Por que o estado do Rio de Janeiro autorizou antecipar a segunda dose da vacina da AstraZeneca?
Entenda o que está por trás da decisão e saiba se Araruama, Cabo Frio, Nova Friburgo e Teresópolis pretendem acatar a medida
Em razão da escalada da variante delta (que teve origem na Índia) no território fluminense e em todo o Brasil, o Governo do Estado do Rio de Janeiro autorizou nesta semana a antecipação da aplicação da segunda dose da vacina Oxford/AstraZeneca. O imunizante é o mais aplicado no momento em todo o estado.
Assim, os municípios fluminenses estão autorizados a mudar o intervalo entre a primeira e a segunda dose, que passa de 12 para oito semanas, com o objetivo de completar mais rapidamente os esquemas vacinais e reduzir as chances de circulação de novas variantes da doença.
O governador Cláudio Castro afirmou que essa é uma ação conjunta com as cidades, e não é uma decisão monocrática do estado. “Há uma preocupação com armazenamento pelos municípios para não haver perda de doses. Não há nenhum prejuízo nessa antecipação”, afirmou.
Fiocruz é contra
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), responsável pela produção do imunizante Oxford/AstraZeneca no Brasil, divulgou nota técnica defendendo a manutenção do intervalo de 12 semanas entre as doses, pois, segundo a instituição, esse espaçamento considera dados que demonstram uma proteção significativa já com a primeira dose e a produção de uma resposta imunológica ainda mais robusta quando aplicado o intervalo maior.
Ainda de acordo com a Fiocruz, o regime de 12 semanas permite acelerar a campanha de vacinação, garantindo a proteção de um maior número de pessoas.
“O regime de doses adotado pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) está respaldado por evidências científicas e qualquer mudança deve considerar os estudos de efetividade e a disponibilidade de doses”, diz trecho do comunicado da Fiocruz.
Segundo a instituição, em relação à variante delta, uma pesquisa da agência de saúde do governo britânico, publicada em junho, apontou que a vacina da AstraZeneca registrou 71% de efetividade após a primeira dose e 92% após a segunda para hospitalizações e casos graves. Os dados são corroborados também por um estudo realizado no Canadá, que apontou efetividade contra hospitalização ou morte, para a variante delta, após uma dose da vacina da AstraZeneca de 88%.
Adesão à antecipação
Nem todos os municípios do estado acataram a recomendação do governo estadual. É o caso da capital fluminense, o Rio, assim como Niterói e São Gonçalo. Já Duque de Caxias, Nova Iguaçu e Itaboraí anunciaram que vão antecipar a segunda dose.
A reportagem do Portal Multiplix consultou as prefeituras das quatro maiores cidades da área de cobertura do site, todas com mais de cem mil habitantes - Nova Friburgo, Teresópolis, Araruama e Cabo Frio - para saber sobre a antecipação das doses. Confira abaixo as respostas.
Região Serrana
A Prefeitura de Nova Friburgo anunciou em nota que optou por não antecipar e vai cumprir o calendário vacinal com espaçamento de 12 semanas para a segunda dose. O município disse ainda que a previsão é de que todos os munícipes receberão a primeira dose até o início de agosto, e a segunda aplicação da população acima de 18 anos deverá terminar em dezembro.
A Prefeitura de Teresópolis informou que não vai aderir à antecipação do intervalo entre as duas doses da vacina Oxford/AstraZeneca, com base em nota técnica da fabricante da vacina no Brasil, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Região dos Lagos
A Prefeitura de Araruama disse ao portal que tem sim a pretensão de antecipar a aplicação, porém, dependerá das doses que chegarem. Conforme o recebimento das novas doses, as mudanças serão anunciadas.
Por fim, a Prefeitura de Cabo Frio informou que está avaliando a orientação do estado e que a equipe técnica da Secretaria de Saúde está fazendo um levantamento sobre os estudos realizados sobre o intervalo de tempo para aplicação da segunda dose.
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