De olho nos termômetros: entenda por que medidores de rua marcam temperaturas diferentes das estações oficiais

A onda de calor tem levado as pessoas a ficarem mais atentas aos termômetros. Com isso, as diferenças entre as medições oficiais e os termômetros de rua ou de aparelhos digitais têm chamado a atenção e gerado a dúvida: qual é o mais preciso e confiável?

A meteorologista Morgana Almeida, do Instituto Nacional de Meteorologista (Inmet), explica que as estações meteorológicas são instaladas de acordo com um padrão internacional estabelecido pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), cujo o ambiente reflete as condições da atmosfera livre, com menor influência de fatores construtivos:

Além disso, os sensores ficam localizados em abrigos meteorológicos que permitem a ventilação, sem interferência do aquecimento radiativo provocado pela exposição solar. Outro ponto relevante diz respeito à calibração dos sensores, pois as estações seguem um rígido padrão de qualidade.

Já os termômetros de rua, segundo a especialista, sofrem influência de diversos fatores externos, como edificações urbanas, pavimentação e inúmeros gases poluentes emitidos por veículos, que alteram os números registrados.

[Esses agentes] emitem radiação de onda longa e, consequentemente, geram calor adicional ao calor gerado pela radiação solar. Muitas vezes, o abrigo onde os sensores estão instalados não são adequados, não tem ventilação ou permitem o aquecimento pela própria exposição aos raios solares, ressalta.

Esses medidores de rua, no entanto, "desde que calibrados e instalados da maneira correta, refletem as condições ambientais daquele microclima urbano, porém, não são os mais adequados para estudos climáticos".

Além das diferenças entre os termômetros, outro fator influencia a percepção de calor: a sensação térmica, que engloba aspectos fisiológicos, psicológicos e ambientais.

Segundo a meteorologista Andrea Ramos, além da temperatura registrada, a sensação térmica também leva em conta umidade do ar.

A sensação de calor pode aumentar ou diminuir de acordo com o nível de umidade no ar (...) De modo geral, trata-se da temperatura que a pele sente e isso varia de pessoa para pessoa. Tem aqueles que são mais friorentos ou calorentos. Todas essas questões alteram significativamente a percepção do calor, explica a especialista.

Receba as notícias das regiões Serrana e dos Lagos no Rio direto no WhatsApp. Clique aqui e inscreva-se no nosso canal!