Casos de dengue crescem no RJ: Búzios e Cachoeiras de Macacu têm alta transmissão da doença
Estado do Rio já registrou mais de 47 mil casos da doença até o último boletim
O Governo do Rio de Janeiro, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ), divulgou na última semana um boletim sobre a situação epidemiológica da dengue no estado, com dados registrados até última terça-feira, dia 26 de dezembro.
A cidade de Búzios, na Região dos Lagos do Rio, por exemplo, está se mostrando com uma alta taxa de transmissão da doença. O poder público municipal também fez um alerta à população sobre os casos.
Em todos os 92 municípios, foi notada a tendência de aumento da transmissão, circulação acima do esperado e forte atraso nas notificações de casos.
A Secretária Estadual de Saúde, Claudia Mello, fez um alerta:
Das nove regiões do estado, sete apresentam municípios com número de casos muito acima do limite esperado para esta época do ano. Diante desse cenário, a Secretaria de Estado de Saúde tem reforçado as ações de treinamento no manejo da dengue para médicos e enfermeiros dos municípios e de sua rede própria, além de fornecer suporte e orientação aos municípios. É importante também que cada um faça a sua parte, para diminuir focos de proliferação do mosquito transmissor.
Até a última terça-feira, 26, o estado registrou 47.471 casos da doença, com 2.790 internações e 28 óbitos.
Situação em cada região
Mapa de incidência acumulada para cada uma das cidades do Estado do Rio de Janeiro | Arte: Reprodução/SES-RJ
De acordo com dados do estado, a região Metropolitana I é a que concentra o maior número de casos, com 87% deles na cidade do Rio de Janeiro, o que é uma quantidade acima do limite máximo esperado e importante atraso nas notificações, reforçando a tendência de alta transmissão de dengue no RJ.
Já a Baixada Litorânea se destaca pelo perfil de transmissão bem acima do esperado no momento, com as cidades de Rio das Ostras e São Pedro da Aldeia com o maior volume de casos e maiores incidências da região.
Armação de Búzios, Iguaba Grande e São Pedro da Aldeia também chamam atenção pelo perfil de alta transmissão, ainda de acordo com o governo estadual.
Na Região Serrana, Cachoeiras de Macacu concentra o maior volume de casos e a maior incidência da região, que apresenta pequeno atraso de notificações, sobretudo em Macuco.
No Centro-Sul, a maior parte dos municípios está com transmissão acima do esperado, com Três Rios concentrando o maior volume de casos.
Ao lado de Comendador Levy Gasparian e Sapucaia, Três Rios ocupa ainda as maiores incidências.
Na Baía de Ilha Grande, Angra dos Reis e Mangaratiba são os municípios com o maior número de transmissão no momento, com Angra registrando a maior concentração de casos (90%) e a maior incidência.
No Médio Paraíba, Itatiaia, Porto Real e Quatis destacam-se pela transmissão de casos acima do esperado para o momento.
Resende é o município que está com maior atraso de notificações e casos acima do esperado. Itatiaia apresenta maior incidência de todo o estado do Rio.
Na Metropolitana II, todos os municípios estão sem atraso na notificação, exceto Rio Bonito, com pequeno atraso e com casos um pouco acima do esperado no momento.
Itaboraí concentra maioria das notificações.
Prevenção na Região dos Lagos
Agente de Combate a Endemias fazendo visita em casas de Búzios | Foto: Reprodução/Prefeitura de Búzios
Em meio à temporada de chuvas e as altas taxas de transmissão, a Prefeitura de Búzios, na Região dos Lagos, informou que está intensificando o combate contra o Aedes aegypti, vetor de doenças como dengue, zika e chikungunya.
Segundo a prefeitura, agentes estão atuando na cidade, mas a colaboração de todos é essencial.
Eliminar criadouros, manter recipientes fechados e reportar focos são ações simples e cruciais.
A recomendação é que ao identificar sintomas como febre, dores e manchas, que a pessoa procure com urgência uma unidade de saúde.
Em Araruama não é diferente. A prefeitura também fez um alerta para a população e reforça a necessidade dos moradores redobrarem os cuidados no combate.
Vacina contra a dengue no SUS
A previsão do MS é que sejam entregues 5 milhões de doses neste ano | Foto: Reprodução/José Cruz (Agência Brasil)
O Ministério da Saúde decidiu incorporar a vacina contra a dengue ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Segundo a ministra da Saúde, Nísia Trindade, o Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no sistema público universal.
Conhecida como Qdenga, a vacina não será disponibilizada em larga escala em um primeiro momento, mas será focada em público e regiões prioritárias. A incorporação do imunizante foi analisada e aprovada pela Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no SUS (Conitec), como explica a ministra da Saúde:
O Ministério da Saúde avaliou a relação custo-benefício e a questão do acesso, já que em um país como o Brasil é preciso ter uma quantidade de vacinas adequada para o tamanho da nossa população. A partir do parecer favorável da Conitec, seremos o primeiro país a dar o acesso público a essa vacina, como um imunizante do SUS. E, até o início do ano, faremos a definição dos públicos alvo levando em consideração a limitação da empresa Takeda do número de vacinas disponíveis. Faremos priorizações.
Segundo o laboratório, a previsão é que sejam entregues 5,082 milhões de doses em 2024, entre fevereiro e novembro. O esquema vacinal é composto por duas doses.
O imunizante Qdenga tem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) com indicação para prevenção de dengue causada por qualquer sorotipo do vírus para pessoas de quatro a 60 anos de idade, independentemente de exposição prévia.
Para o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, a vacina será importante para controlar a dengue no país:
A dengue é uma doença que impacta praticamente todo o território nacional e o controle do vetor vem sendo insuficiente para reduzir as taxas de infecção. Estamos fechando o ano com recorde de óbitos. A vacina, sem dúvida, junto com outras medidas, será um importante instrumento para controle dessa doença.
Segundo ele, a Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza entre seis e 16 anos de idade como a faixa etária ideal de introdução da vacina. Dentro dessa faixa etária, já há outros imunizantes que podem ser associados à aplicação da vacina da dengue e otimizar os atendimentos nos hospitais.
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