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E depois?

"Só há um tempo em que é fundamental despertar. Esse tempo é agora." (Buda)

Por George dos Santos Pacheco
29/09/21 - 12:00

Diz-se que três caras participavam de uma entrevista de emprego. Se eram homens, mulheres, jovens, idosos, americanos, brasileiros ou portugueses... realmente não importa. Não vem ao caso. Basta-nos que eram três caras. Todos vestidos sobriamente, portadores de currículos invejáveis, possuíam experiência profissional para ninguém por defeito. Difícil decidir entre eles.

A principal questão da arguição, a pergunta magna, era “O que você gostaria que dissessem no seu velório?”. O primeiro suspirou, surpreso, e respondeu: “Gostaria que dissessem que eu sempre fui uma pessoa honesta, justa e trabalhadora, que gostava de desafios e que não se curvava diante das dificuldades”. O segundo replicou, confiante: “Queria que se lembrassem de mim como alguém que sempre batalhou na vida e nunca teve vergonha de aprender algo novo, muito dedicado e zeloso”.

Foi aí, terráqueos, que o terceiro matou a pau. Perguntado sobre o que queria que dissessem no seu velório, ele nem titubeou: “Olha gente! Ele está respirando!”, exclamou com desenvoltura e empolgação. Ficou com o emprego, é claro.

Quanto otimismo! Mais do que isso: positividade, é disso que se trata.

Vivemos tempos difíceis, não há como negar e, em tempos como este, nada mais natural do que imaginar o fim do túnel, a bonança após a tempestade. É como aquele velho macete de pensar em outra coisa enquanto na cadeira do dentista, com o motorzinho zunindo dentro da boca. Já fizeram isso? Eu já.

Em nosso contexto pandêmico, há sempre alguém a perguntar o que faremos quando isso acabar, tal como em qualquer filme de guerra que se preze. É, claro, trata-se de um exercício de esperança – e não há mal nenhum nisso.

E depois? “Depois o café esfria, depois a prioridade muda, depois o encanto se perde, depois o cedo fica tarde, depois a saudade passa”.

Não me julgue ainda, cara pálida, pois me explico mais rápido do que possa imaginar. Embora pensar num futuro próspero seja um exercício de esperança, também pode ser um gatilho para a ansiedade. A diferença (nem sempre sutil) entre o remédio e o veneno é a dose. Devemos fazer planos? É claro que sim, quanto mais numa situação dessas. Haja positividade, vacina e álcool em gel! Só não devemos deixar de viver. “Olha gente! Ele está respirando!”.

Para você que sintonizou agora a rádio Pachecão FM no seu dial... o que quero dizer (se é que quero dizer alguma coisa) é que ninguém deixou de viver durante as guerras, as grandes epidemias, as crises econômicas, no sentido mais prosaico e ordinário da palavra. Casaram, tiveram filhos, realizaram festas... viveram, com todas as limitações impostas em cada situação. Porque a vida, ansioso terráqueo, a vida é agora.

Eu posso até ser acusado de negacionista (e mais um monte de -ista, afinal é o sufixo da moda), não me importo. Entretanto, levante a mão aí quem não participou de nenhum churrasco com a família durante a pandemia. Atenção, só vale se tiver sido com a família. Peraí: um, dois... três com aquele rapaz ali... mais alguém? Pois é.

Nossa entrevista de emprego é todo dia e cada um sabe o que responder na hora da pergunta fatal (ou não). O que eu pretendo fazer quando a pandemia acabar? Ora, e eu sei lá! Confesso que não tinha pensado nisso. De repente eu compre um rancho, abra um bar, escreva um livro... Blah! Não importa. Eu quero é viver, feito o cara da entrevista, estar respirando. E depois... bem. Depois é depois.


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