Pandemia causa efeitos ruins na Educação Básica, segundo dados do último censo escolar
Alta taxa de aprovação de alunos nos últimos dois anos contradiz resultado de teste aplicado pelo MEC; 54% não tinham habilidades básicas de leitura
Um dos setores que mais sofreram impactos no período de pandemia, sem dúvidas, foi o da Educação. As salas de aula foram substituídas pela tela do computador e as consequências foram: evasão escolar e defasagem no aprendizado, segundo revelam os dados do último censo escolar, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que é vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
Na Educação Básica, o impacto no número de matrículas foi grande. Em 2021, foram contabilizadas 46,7 milhões de matrícula nas 178,4 mil escolas de Educação Básica no Brasil, cerca de 627 mil matrículas a menos em comparação com o ano de 2020. Uma redução de 1,3%.
As matrículas em creches também caíram. Um total de 9%, de 2019 a 2021. Atualmente, 3,4 milhões de crianças estão matriculadas em unidades de todo o país, contrariando o que diz o Plano Nacional de Educação, que prevê um atendimento para cerca de 5 milhões de alunos.
Na Pré-Escola, houve uma queda nas matrículas de quase 10%. Em 2020, 93,5% dos alunos com 5 anos estavam matriculados. Já em 2021, esse percentual caiu para 83,9%. Uma diferença de quase 300 mil estudantes a menos nas salas de aula.
Para o Ensino Médio, o cenário se transforma, em partes. Foram registradas 7,77 milhões de matrículas em 2021, o que representa um acréscimo de 2,9% em relação ao ano anterior. Em contrapartida, houve uma elevação abrupta na taxa de aprovados entre 2019 e 2020.
A medida foi influenciada no planejamento curricular das escolas frente à pandemia de Covid-19 e está alinhada às recomendações do Conselho Nacional de Educação (CNE) e de organismos internacionais, como a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura (Unesco) e o Fundo das Nações Unidas de Educação (Unicef).
A decisão foi adotada para que os objetivos de aprendizagem fossem efetivamente cumpridos e, de certa forma, fossem minimizadas a retenção e o abandono escolar. Mas a decisão não parece ter alcançado o êxito esperado, já que resultados específicos divulgados pelo Ministério da Educação não são nada satisfatórios em relação ao aprendizado de matemática e português nos estudantes da Educação Básica das redes públicas e particular.
Os mais de 3,2 milhões de alunos de ensino médio que fizeram o teste acertaram apenas 27% das questões de matemática sobre habilidades básicas, como cálculos simples com números decimais, e metade das questões básicas de língua portuguesa, como as que tratam de interpretação.
E os resultados da avaliação do impacto da pandemia em matemática e língua portuguesa no ensino fundamental foram muito ruins: 71% dos estudantes que chegaram ao terceiro ano não desenvolveram conhecimentos para fazer contas básicas de matemática; metade dos alunos chegou ao quinto ano com essa deficiência; 54% não tinham habilidades básicas de leitura, como reconhecer os personagens de uma história.
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