adequadas para esses animais retornarem para casa".
O Instituto BW também celebrou o apoio fundamental do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que orientou o exato local da soltura do animal.
Mais pinguins de volta ao mar
Também nesta semana, mais pinguins-de-magalhães foram devolvidos à natureza pelo instituto. Essa é a segunda soltura da temporada 2024 promovida pelos profissionais. A primeira ocorreu em setembro, quando 19 deles foram liberados a 84 km da costa da cidade do Rio de Janeiro.
Para que os pesquisadores possam acompanhar o comportamento migratório em tempo real, quatro animais serão monitorados por meio de um transmissor via satélite, acoplado em seus corpos. Segundo especialistas, o aparelho não causa nenhum dano aos pinguins.
Animais serão monitorados por dispositivo, um transmissor via satélite, acoplado em seus corpos | Foto: Divulgação/Instituto BW
De acordo com informações do IBW, os pinguins são aves oceânicas da ordem Sphenisciformes, caracterizadas pela incapacidade de voar, pois suas asas foram transformadas em nadadeiras, e seus ossos não são pneumáticos (ocos).
Essas aves são altamente adaptadas à vida aquática, utilizando suas asas como meio de propulsão, o que lhes permite atingir velocidades de até dez metros por segundo debaixo d'água, onde podem permanecer submersas por vários minutos.
As fêmeas dos pinguins-de-magalhães (Spheniscus magellanicus) colocam dois ovos entre outubro e novembro. A maioria deles eclode entre meados de novembro e início de dezembro.
Sobre o IBW
O IBW atua na Região dos Lagos e no Norte Fluminense desde 2020 e, atualmente, executa o Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Campos e do Espírito Santo.
No instituto, animais marinhos e silvestres são recebidos com o apoio de guardas ambientais e prefeituras, com foco em estudos e, principalmente, na reabilitação de diversas espécies.
O IBW alerta que ao encontrar pinguins, outras aves marinhas, tartarugas-marinhas ou mamíferos marinhos na faixa de areia, mortos ou debilitados, a recomendação é não devolvê-los ao mar, mas acionar imediatamente o número 0800 991 4800 para resgate.
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