Fisioterapeuta friburguense explica como enfrentar temporada do futebol em meio à pandemia
Júnior Arrais, que trabalhou no Serra Macaense, revela como prevenir lesões e recuperar jogadores durante maratona de jogos
A pandemia no novo coronavírus mudou a forma das pessoas realizarem suas atividades, se relacionarem e a maneira de diversos segmentos atuarem. No esporte, especialmente no futebol, não foi diferente.
Com a paralisação do calendário em março e o retorno das partidas cerca de três meses depois, o intervalo entre os jogos diminuiu e o desgaste físico dos atletas e lesões aumentaram. Assim, para entender as mudanças na rotina esportiva e como foi trabalhar em um momento tão diferente, a reportagem do Portal Multiplix conversou com o fisioterapeuta friburguense Júnior Arrais, que neste ano integrou a comissão técnica do Serra Macaense, de Macaé.
Vale lembrar que o adiamento do início e término das competições diminuiu a quantidade de datas disponíveis e fez com que os times passassem a jogar em um intervalo de três dias toda semana.
O profissional de Nova Friburgo que atuou na equipe do Norte Fluminense durante a disputa da Série B1, a Segunda Divisão do Estadual do Rio de Janeiro, destaca que o grande número de jogos e o aumento de lesões chamou a atenção.
“Nesta temporada, o aumento de lesões foi absurdo. No Serra Macaense mesmo, no momento em que cheguei, havia sete jogadores inativos por lesões (seis musculares e um trauma). Este é um volume considerável para uma equipe com 25 atletas. Porém, esse foi o retrato de muitos clubes, já que a situação atingiu a todos”, declara Júnior.
Ele comentou ainda sobre a sobrecarga dos atletas em relação ao grande número de jogos no curto espaço de tempo.
“As temporadas já são comumente desgastantes, e com a situação da Covid-19, tornou-se mais ainda, já que a preparação não foi a mesma, o monitoramento (treinos online) apesar de bem respaldado, encontrava-se longe de um cenário ideal. E com a volta das partidas, o volume de jogos ficou muito próximo, aumentando absurdamente o desgaste físico dos atletas, dificultando a manutenção da assiduidade de atletas nas partidas de suas equipes”, destaca.
O profissional da fisioterapia revela como é feito o trabalho para prevenir a grande incidência de contusões, mesmo com pouco tempo de recuperação disponível para os jogadores.
“Os trabalhos preventivos atualmente são o principal caminho e ferramenta para obtenção do sucesso físico do atleta, neste caso (da quarentena) não seria diferente, porém foi necessário reprogramar alguns pontos para que não houvesse índices de sobrecarga maiores do que o normal. Desta forma, a utilização do 'Recovery' foi muito mais explorada do que outras ações costumeiras, tendo atletas com sessões recuperativas por mais de um período, por dia e horários de sono controlados para auxílio dessa programação”, complementa.
Juninho, como é conhecido, destaca também o trabalho para os profissionais de departamento médico
“Os tratamentos por si só não mudam muito, os protocolos são mantidos juntos aos planejamentos e previsões estruturados para a recuperação, porém o volume de trabalho para os profissionais que tratam as lesões aumentou (passando até por seis períodos diários entre 10 a 12 horas de tratamento), já que a necessidade da recuperação dos atletas era de extrema importância para a continuidade dos compromissos dos clubes”, conclui.
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