Ao relento: moradores em situação de rua perdem ponto de apoio em Nova Friburgo

Eles são considerados parte de uma população flutuante e variável. O número estimado de pessoas em situação de rua em Nova Friburgo, na Região Serrana, é entre 18 e 27 moradores, segundo dados da prefeitura. E agora, o destino dessas pessoas parece estar à mercê da própria sorte.

A polêmica é antiga. Em 2019, a então gestão municipal criou um ponto de apoio para esse público, com o intuito de acolhê-lo durante o período de frio intenso, pelo menos, no primeiro momento.

Lá, eles eram acompanhados por assistentes sociais e podiam tomar banho quente, trocar de roupa e dormir em colchonetes com cobertores. Sem contar a alimentação que recebiam, originária de doações, na maioria das vezes.

O trabalho, que ganhou peso com a adesão popular, teve continuidade durante um tempo e foi seguido pela atual gestão.

Ponto de apoio, em 2019, funcionava em Duas Pedras | Foto: Reprodução/Portal Multiplix

Mas aí surgiu uma outra questão! O número de pessoas encontradas dormindo pelas ruas da cidade cresceu e se tornou um problema para algumas instituições.

No antigo fórum, no Centro, por exemplo, durante um período, era fácil encontrar itens como bolsas, colchões e até mesmo porta-retratos espalhados pelo chão.

Em abril, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) informou que por causa da quantidade de moradores de rua usando o espaço como moradia, a entrada do público passaria a ser feita por outro acesso na lateral do prédio.

Já a Prefeitura de Nova Friburgo disse, na época, que o Centro de Referência Especializado em Assistência Social (Creas), por diversas e reiteradas vezes, vinha fazendo abordagens nas proximidades do local para acolher e acompanhar as pessoas em situação de rua.

Entrada do TRE-RJ passou a ser ocupada por moradores em situação de rua | Foto: Reprodução/Portal Multiplix

A condição dessas pessoas se agravou ainda mais com fechamento do ponto de apoio a moradores em situação de rua. Ao Portal Multiplix, a prefeitura falou por meio de nota sobre o assunto:

Em razão de alguns fatores, houve o fechamento do abrigo, notadamente em razão de diversos furtos que ocorreram dentro do imóvel, que fizeram com que o equipamento provisório ficasse sem as condições mínimas de atendimento e manutenção do serviço emergencial de acolhimento.

O município acrescentou que a baixa quantidade de profissionais habilitados para atuar com essas pessoas foi também um agravante para o fechamento do local:

O município não dispunha de equipe técnica para acompanhamento desses usuários, o que era temerário no tocante à segurança, tanto dos servidores que realizavam as abordagens quanto pelos próprios usuários.

O Executivo informou que o perfil desses usuários é pormenorizado pela equipe do Centro de Referência Especializado em Assistência Social (Creas), que identificou algumas questões:

Muitas dessas pessoas possuem referências familiares, inscrição junto aos benefícios assistenciais do governo federal ou, ainda, aposentadoria.

Por outro lado, a prefeitura explicou ainda que a alimentação dos usuários pode ser feita no Centro de Atenção Psicossocial (Caps-AD) e que a reinserção social deles é feita através de um trabalho realizado pelo Creas.

Através da indicação de vagas de emprego via Casa do Trabalhador, atividades realizadas de forma intersetorial com toda a rede de assistência e saúde, que executam um trabalho social de forma continuada para busca da autonomia desses usuários, seja pelo reestabelecimento de vínculos com suas famílias, seja pelo resgate da sua autonomia.

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