"Era questão de tempo que caísse": moradores de Friburgo já vinham reclamando da falta de manutenção em árvores
Fortes ventos e chuva causaram diversos transtornos na cidade no último fim de semana
Uma preocupação de moradores acabou se tornando uma realidade e, por pouco, não termina em tragédia no centro de Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio. Uma forte ventania derrubou árvores em diversos bairros, algumas tombaram totalmente, levantando até as raízes.
Desde a semana passada, a reportagem do Portal Multiplix recebeu diversas fotos denunciando a falta de manutenção das árvores às margens do rio Bengalas.
Um dos moradores do Centro, que preferiu não se identificar, disse que sempre passa pela avenida Engenheiro Hans Gaiser, depois do Sesc (no sentido Duas Pedras), e notou a falta de cuidados com galhos e caules.
Ele inclusive alertou no início da última semana sobre os riscos de quedas devido a possíveis ventanias:
É questão de tempo para essa árvore cair.
Moradores enviaram fotos se queixando sobre falta de manutenção das árvore na beira do rio na avenida Hans Gaiser | Foto: Reprodução/Internauta
No último sábado, 12, uma forte ventania, seguida de chuva, por volta das 16h, derrubou a árvore mencionada e registrada em foto pelo morador.
A queda quase atingiu um carro que passava pelo local. Pessoas ajudaram o motorista a retirar os galhos que caíram bem perto do veículo. O trânsito teve que ser interditado.
Queda de árvore quase atingiu um carro e fechou a avenida | Fotos: Reprodução/Redes Sociais
A empresa NovaFaol, concessionária que administra o transporte público na cidade, chegou a alterar o caminho dessa e de outras linhas por conta da queda de árvores em vários locais da cidade.
A maior parte das quedas foi de galhos, mas uma árvore caiu inteira no bairro Ponte da Saudade, rompendo a fiação e também fechando parte do trânsito de veículos na RJ-116 (no sentido Centro).
No Centro, um trecho da praça Getúlio Vargas chegou a ser interditado já que muitos galhos caíram, inclusive próximo de onde é instalado um brinquedo para crianças nos fins de semana.
Árvores caíram em Ponte da Saudade e no centro de Nova Friburgo | Fotos: Reprodução/Redes Sociais
Uma outra denúncia sobre a falta de manutenção relatada ao Portal Multiplix, na última semana, foi o de uma moradora da avenida Dr. Galdino do Vale Filho.
Ela também não quis ser identificada, mas contou que parte de uma árvore chegou a tombar, dias antes. A moradora falou sobre o susto:
A árvore caiu na semana passada. Foi à noite, levei um susto quando saí de manhã. Sorte que caiu para o rio.
Moradora faz reclamação sobre ameaça de queda de árvore na beira do rio na avenida Dr. Galdino do Vale Filho | Foto: Reprodução/Internauta
Após as denúncias, a reportagem ouviu um especialista antes da queda dessas árvores.
De acordo com o engenheiro florestal, Roberto Frossard, a falta da manutenção correta pode causar a queda de árvores. Ele viu as fotos dos moradores e detalhou:
Você vê que ela está ao lado de um gramado, foi alguma injúria mecânica causada por uma roçadeira, que foi pegando nessa parte da árvore. As pessoas que fazem essa manutenção da grama não têm muita capacitação e acabam machucando o pé da árvore. Associado a isso, tem o mal cuidado, já que a árvore está na rua e não tem muita manutenção, além dos ataques fúngicos de decompositores.
O engenheiro florestal explicou que os fenômenos naturais podem fazer com que elas não resistam, por isso, ressaltou a necessidade de manutenções:
Ela é de porte grande e com quase nenhuma base, com um vento muito forte ela facilmente tomba. Ela não tem uma base muito bem estruturada. É necessária uma atenção maior do poder público.
Ainda segundo Roberto Frossard, o ideal seria que a cidade criasse um plano de reflorestamento de arborização urbana:
Friburgo tinha várias espécies na rua Dante Laginestra, na avenida Euterpe Friburguense, em frente ao Fórum, como o jacarandá-mimoso. Friburgo passou por um processo de prejuízo muito grande de arborização urbana. É necessário repensar isso na cidade e ter um indicativo de outras espécies, como as extremosas. Sobre a sibipiruna, que vem dando problemas nas calçadas, é preciso ter manutenção. É pensar nisso, discutir e colocar na agenda de governo essa pauta ambiental.
Árvores que poderiam ser plantadas em Nova Friburgo segundo Engenheiro Florestal | Fotos: Banco de Imagem
Por meio de nota, a Prefeitura de Nova Friburgo respondeu à reportagem, antes da queda das árvores no fim de semana, sobre a sugestão do engenheiro florestal.
O Executivo afirmou que já existe um plano de reflorestamento de arborização urbana para ser realizado na cidade:
Está em fase de elaboração um Plano de Arborização Urbana para o município.
A prefeitura não deu outros detalhes sobre esse planejamento, mas informou na última quinta-feira, 10, que a manutenção e poda de árvores são feitas por uma equipe do município - inclusive, a árvore que caiu na avenida Hans Gaiser já estava no cronograma:
De acordo com as demandas, técnicos fazem a avaliação da necessidade ou não de poda. As árvores mencionadas possuem indicação de poda e constam no cronograma da pasta para a execução do serviço.
Após as quedas, a reportagem entrou novamente em contato com a prefeitura nesta segunda-feira, 14, para saber o número de ocorrências causadas pela ventania no fim de semana e se o cronograma de manutenção será antecipado na cidade. Por meio de nota, o Executivo deu apenas o balanço no início da tarde:
A Secretaria Municipal de Defesa Civil informa que não havia previsão para a ventania de intensidade forte a moderada que atingiu a cidade na tarde do último sábado, 12 de agosto. O órgão foi acionado para quatro ocorrências, sendo duas quedas de árvores que acabaram interditando trechos da RJ-116, uma na altura do bairro Ponte da Saudade e outra no bairro Vila Nova, próximo a Duas Pedras; e dois destelhamentos, sendo um no Centro e outro no bairro Cordoeira. Todas as vias foram liberadas ainda no sábado, apenas a ocorrência registrada no Cordoeira foi finalizada apenas no domingo, 13, já que a retirada do telhado necessitou do trabalho em conjunto da Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e Energisa. Não é possível medir a força dos ventos porque o município não dispõe do equipamento necessário. Apesar da chuva de granizo, o volume pluviométrico foi considerado baixo, ficando entre 15mm e 20mm.
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