Tatuagem na boca se populariza no mundo, mas alerta para a higienização

As tatuagens na parte interna dos lábios estão cada vez mais comuns no mundo. Se popularizando principalmente entre os artistas, tatuar essa parte do corpo pode não ter o resultado esperado e nem ser tão bonito quanto o desejado. Além disso, quem deseja realmente fazer, precisa ficar ligado com a higienização.

O Portal Multiplix conversou com a tatuadora Nath Oliveira. De acordo com ela, tatuar a parte inferior dos lábios pode ser um processo um pouco desconfortável e, o ideal, é escolher um desenho menor, sem muitos detalhes.

“O traço tende a expandir após cicatrizado e nessa região a tinta não adere muito bem, pois as células se renovam mais rápido fazendo com que talvez a tatuagem fique falhada ou vá apagando com tempo havendo a necessidade de retoques”, explicou.

Muitas pessoas acreditam que por ser um local sensível e com muitos vasos sanguíneos, há riscos em tatuar a mucosa da boca. É preciso ficar atento as infecções.

“Nessa região há mais riscos de contaminações. Por ser um local que não é possível isolar a tatuagem, ela acaba entrando em contato com os dentes e alimentos, ficando úmida o tempo inteiro, além da mucosa ser um lugar fininho e muito vascularizada”, frisou Nath.

Para fazer a tatuagem no interior dos lábios, não há uma regra em relação ao material utilizado. Isso vai depender do desenho escolhido para marcar a pele. Entretanto, a recomendação é usar as agulhas mais finas para não ter riscos dos traços se juntarem ou expandires e a pintura não se tornar um borrão.

“As agulhas maiores depositam uma quantidade maior de tinta, o que possibilitaria a execução mais rápida da tatuagem, dependo da arte. Em relação aos cuidados, são os mesmos recomendados para uma tattoo em outra região, porém tentando manter o local mais seco. A cicatrização pode demorar um pouco mais do que outras tatuagens, devido ao lugar”, disse a tatuadora.

A pigmentação da tatuagem é aplicada na derme, a camada inferior da pele. Para que a arte seja feita, agulhas são utilizadas, perfurando a parte do corpo escolhida e penetrando a tinta, formando o desenho escolhido. Por isso, o cuidado com a higiene do local após tatuar é muito importante, principalmente na boca.

“Cada pessoa tem sua microbiota bucal própria, podendo estar associada a doença cárie, placa bacteriana, lesões orais entre outras. Quando a pele é perfurada para inserir a tinta, abre-se uma porta de entrada para bactérias e micro organismos que podem cair na corrente sanguínea e acarretar em outros problemas”, alertou o cirurgião dentista, Flavio Paim Rocha.

Quem deseja fazer a tatuagem no interior dos lábios, normalmente, se preocupa se a pigmentação pode ser prejudicial para os dentes ou as gengivas. De acordo com o profissional, o pigmento não afeta os dentes.

“Até onde sabemos não afeta na pigmentação dos dentes, mas sim o amálgama de prata. A introdução de partículas de amálgama em qualquer ponto da mucosa bucal poderá determinar uma lesão pigmentada, clinicamente observável, denominada tatuagem por amálgama. Esta lesão costuma aparecer como uma mácula azulada, acinzentada ou enegrecida, sendo comumente assintomática e sem significado patológico. A lesão é quase sempre única, podendo, por vezes, apresentar-se de forma múltipla. Qualquer superfície da mucosa pode estar envolvida, mas a gengiva, a mucosa alveolar e a mucosa jugal são os sítios mais comuns”, destacou o cirurgião dentista.

Flavio ainda destaca que por ser algo tão comum, especialmente nos dias de hoje, as pessoas acabam achando que tatuar é como cortar o cabelo, algo totalmente inofensivo. Apesar de serem muito poucos os casos de complicação, eles existem, e geralmente estão ligados com questões de higienização ou de alergias.

“O problema que mais preocupa está relacionado ao uso de equipamentos não esterilizados ou impróprios. É de extrema importância, antes de fazer uma tatuagem, procurar profissionais de qualidade, os quais vão seguir todos os procedimentos padrão de higienização. A máquina de injeções precisa ser completamente esterilizada após o uso e as agulhas devem ser únicas para cada cliente. Isso evita DSTs e outras doenças transmitidas pela via sanguínea”, frisou.

Além disso, há também possíveis reações alérgicas com a pigmentação utilizada e/ou contaminação desses produtos com micróbios.

“A alergia pode ser tanto por causa da estrutura química da tinta em si, como por contaminantes/ingredientes anexados a ela originados do seu processo de produção laboratorial/industrial como metais pesados, por exemplo. Certos pigmentos de cores costumam causar mais dessas alergias e outras reações indesejáveis, como os roxos, rosas, laranjas e, especialmente, os vermelhos”, finalizou Flavio.

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