De alma lavada! Carnavalesco cantagalense leva a Viradouro ao título do Carnaval carioca
Tarcísio Zanon, ao lado do companheiro Marcus Ferreira, fez a agremiação de Niterói conquistar o segundo troféu de sua história
Uma apoteose niteroiense foi a tônica da festa após a confirmação do segundo título da Viradouro na história do Carnaval carioca. Tal conquista contou com um toque do talento da Região Serrana. Isso porque, em seu primeiro ano na agremiação vermelho e branco, o carnavalesco Tarcísio Zanon, de 32 anos, natural de Cantagalo, faturou o título.
Em entrevista para o Portal Multiplix, ele conta detalhes do feito histórico e da alegria de representar a serra fluminense na Marquês de Sapucaí.
Tarcísio conquistou o título ao lado do seu companheiro – os dois são casados há quatro anos- Marcus Ferreira. Os carnavalescos já conquistaram títulos na Série A do Carnaval carioca. Tarcísio, venceu por duas vezes, o Grupo de Acesso pela Estácio de Sá, em 2015 e 2019. Na agremiação, trabalhou por cinco anos. Já Marcus, foi campeão pelo Império Serrano em 2017.
Ele conta que recebeu o convite após a saída de Paulo Barros, que retornou para a Unidos da Tijuca, e que a agremiação da Cidade Sorriso foi responsável por unir os trabalhos dele e do companheiro no Carnaval.
“A escola resolveu nos unir profissionalmente, parceria essa que deu muito certo e estamos muito felizes e acreditamos que a escola também”, afirma o carnavalesco.
Ele destacou o fato de representar sua cidade natal e grandes artistas que saíram do município serrano.
“Sou de Santa Rita da Floresta, distrito de Cantagalo, e representar a cidade é muito importante, pois foi onde vivi minha infância. Tive uma infância lúdica, solta e livre. O que me permitiu ter o imaginário criativo que tenho hoje e muitas lembranças vêm dessa infância maravilhosa. Também sinto que represento grandes nomes da cidade como Euclides da Cunha, Rogéria e Luma de Oliveira”, declara.
Ele celebrou ter conquistado o primeiro lugar no principal Carnaval do país e revela ter uma relação especial com a Viradouro e uma inspiração: o desfile de Joãozinho Trinta em 1997, ano do primeiro e até então, único título da escola.
“A Viradouro é uma escola que eu tinha uma relação afetiva muito grande. Quando eu era criança, eu assistia aos desfiles e me lembro que em 1997, eu vi o desfile desenvolvido pelo Joãozinho Trinta, “Trevas e Luz: A Explosão do Universo”. Fiquei fascinado com um carro totalmente negro e ali senti o desejo de trabalhar com o Carnaval, de fazer a arte’, conta Tarcísio, revelando que saiu muito cedo para estudar e chegou a morar em Niterói.
A ideia do enredo, “Viradouro de Alma Lavada” surgiu após um show da atriz e cantora Zezé Motta com o grupo Ganhadeiras de Itapuã, um grupo de mulheres negras de Salvador. Assim, decidiram contar a história dessa luta por liberdade no momento oportuno.
“Tínhamos esse enredo guardado para algum momento. E esse foi o momento exato e mágico. E quando fomos para a Viradouro surgiu essa chance. O enredo vem contando a história dessas mulheres que lutaram por liberdade, vieram escravizadas e puderam alforriar suas parceiras e familiares”, destaca.
Em uma apuração tensa, segundo o carnavalesco, a Viradouro virou a disputa com a Grande Rio no penúltimo quesito e gabaritou as notas de enredo e fantasia. A escola também levou o estandarte de ouro de melhor comissão de frente e melhor enredo.
Por fim, Tarcísio destaca que vai tirar férias e promete muito trabalho para repetir a dose em 2021.