MPE pede cassação da chapa que reelegeu Cláudio Castro por suspeita de abuso de poder
Governador teve ampla vantagem de votos no estado. Senador Romário também teve as contas contestadas
O Ministério Público Eleitoral (MPE) pediu a cassação da chapa que reelegeu o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), e do seu vice, Thiago Pampolha (União Brasil) por suspeita de abuso de poder.
O governador foi reeleito no primeiro turno e venceu em 91 das 92 cidades do estado do Rio.
Em Nova Friburgo, na Região Serrana, Cláudio Castro teve 63,7% dos votos, o que significa que 63.607 eleitores friburguenses votaram nele. Em Teresópolis, ele ficou com 72,32% dos votos válidos, o que significa que 61.108 pessoas deram seu voto em Castro.
A Procuradoria Regional Eleitoral acusa o governador e o vice eleito de abuso de poder político e econômico, além de conduta vedada pelo uso de ‘folha de pagamento secreta’, com a efetivação de 27 mil cargos temporários na Fundação Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos do Estado (Ceperj) e a contratação de mais 18 mil nomes, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
Os desvios, de acordo com a denúncia, foram auditados pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE).
As penas para o caso incluem a cassação dos eleitos, inelegibilidade por oito anos e multa. Para os procuradores eleitorais, há vasto acervo de provas obtidas com o TCE, UERJ, testemunhas e outras fontes.
O Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ) afirma que identificou falhas na prestação de contas e que, por isso, deverá ser restituído o valor de R$ 223.900,00 ao Tesouro Nacional.
Esse montante diz respeito ao uso indevido de recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC).
De acordo com o relator do processo, desembargador eleitoral Allan Titonelli, tais irregularidades, entre outras reconhecidas pela Corte, não comprometem a confiabilidade das contas.
O valor total das falhas encontradas corresponde a 8,34% das despesas de campanha, atraindo a aplicação dos postulados da proporcionalidade e razoabilidade para permitir a aprovação com ressalvas.
Em nota, o governo do estado negou as acusações e disse que vai apresentar os esclarecimentos necessários à Justiça Eleitoral e comprovar a conduta idônea da chapa eleita no pleito ao governo do estado:
A Coligação Rio Unido e Mais Forte informa que vai apresentar os esclarecimentos necessários à Justiça Eleitoral, em tempo oportuno, para comprovar a conduta idônea da chapa eleita no pleito ao Governo do Estado. O governador Cláudio Castro e o vice-governador eleito, Thiago Pampolha, estão seguros de que todos os pontos levantados serão respondidos a fim de confirmar a lisura da chapa no processo eleitoral.
Senador Romário terá que devolver R$ 350 mil ao Tesouro Nacional
Romário deve devolver R$ 350 mil ao Tesouro Nacional | Foto: Divulgação/Assessoria Romário
O senador reeleito Romário de Souza Faria (PL) também teve as contas aprovadas com ressalva, por unanimidade, pela Corte Eleitoral fluminense.
Entre as falhas apontadas estão o pagamento de notas fiscais na contratação de empresa responsável pela comunicação social da campanha do candidato e na locação de equipamentos de informática, assim como outras irregularidades nos gastos com pessoal.
De acordo com o desembargador Allan Titonelli, que também foi o relator desse processo, “diversas foram as inconsistências e irregularidades reconhecidas e ressalvadas ao longo deste voto, cujo somatório alcança o percentual de 7% do total das despesas globais da campanha do candidato, perfazendo, ainda, o valor de R$ 350.230,82 a ser recolhido ao erário nacional”.
A reportagem também entrou em contato com a assessoria de comunicação do senador Romário, que garantiu que irá esclarecer à Justiça quaisquer dúvidas que possam ter ficado em relação ao processo eleitoral:
Estamos reunindo todo material necessário para sanar o que não ficou claro para o tribunal. Tenho certeza que não houve nenhuma irregularidade, mas pode ter havido imperícia. Estamos revisando o processo e vamos atender ao que for pedido pelo tribunal.
Vale frisar que cabe recurso das decisões ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília.
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