Inteligência artificial que conversa com você; saiba como usar o ChatGPT, 'queridinho do momento' na internet

O avanço no desenvolvimento das tecnologias de inteligência artificial (IA) tem revolucionado a ciência e impactado as mais diversas áreas, desde a saúde até a indústria.

São vários os sistemas criados recentemente por laboratórios de todo o mundo, e que funcionam como uma espécie de extensão do cérebro humano.

As mais comuns e acessíveis à sociedade, até agora, são os chamados ‘chatbots’ - programas de computador projetados para simular uma conversa através de texto ou voz, permitindo que os usuários interajam de maneira natural, como se estivessem conversando com uma pessoa real.

Atualmente, existem dezenas de sistemas desse tipo. O mais famoso deles é o ChatGPT, desenvolvido pelo laboratório de pesquisa norte-americano OpenAI. A ferramenta tem causado grande impacto na comunicação entre humanos e máquinas.

Febre no mundo virtual, o sistema atingiu 100 milhões de usuários ativos mensais em janeiro deste ano, apenas dois meses após o seu lançamento. Assim, ele superou a rede social chinesa TikTok e se tornou o aplicativo de consumo que apresentou o maior crescimento rápido da história, de acordo com o banco suíço UBS.

• Afinal, como o ChatGPT funciona?

Segundo Manoel Fernandes, diretor da Bites, agência paulista especializada em dados, uma inteligência artificial só pode existir a partir da presença de três variáveis: dados em abundância, poder computacional extraordinário e recursos financeiros para garantir o trabalho.

No caso do ChatGPT, a sua base primária é todo o conhecimento gerado na internet até setembro de 2021. Dessa forma, o chatbot não responde a partir de consultas em tempo real à rede.

Utilizando o conhecimento de machine learning - quando o computador é treinado centenas de milhões de vezes para obter a melhor resposta - o ChatGPT alcança aquilo que aparenta ser uma consulta em tempo real, sem exatamente fazer isso. Funciona mais como uma grande biblioteca, na qual já foram feitas todas as perguntas possíveis e que continua sendo alimentada por seus usuários, na medida em que vai sendo usado.

• Como utilizar?

O serviço tem duas opções de uso: gratuita ou com um plano mensal de US$ 20 (aproximadamente R$ 100, na cotação atual).

Para começar a usar, é preciso acessar o site e criar uma conta. Depois de concluído o cadastro, o usuário pode entrar no serviço usando seu email e senha, e será direcionado para a tela do bate-papo.

Vale destacar que o chat possui diretrizes de uso, e não fornece respostas para conteúdos considerados ofensivos e desrespeitosos, como piadas com classes sociais, gêneros sexuais e etnias, entre outros.

Um exemplo é a reação do sistema diante da demanda do usuário por uma piada de teor machista.

Veja na imagem:

ChatGPT só fornece respostas baseadas em princípios éticos e de uso responsável | Foto: Reprodução/ChatGPT

• Benefícios

São muitas as possibilidades oferecidas pela inteligência artificial. Entre as principais está a capacidade de aprendizado constante, o que significa que quanto mais é usado, mais ele se aprimora e se adapta às necessidades do usuário.

Seja para pessoas ou empresas, sua tecnologia avançada pode ajudar a aperfeiçoar a produção de conteúdo e fazer tradução automática para muitos idiomas, assim como criar mensagens instantâneas e personalizadas para atendimento ao cliente.

Outra incrível ferramenta do ChatGPT é o poder de gerar códigos instantaneamente, tornando-se um recurso poderoso para desenvolvedores e programadores.

Como mostra a imagem abaixo, a ferramenta forneceu, em segundos, uma linha de código para a linguagem 'Java':

Banco de dados abundante permite ao ChatGPT gerar respostas rápidas e eficientes | Foto: Reprodução/ChatGPT

• Riscos

Com tantos recursos e funcionalidades, há quem diga que o ChatGPT e outras IA’s representam um risco à sociedade e, em especial, ao mercado de trabalho.

Para o analista Manoel Fernandes, da Bites, tais tecnologias são revolucionárias, mas não devem causar uma crise:

Não acredito em colapso. Já passamos por situações semelhantes na história da humanidade e conseguimos nos ajustar para chegarmos até aqui. Os desafios são grandes, mas possíveis de serem resolvidos se entendermos qual papel a tecnologia deve exercer sobre as nossas vidas. As IA's são mais uma opção de ferramenta que a humanidade dispõe.

• O ChatGPT é seguro?

No fim de março deste ano, a Itália se tornou o primeiro país do Ocidente a bloquear o programa. A autoridade de proteção de dados da nação europeia relatou, na ocasião, preocupações com a privacidade dos usuários. Em comunicado à emissora britânica BBC, a OpenAI, desenvolvedora do sistema, alegou cumprir as leis de privacidade.

De acordo com Manoel Fernandes, a atitude do governo italiano foi precipitada:

A segurança está diretamente ligada à capacidade da sociedade em gerenciar essas novas tecnologias, com o objetivo de preservar o que temos de melhor e afastar aquilo que nos ameaça. Entender o fenômeno e usá-lo em benefício das pessoas é mais fácil do que proibir e perder o controle da situação.

Também no mês passado, o bilionário Elon Musk e mais de mil pesquisadores, especialistas e executivos do setor de tecnologia publicaram uma carta aberta pedindo para que empresas do mundo inteiro fizessem uma pausa de seis meses no desenvolvimento de novas ferramentas de inteligência artificial.

Para o grupo, os protocolos de segurança compartilhados para projetos dessa complexidade deveriam ser desenvolvidos, implementados e auditados por especialistas independentes.

Em sua análise, Manoel Fernandes alega que eventuais paralisações nos avanços desses sistemas não são opções eficientes:

Entendo a preocupação e ela deve ser amplamente considerada, mas acho que essa quarentena não vai gerar resultado. Não há como promover uma desaceleração nesse momento. Além do ChatGPT, existem 31 modelos semelhantes sendo treinados por empresas. O que deve ser feito é uma articulação para debates constantes sobre o uso de IA’s em nossas vidas e os reais impactos sobre o futuro da humanidade.

Fundador da Bites, Manoel Fernandes é um defensor do uso estratégico das IA's | Foto: Reprodução/Bites

• Outras IA’s, além do ChatGPT

Existem várias outras inteligências artificiais semelhantes que já foram desenvolvidas ou estão em processo de treinamento. Com os avanços rápidos na área de pesquisa, uma ampla gama de modelos de linguagem, assistentes virtuais e chatbots têm sido criados por empresas de tecnologia, universidades e pesquisadores em todo o mundo.

Essas inteligências artificiais podem ter diferentes arquiteturas e voltadas a para diversos setores.

A rápida evolução desses sistemas tem possibilitado o desenvolvimento de soluções cada vez mais sofisticadas e adaptáveis às necessidades específicas de cada aplicação. Algumas delas são:

• Bard (Google)

O Bard é a resposta do Google ao desafio de criar uma inteligência artificial para lidar com uma gama de tarefas e aplicações. Atualmente, o sistema está restrito ao idioma inglês, apesar de afirmar compreender outras línguas, como o português, porém sem efetivamente responder a perguntas nesse idioma. Segundo o Google, o Bard ainda está em fase de aprimoramento para superar essas limitações e oferecer uma experiência mais completa e confiável aos usuários.

• ChatSonic (Writesonic)

O ChatSonic é uma ferramenta de criação de texto que promete responder a perguntas e produzir conteúdos em diversos formatos, como posts de blog, poemas, emails, entre outros. A Writesonic, empresa com atuação consolidada no mercado de inteligência artificial, é a responsável pelo seu desenvolvimento. Sua fonte de informação é o Google.

• Jasper Chat (UseProof)

Anteriormente conhecido como Jarvis, o Jasper é uma das ferramentas de escrita baseada em inteligência artificial mais utilizadas hoje. Sua tecnologia é voltada, principalmente, para empresas que buscam gerar conteúdo em prazos curtos. O sistema é de propriedade da empresa norte-americana UseProof.

É importante destacar que todas essas tecnologias, além de muitas outras na esfera da inteligência artificial, estão em constante desenvolvimento.

Para Manoel Fernandes, é evidente que esses recursos se tornarão cada vez mais fundamentais em diversas áreas, embora possam não ter tanto destaque em campos como as ciências humanas, por exemplo:

Essas tecnologias ainda estão em evolução e serão indispensáveis em muitas frentes, mas talvez não em todas. A medicina, as pesquisas científicas, logística e tecnologia já estão acelerando processos com uso intensivo de IA, mas há áreas em que elas talvez não avancem tanto, como a psicanálise e a sociologia.

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