MPRJ denuncia oito pessoas que impediram reunião de deputada do PT em distrito de Nova Friburgo
Marina dos Santos foi alvo de xingamentos e gritos por um grupo de manifestantes em 2023
A Promotoria de Investigação Penal de Nova Friburgo denunciou oito pessoas envolvidas em ofensas verbais, empurrões e ataques à deputada estadual Lucia Marina dos Santos (PT), conhecida como Marina do MST.
Segundo o Ministério Público do Estado do Rio (MPRJ), os crimes foram praticados em agosto de 2023, durante um encontro da parlamentar com a população de Lumiar, distrito de Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio.
A denúncia do MPRJ foi recebida nessa segunda-feira, 1°, pelo Juízo da 1ª Vara Criminal da Comarca da cidade. O documento cita:
Foram denunciados Jailton Barroso Eller, por incitar publicamente a prática de crime, Wanderlêi Araujo, Leandro Nascimento Longo, Manoel João Leal, Marcos Halley da Silva Klein, Aderlã de Oliveira Frez, Maria Conceição Costa e Samara Thuller de Oliveira, por injúria real e constrangimento ilegal. Um dia antes do evento, por meio de um aplicativo de mensagens, Jailton incitou pessoas a comparecerem ao local para impedir a realização do encontro, que supostamente estaria programado com a finalidade de invadir terras.
Ainda segundo a denúncia, no dia 12 de agosto do ano passado, "os outros sete denunciados compareceram ao local, acompanhados de várias outras pessoas, não identificadas, e passaram a xingar a deputada, que foi violentamente empurrada para fora do coreto da praça de Lumiar, lugar onde acontecia o ato".
No texto, consta ainda que "os denunciados e seu grupo ainda passaram a arremessar líquidos e garrafas na direção da parlamentar".
Após o ocorrido, a parlamentar e seus apoiadores, escoltados pela Polícia Militar, seguiram até o pátio do posto de policiamento, onde realizaram a reunião. Segundo a denúncia, "acompanhados de perto pelos opositores, que continuaram a gritar palavras de ordem e jogar ovos e garrafas contra a parlamentar e seu grupo".
Ainda em agosto, o juiz Sérgio Roberto Emílio Louzada, titular da 2ª Vara Cível da Comarca de Nova Friburgo, concedeu uma tutela de urgência contra o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ), proibindo a realização de um ato para apoiar Marina, também no distrito de Lumiar.
Diante da situação, o deputado federal anunciou o cancelamento da manifestação, mas foi para Lumiar no dia marcado, acompanhado de um assessor, e conversou com alguns moradores sobre o motivo da não realização do ato.
Com isso, o deputado foi multado em R$ 1 milhão e teve suas contas bancárias, tanto pessoal quanto administrativa, bloqueadas. Segundo a decisão do magistrado, Glauber estava "afrontando a liminar vigente".
O MPRJ informou também que a Promotoria de Investigação Penal de Nova Friburgo propôs para outras três pessoas que praticaram crimes de menor potencial ofensivo as seguintes penalidades:
O pagamento de um salário-mínimo, proibição de se ausentar da comarca onde residem por mais de 20 dias, sem prévia autorização do juiz e comparecimento obrigatório à Justiça, a cada dois meses, para informar e justificar suas atividades.
Nas redes sociais, Marina comentou nessa segunda-feira, 1º, sobre a decisão da Justiça:
Foram meses de trabalho da nossa equipe e de expectativa de uma resposta do Sistema de Justiça que finalmente chegou. Em um dia como hoje, em que fomos às ruas para a 'Descomemoração dos 60 anos da Ditadura Militar', a decisão que reconhece o crime contra mim, uma parlamentar Sem Terra, nos mostra o caminho para a democracia que acreditamos e construímos com os movimentos sociais. Espero que as decisões jurídicas sejam coerentes com os encaminhamentos do excelente trabalho do Ministério Público Estadual e que sirvam para desmobilizar qualquer tentativa de impedir mulheres como eu de estarem em lugares de referência política no nosso estado e no nosso país.
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