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Baixa cobertura vacinal preocupa especialistas; no estado do RJ, apenas a BCG atingiu a meta em 2024

Na última semana, dois casos de sarampo em crianças menores de 1 ano foram confirmados em São João de Meriti

Por Eliandra Bussinger
20/03/25 - 10:56
Baixa cobertura vacinal preocupa especialistas; no estado do RJ, apenas a BCG atingiu a meta em 2024 Segundo o painel do Ministério da Saúde, 15 dos 19 imunizantes disponíveis no PNI têm índices acima de 70%, mas ainda estão abaixo do ideal | Foto: Reprodução/Tânia Rêgo (Agência Brasil)

Apenas a BCG, vacina que protege contra as formas graves da tuberculose, atingiu a meta de cobertura vacinal no estado do Rio de Janeiro no último ano.

Segundo o painel do Ministério da Saúde, com informações da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), 15 dos 19 imunizantes disponíveis no Programa Nacional de Imunizações (PNI) têm índices acima de 70%, mas ainda estão abaixo do ideal.

As vacinas contra febre amarela, varicela e a segunda dose da tríplice viral, que previne contra o sarampo, a caxumba e a rubéola, têm os piores indicadores: em todo o estado, atingiram menos de 70% de aplicações. O objetivo para esses imunizantes é alcançar 95%.

Ricardo Gurgel Queiroz, membro do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), aponta que "isso revela que um número considerável de crianças está em risco de ter doenças que são preveníveis com vacina".

Para o pediatra, um dos grandes problemas para se chegar à cobertura vacinal adequada é que as pessoas deixaram de ver os efeitos dessas doenças na saúde infantil, como as internações e a mortalidade.

Acham que isso não acontecerá novamente. É preciso que as pessoas se conscientizem que, ao não vacinar os filhos e com as coberturas baixas, vai fazer com que essas doenças ressurjam. A vacinação é individual, mas funciona quando toda a população está imunizada, ressalta o especialista.

Outro desafio apontado por Ricardo é a propagação de fake news, que faz com que as pessoas se sintam intimidadas e com medo de se vacinarem.

Nesse cenário, o médico alerta que o impacto da não vacinação pode acontecer rapidamente:

O que vai acontecer é o ressurgimento de surtos de doenças que estavam controladas ou erradicadas. É importante que todos se vacinem e as crianças sejam imunizadas na época adequada para que todos fiquem protegidos.

Sarampo

Altamente contagioso e até mesmo fatal, o sarampo é uma doença que volta a preocupar a saúde pública brasileira.

De acordo com a diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Flávia Bravo, a circulação do vírus é "uma ameaça constante", ainda mais em um contexto de surto em diversos países das Américas.

No início do mês, a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) emitiu um alerta para que os países intensifiquem os esforços de vacinação e vigilância epidemiológica, além de fortalecerem a capacidade de resposta rápida para conter e controlar surtos.

Segundo a Opas, foram confirmados 268 casos de sarampo já neste ano, incluindo um óbito, na Argentina, Canadá, México e Estados Unidos:

Esse número representa um aumento significativo em comparação com o mesmo período de 2024, quando 60 casos foram registrados nas primeiras oito semanas do ano, afirmou a entidade.

Para Flávia, a partir do momento que existem surtos em outros países, "é muito fácil um vírus de fora chegar aqui":

Quando ele se instala e é transmitido internamente, tem o retorno da situação que vivíamos antigamente: sarampo com uma carga de doença que leva à internação e risco de morte (...) É preciso estabelecer estratégias para aumentar a cobertura vacinal para atingir a meta, pois quando estamos na meta casos como esses não acontecem.

Casos recentes

No último sábado, 15, a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) confirmou dois casos de sarampo no município de São João de Meriti, na Região Metropolitana do Rio.

Essas ocorrências, segundo a SES-RJ, são de duas crianças menores de 1 ano de idade e da mesma família, atendidas em 2 de março numa unidade de pronto atendimento do município e transferidas para um hospital da rede federal no Rio de Janeiro. As duas tiveram alta médica na quinta-feira, 13.

Diante das confirmações, as equipes de Vigilância Epidemiológica, Atenção Primária e de Imunização da SES-RJ cumpriram protocolo de visita técnica preconizado pelo Ministério da Saúde para orientar os técnicos da Vigilância Epidemiológica municipal.

Além disso, um alerta com nota técnica também foi enviado às coordenadorias de Vigilância dos 92 municípios do estado.

A diretora da SBIm pontua que essa ocorrência é um "exemplo claro" dos efeitos da baixa cobertura vacinal e "o preço que se paga" quando não há vacinação.

É preciso ressaltar que eles têm menos de 1 ano de idade, ou seja, não estão em atraso de vacinação pois só começa aos 12 meses. Essas crianças sucumbiram ao problema da baixa cobertura vacinal (...) É um exemplo de vida real: se eu tenho a cobertura alta, eu não tenho circulação de vírus e as crianças, antes da vacinação, ficam protegidas pois não há transmissor, explica.

A especialista alerta para os baixos índices de cobertura vacinal no estado e reforça que uma pessoa só pode se considerar protegida com as duas doses da vacina, aplicadas a partir de 1 ano de idade.

Os dados indicam que parte da população alvo, as crianças, não está completamente vacinada. Elas estão desprotegidas e podem contrair e transmitir, inclusive, para aqueles que são protegidos pela imunidade coletiva. Ou seja, a não circulação do vírus decorrente da alta cobertura vacinal, afirma.

Ao Portal Multiplix, a secretaria informou que as investigações subsequentes ao caso ainda estão em andamento e que a equipe de Vigilância Epidemiológica da SES-RJ tem apurado as informações para determinar a origem da contaminação.

A pasta ressaltou ainda que os resultados não interferem no selo que o país possui de "país livre do sarampo":

De acordo com critérios internacionais, os casos não interferem no status do Brasil como país livre da circulação do vírus do sarampo, da rubéola e da Síndrome da Rubéola Congênita, reconquistado em novembro de 2024. Casos esporádicos são comuns e têm sido reportados por outros países.

Em 27 de fevereiro, a secretaria já havia confirmado um outro caso isolado de sarampo, em Itaboraí, também na Região Metropolitana do Rio, de uma criança de 6 anos. A origem da infecção não foi identificada.

Os técnicos da Vigilância estadual afirmam que o caso de Itaboraí e os de São João de Meriti não têm relação entre si.

Nesse contexto, a SES-RJ enfatizou que "é indispensável acompanhar a caderneta de vacinação das crianças, que segue como a medida mais efetiva para a prevenção do sarampo e o controle de surtos e epidemias".

O imunizante é oferecido de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde para a população de 12 meses a 59 anos, de acordo com as indicações do Calendário Nacional de Vacinação de rotina.

O esquema completo consiste em duas doses para pessoas de até 29 anos e uma dose para adultos de 30 a 59 anos. Já para as crianças, a vacinação deve ser aplicada aos 12 e 15 meses de idade.

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