Rodrigo Marotti é absolvido da acusação de duplo feminicídio em caso que chocou Nova Friburgo

O júri popular absolveu Rodrigo Marotti da acusação de homicídio qualificado, por duplo feminicídio contra Alessandra Vaz e Daniela Mousinho. Porém, o réu foi condenado pela juíza Simone Dalila Nacif Lopes a uma pena de 19 anos e 4 meses de prisão pelo crime de incêndio com resultado em morte. O caso ocorreu no dia 7 de outubro de 2019, em Nova Friburgo, Região Serrana do Rio.

O julgamento ocorreu na terça-feira, 8, no fórum da cidade, com início às 10h30 e término por volta de meia-noite. Sete jurados sorteados fizeram parte do júri que decidiu o desfecho do caso. Ao todo, 16 testemunhas foram ouvidas, sendo 11 da acusação e cinco da defesa.

A acusação, feita pelo Ministério Público, alegava que Alessandra e Daniela tinham sido vítimas de assassinato com motivação de gênero, ou seja, feminicídio.

Por meio de nota, o MP disse que recorreu da decisão por entender que a decisão dos jurados foi na contramão das provas. “O recurso terá por objetivo a anulação do júri para submeter o acusado a novo julgamento perante o Tribunal do Júri, para que seja condenado por duplo feminicídio em nova sessão plenária”, disse o órgão estadual ao portal.

Já a Defensoria Pública Estadual informou que não vai se manifestar sobre a estratégia de defesa do réu.

Nas redes sociais, Andresa Vaz, irmã de Alessandra, declarou não ter forças para comentar o resultado do julgamento. Nos últimos meses, ela mobilizou, junto a outros familiares e amigos das vítimas, uma campanha que pedia pena máxima para o acusado.

Protesto na frente do Fórum de Nova Friburgo na terça-feira, 8 | Foto: Bernardo Fonseca

A ONG Tecle Mulher, que atua em Nova Friburgo na defesa das mulheres e acompanha casos como este, emitiu nota ao portal criticando o resultado da sentença.

“O Tecle Mulher se indigna com a sentença dada para Rodrigo Marotti! A sociedade se coloca ao lado dos assassinos de mulheres. É Feminicídio SIM! Foi um ato covarde de extrema crueldade SIM! Nós mulheres corremos perigo sempre, até depois de mortas!”

Protesto na porta do fórum marcou o dia de julgamento

Na manhã de terça, antes do julgamento, houve protesto na porta do fórum. Cartazes pediam a condenação máxima do réu e justiça por Alê e Dani, como eram carinhosamente conhecidas. Movimentos que lutam pelos direitos das mulheres também colocaram 16 cruzes na calçada com nomes de mulheres assassinadas. O protesto foi pacífico.

Em entrevista ao Portal Multiplix na ocasião, a mãe de Alessandra Vaz, Sandra Mara dos Santos, declarou estar confiante de que Rodrigo pegaria pena máxima. "Eu espero que seja pena máxima (para Rodrigo). Mesmo que depois tenha uns descontos, eu quero que ele fique (preso) muito tempo", disse.

A mesma expectativa foi compartilhada pela filha de Daniela, Luiza Mousinho, que veio de Recife para acompanhar o julgamento. "A Justiça precisa começar a penalizar ao máximo homens que se sentem no direito de matar e agredir mulheres. Nós somos seres humanos e nós temos tanto direito quanto qualquer um", afirmou.

Relembre o caso

Segundo as investigações, o crime ocorreu na noite do dia 7 de outubro, no Condomínio Parque dos Alpes, na RJ-142, conhecida como estrada Serramar, no distrito de Mury. Alessandra e Daniela morreram dias após terem ficado queimadas devido a um incêndio na casa, ocasionado logo após uma discussão com Rodrigo Marotti.

Na época, para a polícia, o suspeito teria confessado o crime e sido preso na manhã do dia seguinte.

No inquérito, ele disse que tinha uma sociedade com a ex-namorada Alessandra, mas que, após o fim do namoro, a vítima não estaria cumprindo sua parte no acordo e que, por isso, perdeu a cabeça.

Ainda segundo a polícia, após fugir do local do crime, com o carro dela, Rodrigo bateu com o veículo em Lumiar, e se escondeu. No dia seguinte, Rodrigo se entregou no Posto de Policiamento Comunitário (PPC) do distrito, onde foi detido pelos policiais militares.

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