Penso, logo existo! René Descartes
Existo, logo penso! Mas parece que há controvérsias, porque há quem exista e não pense, pelo menos é o que parece acontecer. Não é necessário andar por terras longínquas para perceber que não há concordância. A primeira percepção é que alguns negam ser possível inverter o pensamento cartesiano. Descartes falou, está falado! Quem teria autoridade para pensar de modo diferente?
Depois que o pensamento cartesiano desembocou no prólogo do pensamento positivista, nós juntamos a capacidade de “tudo dividir”, para lembrar Pascal, que detestava o René, e passamos a aceitar somente o que era considerado científico.
Foi desta junção que surgiu um tipo humano considerado agnóstico, porque não aceita a existência de Deus por não conseguir fazer uma experiência material com o Criador. Não conseguimos medi-lo, pesá-lo e apalpá-lo. Assim, não posso negar a sua existência, como não posso afirmar que Ele existe.
Durante esta pandemia de corona vírus estou tentando pensar se alguns pensam ou esqueceram esta prática.
Há uma relutância diária para distorcer as verdades científicas se elas não atendem às intenções boas ou más, no entanto, ideológicas, de alguém.
Recentemente, mesmo com prisão domiciliar, uma cidadã brasileira informou dados de uma menor de idade, estuprada por um parente próximo e que engravidara aos 10 anos. Dias depois, a mesma cidadã que incitou grupos a vociferar contra o médico que procedeu ao aborto nesta criança, confesso à imprensa que abortara uma vez.
No dia seguinte, parentes afirmaram que foram várias vezes. Por isso me pergunto, com mais frequência, se estas pessoas pensam. Quanto à existência, não tenho dúvidas; quanto à essência, estou cético.
E, para quem quiser pensar, porque pensar é marcadamente divertido, lembro de uma aula na Faculdade Alvares Penteado, de São Paulo, onde um filósofo foi ministrar filosofia para o último período de engenharia. A aula começou mais ou menos assim: "Vocês estão no último período de engenharia e, segundo me disseram, detestam filosofar. Para não lhes aborrecer, vou fazer uma simples pergunta: o que vocês querem estudar em filosofia?". A resposta foi unânime: "NADA!"
Pois bem, disse o professor, estudaremos o NADA e o SER. Estudaremos o SER e a ESSÊNCIA, em Aristóteles e vários outros filósofos gregos, chegando à escola alemã, com Hegel e a oposição dos contrários, onde ele afirmará que o SER conduz consigo mesmo o NÃO SER.
Teremos oportunidade, dentro do existencialismo moderno, para estudarmos o livro de Sartre, o SER e o NADA. Só o livro O SER E O NADA reúne mais de 500 páginas para leitura atenta dos engenheirandos. Nunca aquela turma pensou tanto. Terminado o bimestre, o professor marcou uma avaliação e os alunos pediram para que ele estabelecesse quais unidades acadêmicas deveriam ser estudadas no bimestre seguinte. Eles iriam se abster e não fariam propostas.
No dia da prova, o professor colocou uma cadeira sobre a mesa e fez uma única pergunta: "PROVEM QUE ESTA CADEIRA NÃO EXISTE".
Alguns alunos levaram mais de duas horas escrevendo argumentos e quem obteve a nota máxima, escreveu pouco, assinou e entregou a prova em um minuto. Sabe o que ele escreveu? "PROFESSOR, QUE CADEIRA?".
Se este cidadão pensa, não tenho a menor dúvida. Se a cadeira é uma realidade objetiva ou subjetiva, deixo para você pensar, porque se você leu este artigo, você existe. Então, por favor, pense!
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