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Mães pedem que alunos do pré-I e II em Friburgo continuem estudando em tempo integral: 'terei que deixar meu serviço'

Prefeitura diz que mudança acata uma das propostas do 'Compromisso Nacional Criança Alfabetizada' para abrir novas vagas

Por Kessia Coutinho
05/11/24 - 13:16
Mães pedem que alunos do pré-I e II em Friburgo continuem estudando em tempo integral: 'terei que deixar meu serviço' Mães fizeram ato pacífico em frente ao Nova Friburgo Country Clube pedindo para que o horário integral seja mantido | Foto: Divulgação

Pais e responsáveis por alunos de creches em Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, estão preocupados com mudanças realizadas na rede municipal de ensino.

Segundo um grupo de mães, algumas crianças que atualmente frequentam creches em tempo integral cursarão o pré-I e pré-II em período parcial no próximo ano. Em determinadas situações, além da redução do horário, será necessário transferir os alunos para outras unidades.

Na última sexta-feira, 1º, mães realizaram um ato pacífico em frente ao Nova Friburgo Country Clube, onde acontecia a Festa do Servidor, promovida pela prefeitura em celebração ao Dia do Servidor Público.

O ato contou com o apoio do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação de Nova Friburgo (Sepe-NF) e do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Vestuário de Nova Friburgo (STIVNF).

Ato pacífico foi realizado durante a Festa do Servidor no Nova Friburgo Country ClubeAto pacífico foi realizado durante a Festa do Servidor no Nova Friburgo Country Clube | Foto: Divulgação

De acordo com as mães que participaram do ato, ninguém da prefeitura atendeu às manifestantes:

Vimos o prefeito e a secretária de Educação, porém quando uma mãe foi falar com ele, foi passado que o mesmo ainda não tinha chegado. Infelizmente, o prefeito não está nem aí para essa situação.

Samara Muniz é vendedora e conta que a mudança de horário vai impactar sua rotina de trabalho:

Vou ter que sair do meu serviço para poder buscar e levar minha filha. A prefeitura infelizmente não está pensando nas famílias que dependem do integral para trazer sustento e conforto para seus filhos. Sem o integral fica inviável permanecer no mercado de trabalho.

Marcelene Cardoso, que também é vendedora, fala sobre as consequências da medida em seu cotidiano:

A rotina familiar irá mudar. Terei que deixar meu serviço, pois além de não ter rede de apoio, também não tenho condições de pagar uma escola particular.

Para a auxiliar de produção, Jennyfer Guerreiro, a situação não é diferente:

Primeiro que não tenho quem busque ou leve ela nesse horário fornecido pela prefeitura, então teria que sair do meu emprego. Nem todo mundo tem essa possibilidade de vizinhos, famílias, etc. Como você deixa uma criança de quatro anos com pessoas relativamente 'desconhecidas', como vizinhos? E hoje em dia, todo mundo precisa trabalhar, então as pessoas da família também não podem parar sua vida para tomar conta da criança.

As responsáveis relatam que o comunicado sobre a mudança foi feito pelas diretoras dos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) e que "nenhuma mãe ficou satisfeita com tal posicionamento".

Além disso, afirmam que um horário diferente foi oferecido a algumas mães, mas que não é suficiente para aquelas que precisam trabalhar:

Em algumas escolas foi oferecido manter as crianças de 7h30 as 16h, porém, não é isso que queremos. Nós, mães, queremos o integral, de 6h30 as 18h, diz Samara.

Geralmente, às 7h a gente já tem que estar dentro do serviço, e trabalhamos até 17h30, explica Jennyfer.

Já para Marcelene, nenhuma alternativa foi oferecida na instituição de ensino que sua filha frequenta:

No CMEI Maria Mafort nenhuma opção foi dada, apenas período parcial, o que não atende a minha necessidade e nem de outras mães.

Samara explica que, em alguns casos, a situação vai além do horário, pois a mudança de unidade escolar também preocupa:

Minha principal preocupação é com o cuidado, se ela [filha] vai estar assistida em todos os momentos por uma auxiliar. Fico pensando como que uma criança de quatro anos pode estar em um colégio com crianças muito maiores que ela. Eu acho extremamente perigoso.

Jennyfer ainda destaca a organização e a infraestrutura dos CMEIs para atender crianças menores:

Além do convivio com crianças maiores, a questão de não ter auxiliar me preocupa. Apenas uma professora não consegue dar conta de uma turminha com 20 alunos, sendo eles pequenos. Os CMEIs além de ter mais profissionais qualificadas para lidarem com crianças menores, o ambiente não oferece tanto risco como uma escola de ensino fundamental. Por exemplo, lá no complexo [em Olaria], tem ponte, tem rio, tem quadras, tem várias escolas misturadas.

Mudança no horário vai  impactar a rotina de trabalho de pais e responsáveis Mudança no horário vai impactar a rotina de trabalho de pais e responsáveis | Foto: Divulgação

O que diz a Prefeitura de Nova Friburgo

Em nota, o município, por meio da Secretaria de Educação, informou que a realocação de alunos já vem sendo realizada e que a ação visa atender "da melhor forma possível todas as crianças na educação infantil":

A realocação de alunos matriculados no pré-I e pré-II para escolas de ensino fundamental vem sendo realizada de forma gradativa atendendo, inclusive, uma das propostas do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada [garantir o direito à alfabetização das crianças brasileiras até o final do 2º ano do ensino fundamental], uma vez que o período de pré-alfabetização é uma etapa fundamental para o desenvolvimento das habilidades necessárias para a alfabetização.

A Secretaria de Educação explica que esse período é de adaptação para as crianças menores:

Na pré-escola, com a proximidade das turmas do primeiro e segundo ano, haverá a familiarização com o mundo da leitura e da escrita.

Segundo a prefeitura, a cidade oferece educação infantil em horário integral para 94% dos alunos matriculados em creches municipais (de zero a três anos):

Quando iniciou a gestão, em 2021, havia 1.714 crianças na fila de espera na busca de vagas de berçário ao maternal-III e 232 crianças aguardando para pré-I e pré-II, ou seja, quase 2 mil crianças fora de uma unidade educacional. Neste momento, temos um pouco mais de 100 crianças na fila. A fila de espera atual de zero a três anos, em horário integral, é de 117 crianças, ou seja, a fila será zerada em breve.

O Executivo tem a expectativa de abrir novas turmas no próximo ano para atender às crianças que aguardam na fila:

Para 2025, o município tem uma projeção de abrir 16 novas turmas em horário integral de berçário ao maternal, o que corresponderá a aproximadamente 220 novas crianças ingressando na educação infantil do município. Novas pactuações estão sendo realizadas com o Ministério da Educação para a ampliação da oferta da educação infantil em tempo integral a partir de 2025. Como resultado dos investimentos em infraestrutura, através das reformas, ampliações, construções, novas aquisições e a convocação dos profissionais do concurso público de 2023, o município zerou a fila de espera dos pré-I e pré-II.

Campanha 'Mães à Obra – filhos na creche e pré-escola'

O Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Vestuário de Nova Friburgo (STIVNF) lançou a campanha "Mães à Obra – filhos na creche e pré-escola". O objetivo é garantir o direito dos responsáveis de deixarem os seus filhos em ambientes seguros e em período integral, enquanto trabalham.

Diante disso, o STIVNF orienta que os trabalhadores da categoria que dependem de vaga no ano letivo de 2025, preencham um formulário de forma online ou presencial (avenida Alberto Braune, 04/116, no Centro, de segunda a quinta das 8h às 18h e sexta das 8h às 17h) com o objetivo de reunir o maior número de assinaturas para reivindicar a abertura de novas unidades escolares e garantir o acesso das crianças às creches e pré-escolas.

De acordo com o sindicato, a categoria dos trabalhadores do vestuário é composta por 90% de mulheres e, destas, 76% têm filhos em idade escolar. Um dos maiores problemas identificados é a falta de vagas para que as mães deixem seus filhos em uma instituição de ensino em horário integral na educação infantil.

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