Conselho de Ética da Câmara dos Deputados aprova parecer que pede cassação do mandato de Glauber Braga (PSOL)
Em protesto, parlamentar dormiu no local da votação; deputado federal é acusado de quebra de decoro

Depois de quase sete horas de reunião, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados aprovou, nessa quarta-feira, 9, o parecer que recomenda a cassação do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) por quebra de decoro parlamentar. Com a decisão, Glauber anunciou greve de fome e dormiu no local onde ocorreu a votação.
Com 13 votos favoráveis e 5 contrários, a maioria dos membros do conselho concordou com voto do relator, deputado Paulo Magalhães (PSD-BA), apresentado na última semana.
Glauber Braga foi alvo de uma representação do Partido Novo, que o acusa de ter expulsado da Câmara, em abril do ano passado, com empurrões e chutes, o integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) Gabriel Costenaro.
Por conta de um pedido de vista do deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), a votação, que teve início na quarta-feira, 2, foi adiada e finalizada nesta semana.
Durante a reunião, Glauber Braga teve apoio de dezenas de parlamentares que se inscreveram para falar em sua defesa. Chico Alencar apresentou um voto em separado, que é uma espécie de manifestação alternativa ao voto do relator em uma comissão.
Chico pediu a absolvição de Glauber e alegou que o parecer de Paulo Magalhães não leva em conta a ofensa que teria sido proferida por Costenaro à mãe do deputado friburguense, a ex-prefeita de Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, Saudade Braga.
Com o encerramento da votação, Glauber Braga anunciou que permanecerá no plenário do Conselho de Ética e fará greve de fome até o desfecho do processo.
Além disso, ele voltou a relacionar a decisão de Paulo Magalhães com Arthur Lira (PP-AL), ex-presidente da Câmara dos Deputados. Para Glauber, há uma retaliação de Lira por Braga ter denunciado o chamado "orçamento secreto".
Eu não vou ser derrotado por Arthur Lira. Eu não vou ser derrotado pelo 'orçamento secreto'.
, afirmou Glauber Braga.
Ainda nessa quarta, após e reunião, o deputado afirmou, em vídeo nas redes sociais, que vai recorrer à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ).
Caso a CCJ não aceite o recurso, o processo será votado no plenário da Câmara dos Deputados, com a necessidade de, no mínimo, 257 votos para ser aprovado.
Na manhã desta quinta-feira, 10, pela internet, o deputado confirmou que vai até "às últimas conseqüências":
Estou há 30 horas e 30 min. fazendo somente a ingestão de líquidos. Estou no mesmo plenário que votou a minha cassação no dia de ontem. Essa tática radical é fruto de uma decisão política: não serei derrotado por Arthur Lira e pelo orçamento secreto. Vou às últimas consequências.
Veja como foram os votos do conselho:
Quem votou a favor da cassação:
- Albuquerque (Republicanos-RR)
- Bruno Ganem (Pode-SP)
- Delegado Ramagem (PL-RJ)
- Domingos Sávio (PL-MG)
- Gutemberg Reis (MDB-RJ)
- João Leão (PP-BA)
- Julio Arcoverde (PP-PI)
- Luciano Vieira (Republicanos-RJ)
- Márcio Marinho (Republicanos-BA)
- Marcos Pollon (PL-MS)
- Paulo Magalhães (PSD-BA), relator do caso
- Ricardo Maia (MDB-BA)
- Rafael Simoes (União-MG)
Quem votou contra a cassação:
- Chico Alencar (PSOL-RJ)
- Jack Rocha (PT-ES)
- Natália Bonavides (PT-RN)
- Joseildo Ramos (PT-BA)
- Josenildo (PDT-AP)
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