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Alopecia: entenda a doença que deixou a mulher de Will Smith sem os fios de cabelo

Mulheres que sofrem com mesmo problema falam a respeito da reação do ator sobre piada feita à esposa durante premiação do Oscar

Por Natalia Amorim
30/03/22 - 11:16
Alopecia: entenda a doença que deixou a mulher de Will Smith sem os fios de cabelo Jada Pinkett Smith sofre de alopecia areata, doença inflamatória que provoca a queda do cabelo | Foto: Reprodução/Redes Sociais

A cerimônia do Oscar 2022, ocorrida no último domingo, 27, ainda está repercutindo nas redes sociais. A reação do ator Will Smith ao comentário do comediante Chris Rock. Ele fez uma piada sobre o visual da mulher do protagonista do filme "King Richard: Criando Campeãs", que está sem os fios, por causa de uma doença autoimune e que acentua a queda dos cabelos, a alopecia. A atitude gerou uma onda de solidariedade em prol dela e trouxe à tona um problema de saúde pouco comentado, até então.

Apesar de Will ter se desculpado pelo ato de agressão, muita gente sentiu empatia pelo ator. A fotógrafa Amanda Tinoco, de Nova Friburgo, na Região Serrana, é uma dessas pessoas. Ela também sofre com a mesma doença da esposa do ator e faz tratamento para conter a queda de cabelos. Amanda diz que já passou por duas situações de constrangimento, uma vez em um salão de beleza e outra com um colega, que “brincou” com a condição do pouco cabelo que ela tinha.

Amanda também sofre com alopecia e associa reação de Will à dor de enfrentar comentários e piadas maldososAmanda também sofre com alopecia e associa reação de Will à dor de enfrentar comentários e piadas maldosos | Foto:Amanda Tinoco/Arquivo pessoal

“Uma das coisas que aprendi é que você tem o poder de deixar os outros te atingirem ou não, mas isso não é fácil, requer muita maturidade, terapia e paciência. Eu não gosto de violência em nenhuma situação, mas entendo o que é uma dor não tratada, uma ferida aberta, onde os outros insistem abrir ainda mais. Acredito que o Will lida com a dor da esposa diariamente e já estava exausto de conter comentários e piadas. Foi uma reação à dor”, disse.

Outra pessoa que também sofre com a mesma condição é a carioca Tassia de Carvalho. Ela explica que não dá para calcular o sofrimento de perder todos os fios da cabeça. Depois da primeira queda total, ela já sofreu com várias outras quedas. Para driblar esta situação, ela se utiliza de tranças e turbantes. Os tratamentos e o monitoramento do couro cabeludo em busca de falhas são constantes.

Tassia diz que o sofrimento de quem sofre com alopecia é imensurávelTassia diz que o sofrimento de quem sofre com alopecia é imensurável | Foto:Tassia de Carvalho/Arquivo pessoal

“Eu sofri com piadinhas de colegas de faculdade por causa disso, mas eu também tive muitos que me apoiaram, e é isso que uma mulher com alopecia mais precisa. Eu tenho um currículo incrível e consegui emprego mesmo sendo careca, mas sei os estigmas que sofremos por estarmos sem cabelos”, desabafa.

Opinião de especialistas

O médico Filipe Chalita, que trabalha em uma clínica especializada em transplante capilar, no Rio de Janeiro, diz que a doença é permanente, mas que há tratamentos que retardam a progressão dela.

“Atualmente, existem diversas formas de tratar a doença, que vão desde medicamentos tradicionais até procedimentos inovadores, realizados para retardar a queda de cabelo. Além de tratamentos definitivos, como transplantes capilares, por exemplo. O fato de usar o mesmo pente ou escova de cabelo não transmite a doença, pois a alopecia não é contagiosa”, ressalta.

O médico Filipe Chalita diz que existe tratamento para a alopecia e que ela não é uma doença contagiosaO médico Filipe Chalita diz que existe tratamento para a alopecia e que ela não é uma doença contagiosa | Foto:Filipe Chalita/Arquivo pessoal

Em Nova Friburgo, uma clínica de terapia capilar presta o serviço de tratamento para queda de cabelo, de forma multidisciplinar. No local, são oferecidos também os serviços de psicologia, nutrição, tricologia (área da dermatologia que cuida de problemas dos cabelos e do couro cabeludo) e hormônios femininos.

Segundo a tricologista Silvia Barreto, cabelo não é só um adorno, ele conta uma história. Através de sinais que transmite, é possível diagnosticar mais de 2.500 tipos de patologias.

Antes e o depois de tratamento feito em clínica da tricologista Silvia BarretoAntes e o depois de tratamento feito em clínica da tricologista Silvia Barreto | Foto:Silvia Barreto/Arquivo pessoal

“A alopecia que a Jada Pinkett Smith (mulher de Will Smith) apresenta é a do tipo Areata, que pode estar associada a fatores genéticos e reações do sistema imunológico, como microrganismos e estresse. Mas existem muitos outros tipos. É mais comum do que se imagina e sempre necessário buscar a causa para tratar a patologia, pois não existe beleza sem saúde. E é fundamental trazer essa discussão à tona, porque existem hoje muitas pessoas em sofrimento por causa disso. Mas também muitas outras que realizam um tratamento e alcançam êxito com ele”, explica.

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