As lições que estamos tirando da tragédia no Sul do Brasil

Temos diante dos olhos os fatos que revelam a dramaticidade da tragédia socioambiental que vive o nosso querido Estado do Rio Grande do Sul. Gestos de tristeza e solidariedade estão presentes em nossas mentes e corações, sobretudo de um estado que tanto nos orgulha pelas riquezas culturais, econômicas e ambientais, além de um povo que carrega consigo determinação e valores que enriquecem a nossa brasilidade.

Já faz alguns anos que as ciências vêm nos alertando que as mudanças climáticas acarretariam alterações ambientais sérias, sobretudo nas regiões Norte e Sul do Brasil, com consequências dramáticas para o meio ambiente e as populações que vivem nestas regiões. Infelizmente, a ausência de uma política pública de prevenção em nosso país, tem nos deixado expostos às alterações do clima, cuja escala macro está acima de nossa capacidade de evitar as tragédias sociais e ambientais. Embora falamos muito em mitigação e adaptação, na prática, estamos muito aquém dos ideais propostos. A lentidão de nossas ações concretas não corresponde à rapidez das mudanças climáticas, onde com mais frequência estamos sendo surpreendidos com desequilíbrios socioambientais em nível global, regional e local. Na realidade, a problemática ambiental ainda não foi colocada no centro de nossas preocupações governamentais, embora um dos objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS) das Nações Unidas, tem insistido nas ações contra a mudança global do clima.

Hoje estamos vivenciando os desdobramentos da tragédia que assolou o Estado do Rio Grande do Sul, alertando-nos sobre os cuidados que devemos ter com as nossas cidades, principalmente no que se refere às ocupações e desmatamentos de encostas; a manutenção do sistema de drenagem dos rios; a recomposição vegetal nas margens das bacias hidrográficas; o mapeamento das áreas de abrigos para os refugiados, caso ocorra uma tragédia; as políticas públicas mais eficazes na expansão habitacional em áreas de riscos; uma maior articulação dos sistemas básicos de saúde, socorros e assistência social, em situações emergenciais; a manutenção de bueiros para o escoamento das águas pluviais em áreas urbanizadas; o tratamento do lixo e aterros sanitários; e a prioridade nos processos de educação ambiental nas escolas e comunidades. Quanto a esse último, cremos ser fundamental uma política pública mais eficaz, envolvendo os setores públicos, privados e às organizações da sociedade civil.

A Lei nacional 9.795/1999, da educação ambiental, deveria reverberar melhor em nossos estados e municípios, ajudando no processo de reeducação de hábitos e contribuindo para a prevenção, mitigação e adaptação, exigências fundamentais nas mudanças climáticas.