Pacientes oncológicos aguardam conclusão das obras do Hospital do Câncer em Nova Friburgo há sete anos
Governo do estado dá novo prazo para retomada das obras
A promessa da chegada do Hospital do Câncer, no bairro Ponte da Saudade, em Nova Friburgo, finalmente poderá ser cumprida. Segundo a Secretaria de Estado de Obras está em fase final o novo edital de licitação, que deve ser lançado até o final deste mês. Com investimento de R$ 50 milhões, a previsão é de conclusão um ano após o início da retomada das obras.
O prédio abandonado já foi alvo, inúmeras vezes, de furto de materiais elétricos e de obras, vandalismo e depredação.
Deixado à própria sorte, o espaço virou alvo de vandalismo e depredação | Divulgação/ Portal Multiplix
O atendimento da unidade será regional, beneficiando não só moradores de Nova Friburgo, como também de outros municípios. As obras foram iniciadas em 2015 e eram uma esperança para os pacientes oncológicos, mas os trabalhos paralisaram por falta de recursos.
O contrato inicial para a construção do hospital previa um repasse de R$ 49 milhões do Ministério da Saúde, por meio do programa “Estruturação da Rede de Serviços de Atenção Especializada”, além da contrapartida de quase R$ 10 milhões do governo do estado. No ano de 2016, a Caixa Econômica Federal, responsável pelo repasse, exigiu que o Governo do Estado do Rio cumprisse pendências financeiras para autorizar a entrega. Como isto não aconteceu, as obras paralisaram com apenas 12% dos serviços concluídos.
Já dura sete anos o imbróglio com o governo do estado para finalização das obras do Hospital do Câncer | Divulgação/ Portal Multiplix
Uma espera angustiante para os pacientes
Para a técnica de radiologia, Lucelli Araújo, de 40 anos, que enfrenta um câncer de mama desde o fim do ano passado, a espera é angustiante. A cada 21 dias ela faz as sessões de quimioterapia em um hospital particular da cidade. Mas outros passam pelo procedimento fora do município.
A prefeitura realiza o transporte de 183 pacientes para tratamento oncológico em Petrópolis, Teresópolis e Rio de Janeiro. O município desembolsa R$2.179.000 anualmente em viagens com esta finalidade. Segundo um estudo divulgado na última sexta, 4 - Dia Mundial do Câncer - pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), metade dos brasileiros em tratamento contra o câncer no Sistema Único de Saúde (SUS) precisa deixar seus municípios de residência para receber assistência especializada, incluindo os procedimentos cirúrgicos, quimioterápicos e radioterápicos.
Lucelli encontra forças para enfrentar o câncer no apoio que recebe da família | Foto: Arquivo pessoal/Lucelli Araújo
Lucelli passará pela experiência quando encerrar as sessões de quimioterapia e iniciar a radioterapia em Niterói.
“A imunidade cai muito quando passamos por este processo, sentimos muitas dores, uma sensação muito desagradável. Sem contar o abalo emocional, que é bem grande. Ter que enfrentar horas de deslocamento no trânsito, ida e volta, não é nada fácil. Uma rotina pesada para tantas pessoas que travam a batalha contra o câncer e que seria minimizada com a conclusão das obras do hospital, há tanto tempo inacabada".
Fraqueza, dores de cabeça e nas articulações, perda de paladar e do cabelo, sendo a última a mais temida por ela e por todas as pacientes, são algumas das reações ao tratamento, cada vez que sai de uma sessão de quimioterapia.
Além disso, ainda há o receio do medicamento não surtir efeito e da metástase, que é a formação de novas células cancerosas a partir da original. “É uma notícia que você nunca quer receber, você não sabe pra onde correr”, disse.
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