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Casos de dengue seguem em alta em todo o estado e sintomas confundem a população

Infectologista dá dicas e explica as diferenças entre a doença e a Covid-19; veja números de Friburgo e Teresópolis

Por Rômullo Espíndola
21/02/24 - 12:00
Casos de dengue seguem em alta em todo o estado e sintomas confundem a população Dengue pode ser prevenida através de vacinação e uso de repelentes | Foto: Banco de Imagem

O Estado do Rio de Janeiro já registrou 41.252 casos de dengue apenas no início deste ano. O número é 12 vezes maior que o registrado até fevereiro do ano passado. As regiões Serrana e Metropolitana I são as que mais apresentam excesso de casos, ou seja, números acima do previsto.

Não bastasse a grande onda da doença em 2024, surgiu também uma enxurrada de 'fake news' e desinformação nas últimas semanas. Para muita gente, o mais difícil no momento é saber distinguir os sintomas da doença. Isso se torna ainda mais complicado quando é feita comparação com a Covid-19.

De acordo com especialistas, alguns indícios podem ser semelhantes, como dor de cabeça e no corpo, indisposição, manchas vermelhas na pele e febre, no entanto, existem diferenças que necessitam de maior atenção. Além desses sinais, a covid se apresenta normalmente como uma síndrome gripal.

Ao contrário disto, pessoas com dengue evoluem mais com artralgia (dor nos articulações), mialgia intensa (dor muscular), cefaleia (dor em qualquer parte da cabeça) localizada atrás dos olhos e também podem ocorrer sinais de sangramento, como pintinhas na pele e mucosas, hematomas ou hemorragias, alertam os profissionais de saúde.

O Portal Multiplix conversou com a infectologista e mestre em doenças infecciosas e parasitárias pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Patrícia Lima Hottz, que explicou o que precisa ser feito em caso de a pessoa sentir quaisquer dessas manifestações:

Em caso de sintomas sugestivos de dengue, as pessoas devem aumentar a ingestão de água, sucos e isotônicos, evitar o uso de anti-inflamatórios, aspirina ou AAS e procurar atendimento médico. Os testes diagnósticos têm um período mais adequado para serem realizados. Então, não adianta ficar ansioso para fazê-los logo no início dos sintomas. O mais importante é a avaliação clínica e laboratorial.

Patrícia Hottz é infectologista e mestre em doenças infecciosas e parasitárias  Patrícia Hottz é infectologista e mestre em doenças infecciosas e parasitárias | Foto: Arquivo pessoal

A especialista ainda destaca que a dengue pode ser prevenida através de vacinação, uso de repelentes, telas antimosquito e eliminação de focos do mosquito. “Atualmente, existem duas vacinas contra a dengue no Brasil. Ambas são atenuadas e previnem a infecção causada pelos quatro sorotipos do vírus.”

A infectologista aproveitou ainda para explicar como funciona o esquema vacinal da doença:

Existem a Dengvaxia® (Sanofi), que só pode ser aplicada em quem comprovadamente teve dengue prévio, e a QDenga® (Takeda), para todos entre 4 e 60 anos. Esta última será aplicada pelo SUS em indivíduos de 10 a 14 anos em alguns municípios brasileiros, a partir deste mês.

Panorama da dengue no estado

O boletim semanal, divulgado na semana passada pela Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ), mostra que o estado está com um número de casos prováveis de dengue seis vezes acima do limite máximo esperado para esta época do ano, de acordo com a série histórica dos últimos dez anos.

A análise mostra ainda que a tendência de aumento na transmissão de casos se mantém pela nona semana consecutiva. Até o dia 15 de fevereiro, foram registrados 41.252 casos de dengue em todo o estado, número equivalente a 80% dos casos notificados em todo o ano de 2023, quando o Rio de Janeiro teve 51.479 casos da doença.

De acordo com a pasta, o boletim é elaborado pelo Centro de Inteligência em Saúde (CIS) da SES-RJ, e tem como diferencial o uso de um modelo de cálculo epidemiológico conhecido como nowcasting, que leva em conta o atraso de inserção de dados no sistema de vigilância.

Região Serrana em alerta

Com a alta nos casos de dengue no município, a Prefeitura de Teresópolis, através da Secretaria de Saúde, está intensificando as ações de combate à dengue em toda a cidade. Conforme anunciado pela secretária Clarissa Rippel, diversas medidas estão sendo adotadas para evitar a proliferação da doença.

Desde o dia 1º de janeiro até o dia 16 de fevereiro, o município registrou 142 casos positivos da doença, com seis casos graves, onde se fez necessária a internação. Desses seis casos, apenas um paciente permanece internado.

Em Nova Friburgo, a prefeitura reforçou o alerta do aumento significativo das notificações da doença na cidade. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, até essa terça-feira, 20, foram registradas 237 casos positivos de dengue. Outros 294 foram negativados após análises laboratoriais.

Diante desse cenário, a prefeitura publicou na última semana, em edição extra do Diário Oficial Eletrônico do Município, a Portaria Nº 188, que constitui a formação do Comitê Municipal de Mobilização Social Contra o Aedes aegypti.

A governo municipal pede a colaboração dos moradores para que reforcem as medidas de prevenção: "Eliminar todos os locais com água parada, até mesmo os pequenos servem de criadouros; usar repelentes sempre que possível e receber os agentes de combate às endemias que fazem as visitas domiciliares".

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