Infectologista explica os riscos da ‘varíola dos macacos’; caso suspeito é investigado na Região dos Lagos
Estado do Rio de Janeiro já tem dois casos confirmados, segundo o Ministério da Saúde, que vai definir estratégia de imunização no país
Depois de dois anos de pandemia da Covid-19, mais uma preocupação global: a varíola dos macacos. De acordo com o Ministério da Saúde, até a manhã desta quinta-feira, 23, onze registros da doença foram confirmados no Brasil, sendo dois no estado do Rio de Janeiro.
Outros nove casos suspeitos seguem em investigação no país, incluindo um em Saquarema, na Região dos Lagos. Segundo a SES, a paciente é uma mulher de 22 anos e sem histórico de viagem ao exterior.
O nome varíola dos macacos teve origem na primeira infecção atestada em primatas mantidos em laboratórios, em 1958, mas como atualmente não há relação entre os macacos e o surto, o Ministério da Saúde adotou o termo em inglês “monkeypox” para se referir à doença.
O surto atual de monkeypox teve início no Reino Unido, no começo de maio, mas logo o vírus que causa a doença se espalhou para outros países do mundo. Hoje, a Europa concentra a maioria dos casos, mas a doença já foi registrada em mais de 50 países dos cinco continentes.
Contaminação e sintomas
“A transmissão de humanos para humanos se dá a partir de contato com as lesões da pele, sangue ou fluídos corporais (como gotículas de saliva), ou um contato íntimo muito prolongado”, explica o infectologista e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), André Ricardo Araújo da Silva.
A partir da contaminação, o vírus tem um período de incubação nos humanos que varia de seis a 13 dias, até que os primeiros sintomas se manifestem:
“A primeira fase é a da febre, podendo ter dor de cabeça, dor no corpo e adenopatia (popularmente conhecido como íngua). A segunda fase vem depois do sexto dia de sintomas, que são as lesões na pele”, explica o infectologista.
“São manchas que viram uma pápula e daí se tornam uma pústula (com secreção) e depois vira uma casquinha. Normalmente, atinge a face, as mãos e os pés. Também pode acometer mucosas, como a da boca”, complementa.
Prevenção
Ainda de acordo com André Ricardo, a vacina contra a varíola existiu no Brasil até o final dos anos 1970, quando a varíola antiga foi erradicada, e por isso não é mais produzida. Segundo ele, quem recebeu o imunizante tem alguma proteção contra a nova infecção que está se espalhando pelo mundo.
“Normalmente, é uma doença autolimitada. Em torno de duas semanas a pessoa se recupera sem maiores problemas. Mas, em alguns grupos vulneráveis ou com doenças pré-existentes, e principalmente naqueles que não foram vacinados contra a varíola – como quem tem menos de 45 anos –, você pode ter um quadro com complicações”, alerta.
Varíola dos macacos, como ficou conhecida a doença, foi identificada pela primeira vez em 1958 | Foto: Banco de Imagem
Segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES), o hábito de limpar as mãos com água e sabão e usar álcool gel, adquirido durante a pandemia do coronavírus, deve ser mantido para evitar contaminação.
A orientação é para que ao perceber sinais e sintomas da doença, a pessoa busque atendimento médico para ser avaliada. Em casos mais graves, pode ser necessário tratamento com medicamentos que aliviem os sintomas, tratem complicações e previnam sequelas.
Ainda de acordo com a SES, o período de isolamento para quem for infectado é de 21 dias.
Ministério da Saúde vai definir estratégia de imunização no país
Atualmente, ainda não há vacina disponível para prevenção. Contudo, o Ministério da Saúde informou ao Portal Multiplix que avalia, junto à Organização Mundial da Saúde (OMS), o cenário epidemiológico da monkeypox e o processo para aquisição de vacinas para então definir uma estratégia de imunização no país.
“A volta da vacina vai depender de como os casos vão se desenrolar. Provavelmente os casos vão subir porque o mundo está atento e pesquisando mais, identificando casos que geralmente não seriam diagnosticados. Por enquanto, não há indicativo de que ela volte de uma forma geral para todo mundo”, finaliza o infectologista André Silva.
Veja outras notícias das regiões Serrana e dos Lagos do Rio no Portal Multiplix.