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Ainda há chance de uma terceira onda da pandemia? Infectologista de Nova Friburgo alerta que sim

Especialista explica como surgem e quais são as principais variantes da Covid-19, e reforça a necessidade de a população manter os cuidados como uso de máscara e álcool em gel

Por Matheus Oliveira
14/07/21 - 08:58
Ainda há chance de uma terceira onda da pandemia? Infectologista de Nova Friburgo alerta que sim Variantes do Sars-Cov2 se espalham pelo mundo e causam preocupação nas autoridades de saúde | Foto: Banco de Imagem

O surgimento de variantes do novo coronavírus causou, nos últimos meses, preocupação em todo o mundo e fez até as autoridades de saúde considerarem a possibilidade de uma terceira dose de vacina para conter as mutações do vírus. Além disso, essas ramificações do Sars-Cov2 causaram aumento de casos em países como Estados Unidos e Israel, que possuem campanhas de vacinação em estágios avançados.

A infectologista de Nova Friburgo, Délia Engel, cita quatro variantes como as mais transmissíveis e que geram mais preocupação. São elas:

  • Alfa – originalmente encontrada no Reino Unido – B.1.1.7

  • Beta – originalmente encontrada na África do Sul – B.1.351

  • Gama – originalmente encontrada no Brasil – P.1

  • Delta - originalmente encontrada na Índia – B.1.617.2

Além destas mutações, outras já encontradas em todo o mundo são a Epsilon (Estados Unidos), Zeta (Brasil), Eta (vários países), Theta (Filipinas), Iota (Estados Unidos), Kappa (Índia) e Lambda (Peru).

Segundo a médica Délia Engel, as variantes surgem a partir de alterações na estrutura do Sars-Cov2 e a identificação de cada mutação ocorre através do sequenciamento genético do vírus.

“As variantes surgem a partir de alterações na estrutura genômica do vírus durante a replicação viral. Elas surgem de forma aleatória e as chances aumentam quando há grande presença de vírus circulando. É o que ocorreu em Manaus, no Reino Unido e agora na Índia. Nestes locais, existe uma grande quantidade de vírus circulando, consequentemente se multiplicando e favorece a chance de surgimento das variantes”, afirma.

A infectologista destaca que a variante Delta parece ser de 2 a 3 vezes mais transmissível que a Gama e se tornou a mutação que mais tem gerado preocupação aos especialistas.

“Ela é a responsável por 90% dos casos atuais do Reino Unido. Já foi detectada no Brasil a partir de disseminação comunitária. Isso significa que não ocorreu após contato com alguém vindo de uma região onde ela é frequente. Como tem maior poder de contaminação, é uma preocupação a mais para o Brasil. Pode ser responsável por um novo aumento no número de casos”, avalia.

Chance de terceira onda?

Com uma média móvel de 1.296 mortes diárias nos últimos 15 dias e o menor número de casos desde janeiro, registrado no último dia 12 de julho, o Brasil apresenta queda nos números da Covid-19.

Questionada se as variantes podem trazer uma terceira onda ao Brasil, Délia Engel acredita que sim, e que ela pode ocorrer em razão de outros fatores.

“A terceira onda pode vir mesmo sem ter a variante Delta como causa", diz. "A total falta de um comando central diante do enfrentamento da pandemia e ainda as mensagens negacionistas em relação à importância das medidas como distanciamento social e uso de máscara confundem à população, que já está cansada e acaba não acreditando nas orientações dos profissionais da saúde. Desta maneira, o que vemos é o aumento da exposição e aglomerações”, ressalta.

“Não se pode aceitar que governantes continuem a desacreditar que vivemos uma situação gravíssima com mais de 500.000 mortos no país. O que temos a oferecer são as medidas de isolamento social, o uso de máscara e de álcool em gel. Não existe até o momento nenhuma medicação para prevenir a doença ou para ser usada na primeira fase da Covid”, orienta a médica infectologista.

Copa América e nova variante

A disputa da Copa América no Brasil, entre 13 de junho e 10 de julho, em quatro cidades, (Cuiabá, Goiânia, Rio de Janeiro e Brasília), e que contou com a vinda de nove delegações estrangeiras, trouxe uma nova variante ao país.

Trata-se da B.1.621, encontrada primeiramente na Colômbia e já identificada em outros países como Equador e Estados Unidos.

A presença da nova cepa foi confirmada pelo Instituto Adolfo Lutz, que fez o sequenciamento genético dos testes em São Paulo.

Os resultados apontaram que as pessoas com a nova variante são homens de 37 e 47 anos oriundos da Colômbia e do Equador.

Vale lembrar que as seleções da Colômbia e Equador se enfrentaram no dia 13 de junho, em Cuiabá, na rodada de abertura da Copa América.

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