Mais de 50 setores participam de novo Plano de Contingência para Estiagem e Incêndios Florestais em Nova Friburgo

Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, conta agora com um Plano de Contingência (Plancon) para Estiagem e Incêndios Florestais. O planejamento atende ao cumprimento da lei federal nº 12.608, de abril de 2012, e foi apresentado na última semana.

Ao todo, estão envolvidos direta e indiretamente, 54 órgãos na execução do projeto, entre eles: as secretarias municipais, o Corpo de Bombeiros, as polícias Ambiental e Militar, os grupos de radioamadores, o Sanatório Naval, a Secretaria de Estado de Educação, o Tiro de Guerra, a Delegacia de Polícia Civil, as concessionárias de água e de administração da rodovia RJ-116, o Departamento de Recursos Minerais (DRM) e várias outras instituições, inclusive o Parque Estadual dos Três Picos e a APA de Macaé de Cima.

Segundo a Defesa Civil municipal, não houve desafios para a implantação do Plancon em Friburgo. A secretaria acrescentou:

É possível trabalhar, massivamente, para estabelecer uma cultura de prevenção, não só nos órgãos de respostas, mas em toda a sociedade, para que seja criada uma cidade resiliente.

Apresentação do Plancon

O plano estabelece os protocolos e procedimentos a serem adotados pelos setores envolvidos na resposta às ocorrências causadas por estiagem e incêndios florestais, "a fim de reduzir os danos e prejuízos, e restabelecer a normalidade no menor prazo possível, com ações de socorro, assistência e reabilitação de cenários".

O acionamento dos recursos (humanos, financeiros e tecnológicos) é realizado conforme o nível operacional e as demandas resultantes do desastre.

Incêndios florestais

Neste mês, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) apresentou um estudo na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) informando que, só em março, foram registradas 106 ocorrências de incêndios florestais em território fluminense, que afetaram mais de 900 hectares de mata em dez cidades.

Já o estudo divulgado pelo MapBiomas, na semana passada, indica que cerca de 7,5 milhões de hectares de Mata Atlântica foram queimados nos últimos 40 anos no Brasil. Os números equivalem a 4% do total nacional e 6,8% em relação à extensão do bioma.

Em Nova Friburgo, a Defesa Civil enumerou as áreas mais vulneráveis de incêndio florestal na cidade: Parque Estadual dos Três Picos; APAs Estadual de Macaé de Cima e Municipal do Pico do Caledônia; pedras das Catarinas, do Imperador, e da Cruz; além dos parques Ecológico Cão Sentado, Juarez Frotté e diversas Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN).

A equipe de reportagem do Portal Multiplix conversou com Rodrigo Freitas, guarda-parques do Parque Estadual dos Três Picos (que esteve presente durante a apresentação do plano), e perguntou sobre o impacto do tempo mais seco, a frequência e a intensidade dos incêndios florestais no parque.

Rodrigo esclareceu que a estiagem é caracterizada por uma mudança climática extrema, com longos períodos sem chuva ou com pouquíssima precipitação, umidade do ar baixa e ventos fortes. É justamente nessa época do ano, aproveitando a vegetação seca, que as pessoas fazem queimadas para 'limpar' os terrenos ou pastos para trabalhar com a terra nas lavouras.

Por causa dos terrenos acidentados, o principal desafio é chegar ao local do incêndio | Foto: Rodrigo Freitas

Segundo o guarda-parques, "o problema é que, algumas vezes, o fogo acaba saindo do controle. Quando acontece na chamada zona de amortecimento do parque, o incêndio pode invadir a área da Unidade de Conservação, causando grande perda para a flora e fauna local", lamentou.

Rodrigo Freitas chamou a atenção ainda “para as fogueiras feitas por visitantes em áreas remotas do parque e que se não apagadas corretamente. Elas podem causar incêndios florestais”. E pontou:

Tem ainda os balões que, nessa época do ano, podem cair em uma área de mata e causar também um incêndio florestal. Guimbas de cigarro também podem causar incêndios se jogadas em capim seco ou vegetação rasteira queimada pelo frio.

O guarda-parques falou sobre o maior obstáculo para controlar um incêndio:

O principal desafio enfrentado no combate ao fogo, muitas vezes, é chegar a ele no parque. Por conta do terreno muito íngreme e acidentado, às vezes, demora-se muito para conseguir chegar ao fogo e fazer o combate direto.

Fogueiras feitas por visitantes em áreas do parque podem causar incêndios florestais | Foto: Rodrigo Freitas

Sobre as ações do novo plano, Freitas disse que todos os responsáveis estão em comunicação direta, e que "certamente teremos respostas rápidas com ações organizadas, caso haja necessidade de se fazer o combate a algum foco de incêndio". E concluiu:

Apesar de a área do parque [dos Três Picos] ser enorme, todos os guarda-parques possuem treinamento para combate direto a incêndios e recebemos atualizações no treinamento, anualmente.

Estiagem

De acordo com mapeamento do Plancon, os cenários de risco de estiagem são os bairros que poderão ser atendidos por abastecimento programado e alternado, como: Vilage, Vila Amélia, Vale dos Pinheiros, Parque da Pedra, Sítio da Pedra, Duas Pedras, Chácara Paraíso, Jardim Ouro Preto, Prado, Conselheiro Paulino e Maria Teresa.

E, em um período de longa estiagem no município, o estudo organiza a resposta equalizando o abastecimento através da integração dos sistemas, que é composto por 14 captações superficiais e 12 Estações de Tratamento de Água (ETAs). Juntas elas tratam, em média, 35 milhões de litros de água por dia. Este sistema é responsável pelo fornecimento para 166.646 pessoas.

Educação e conscientização

A Defesa Civil da cidade informou que o envolvimento da comunidade nas ações de prevenção se dará por meio de campanha de conscientização, como a que foi realizada no ano passado (e vai ser em 2024) pelo Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ), 6° Grupamento de Bombeiro Militar, Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade (Seas), por meio do Projeto Fumaça Zero e Defesa Civil estadual.

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