Atos terroristas repercutem no exterior; estados e instituições se manifestam contra ação de vândalos em Brasília

A invasão de terroristas bolsonaristas em Brasília e a depredação de prédios do Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal (STF) no domingo, 8, gerou notas de repúdio em todo país e no mundo.

Líderes políticos internacionais se manifestaram e a tentativa de golpe no Brasil pelos partidários radicais do ex-presidente Jair Bolsonaro é a principal manchete de jornais no mundo todo nesta segunda-feira, 9.

Na França, rádios e canais de TV transmitiram ao vivo, ontem, a violência dos golpistas, descritos como 'vândalos fascistas' ou 'extremistas', que invadiram e saquearam os prédios públicos.

A reação internacional foi unânime e a imprensa comparou as ações à invasão do Capitólio, há dois anos, e informou sobre a reação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que decretou intervenção federal no Distrito Federal e prometeu punição exemplar aos golpistas.

O que o mundo está falando

"A polícia retomou o controle das instituições do poder invadidas pelos partidários de Bolsonaro, em sua tentativa de insurreição no Brasil", disse a manchete do ‘Le Monde’.

O italiano ‘Corriere della Sera’ exibiu o vídeo de policiais do Distrito Federal fazendo selfies com os bolsonaristas, informando que 400 pessoas envolvidas nos ataques foram presas, o governador do Distrito Federal afastado do cargo pelo STF e a reação tardia de Bolsonaro, que repudiou as críticas de Lula dizendo que não havia provas de seu envolvimento nos incidentes.

O diário português ‘Público’ afirma que "bolsonaristas vandalizam a democracia brasileira com a complacência da polícia". Em sua manchete, o espanhol ‘El País’ mostra bolsonaristas na mesa diretora do Congresso, cuja proteção foi transformada em escorregador.

Nos Estados Unidos, o site do jornal ‘The New York Times’ mantém em sua manchete um vídeo da tropa de choque descendo a rampa do Planalto, lançando bombas de gás lacrimogênio para dispersar os invasores.

O diário americano relata as ações adotadas pelo governo Lula para acabar com o caos, e acrescenta que suspeita que Bolsonaro está escondido na Flórida para fugir da Justiça e que ele passou os últimos anos a atacar o sistema eleitoral brasileiro e a minar a credibilidade das eleições.

Jornal americano relata as ações adotadas pelo governo Lula para acabar com o caos | Foto: Reprodução/The New York Times

O site ‘Der Spiegel’, na Alemanha, mostra o presidente Lula, de retorno a Brasil inspecionando os estragos nos edifícios governamentais danificados, ressaltando que "Bolsonaro rejeita acusações".

Macron ofereceu apoio incondicional para o presidente Lula | Foto: Reprodução/Ricardo Stuckert

Líderes mundiais condenaram o ataque à democracia pelos vândalos e muitos deles ofereceram ajuda de diferentes maneiras, reforçando o apoio ao presidente Lula. Joe Biden, presidente dos EUA, chama atos de ultrajantes e o presidente francês Emmanuel Macron ofereceu apoio incondicional.

Rússia, China, Alemanha e Reino Unido também fizeram coro a outros líderes e condenaram ato golpista em Brasília.

“Condenamos da maneira mais firme as ações dos instigadores de distúrbios e apoiamos plenamente o presidente brasileiro Lula da Silva", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

Rosa Weber disse que Suprema Corte não vai se intimidar com atos terroristas | Foto: Reprodução/Fabio Rodrigues (Agência Brasil)

Os Poderes

Os presidentes dos Três Poderes também se manifestaram. Rosa Weber, presidente do STF, disse que a Suprema Corte não vai se intimidar com atos terroristas em Brasília. Ela lamentou o episódio violento e disse que a Justiça irá punir os responsáveis pelos atos.

"O STF atuará para que os terroristas que participaram desses atos sejam devidamente julgados e exemplarmente punidos. O prédio histórico será reconstruído", destacou. O prédio do Supremo é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

O STF foi severamente destruído por criminosos, vândalos e antidemocratas. Lamentavelmente, o mesmo ocorreu no Congresso Nacional e no Palácio do Planalto. As sedes dos três poderes foram vilipendiadas.

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do STF, Alexandre Moraes, que teve seu gabinete destruído, disse que agentes públicos que conduziram atos antidemocráticos serão investigados. Ele chamou os ataques terroristas de 'desprezíveis' e que 'financiadores e instigadores' serão responsabilizados.

A decisão de afastar o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, foi assinada pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito dos atos antidemocráticos, atende a um pedido do líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (Rede/AP), e da Advocacia-Geral da União.

O presidente da Câmara, Arthur Lira, afirmou que o Parlamento ‘nunca dará espaço para a baderna, a destruição e vandalismo’. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, convocou o Congresso Nacional para funcionar em regime extraordinário, após os ataques terroristas.

Em defesa da democracia

Os presidentes dos Três Poderes da República divulgaram, no fim da manhã desta segunda-feira, 9, uma nota conjunta em defesa da democracia. No texto, eles dizem rejeitar os “atos terroristas, de vandalismo, criminosos e golpistas”.

"Estamos unidos para que as providências institucionais sejam tomadas, nos termos das leis brasileiras”, diz a nota, que foi publicada no perfil oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em redes sociais.

“Conclamamos a sociedade a manter a serenidade, em defesa da paz, e da democracia em nossa pátria”, diz outro trecho do comunicado.

Lula

Presidente Lula diz que responsáveis pelos atos terroristas serão encontrados e punidos | Foto: Reprodução/José Cruz (Agência Brasil)

No domingo, depois de verificar os estragos no Planalto, Lula esteve com integrantes do STF e a avaliação deles é que será preciso uma ação conjunta, dos Três Poderes contra movimentos antidemocráticos.

"Essa situação nunca aconteceu antes, mesmo nos anos mais difíceis da luta armada. Todas essas pessoas serão encontradas e serão punidas. Eles vão entender que a democracia garante o direito de liberdade, de livre comunicação, de livre expressão, mas também exige respeito às instituições criadas para fortalecer a própria democracia", disse Lula.

O petista criticou o trabalho da PM do Distrito Federal e também responsabilizou Bolsonaro pelos atos extremistas. "Esse genocida não só estimulou isso como pode estar incentivando inclusive agora, pelas redes sociais, lá dos Estados Unidos, onde está descansando. Todo mundo ouviu os discursos dele estimulando isso", destacou o presidente.

OAB e jornalistas

A Ordem dos Advogados do Brasil divulgou nota em que classifica como inaceitável a invasão dos prédios dos três poderes por terroristas, após furo ao bloqueio da Polícia Militar do Distrito Federal.

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e os 31 Sindicatos de Jornalistas filiados repudiaram de forma veemente a invasão aos prédios públicos e os ataques à democracia brasileira: “Alertamos, ainda, para a necessidade de as forças de segurança combaterem o cerceamento ao trabalho dos jornalistas, vítimas recorrentes da onda de violência das hordas bolsonaristas”.

CBF também se posiciona

Na tarde desta segunda, 9, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) informou nas suas redes sociais que a camisa da Seleção Brasileira é um símbolo da alegria do nosso povo:

É para torcer, vibrar e amar o país. A CBF é uma entidade apartidária e democrática. Estimulamos que a camisa seja usada para unir e não para separar os brasileiros. A entidade repudia veementemente que a nossa camisa seja usada em atos antidemocráticos e de vandalismo.

Governadores

Castro condenou os atos violentos em Brasília | Foto: Reprodução/Governo do Rio de Janeiro

O Fórum Nacional de Governadores também manifestou “absoluta repulsa ao testemunhar os gravíssimos e inaceitáveis episódios por manifestantes golpistas, irresignados com o resultado das eleições legitimamente encerradas no País".

Segundo o Fórum, "as governadoras e os governadores brasileiros, colocando-se à disposição para o envio de forças militares estaduais destinadas a apoiar a situação de normalidade nacional, exigem a apuração das origens dessa movimentação absurda”.

Queremos a adoção de medidas enérgicas contra os extremistas e aqueles que permitiram, por negligência ou conveniência, tal situação, bem como a subsequente penalização de seus responsáveis".

Governadores que apoiaram e receberam apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro nas eleições de 2022 condenaram os ataques terroristas em Brasília.

Entre os que se manifestaram estão o governador de SP, Tarcísio de Freitas, que foi ministro da Infraestrutura de Bolsonaro, o governador do RJ, Cláudio Castro, que pediu votos para Bolsonaro nas eleições, e o governador de MG, Romeu Zema.

Tarcísio de Freitas chamou os terroristas bolsonaristas de "manifestantes". Romeu Zema publicou que, "em qualquer manifestação deve prevalecer o respeito" e também chamou os terroristas de "manifestantes".

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, disse que "atitudes como essas mancham a imagem do Brasil". Também chamou o ataque de "manifestação" e disse ter "compromisso com ordem democrática".

No Rio

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e o Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais do Ministério Público dos Estados e da União (CNPG) também veicularam notas de repúdio aos ataques.

Em nota, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) informou que atuará "de forma intransigente, nos limites de suas atribuições, contra qualquer ataque violento à ordem constitucional, promovendo a exemplar responsabilização dos envolvidos".

Algumas prefeituras do interior se manifestaram

Das 16 cidades da área de cobertura do Portal Multiplix, nas regiões Serrana e dos Lagos do Rio, apenas cinco prefeitos se manifestaram em favor da democracia e contra os atos de vandalismo ocorridos no domingo em Brasília. São eles:

Teresópolis - Vinicius Claussen (PSC), por meio das redes sociais:

Qualquer ataque às instituições que garantem a nossa democracia viva precisa ser duramente combatido. Não há razão para o vandalismo e uso da violência. A política deve se desenvolver com base nas ideias. O ambiente antidemocrático só atrapalha o desenvolvimento do país.

Trajano de Moraes - prefeito Rodrigo Viana (DEM), por meio das redes sociais:

Não adianta tanta violência, o ‘câncer do país’ está em outras esferas da política, recursos vão desenfreadamente de ralo abaixo. Somente uma reforma política começará a colocar o país nos trilhos, a primeira delas, a unificação das eleições. Que esses criminosos sejam punidos.

Macuco - prefeita Michele Bianchini (PSD), por meio das redes sociais:

Diante das ações antidemocráticas, cumpre esclarecer, que a administração não comunga com atos que afrontam a democracia e a legislação vigente.

Cordeiro - prefeito Leonan Lopes Melhorance (PSC), por meio das redes sociais:

Cenas lamentáveis a que vimos hoje em Brasília. Depredação do patrimônio público, atentado contra a democracia e o estado de direito. Aas imagens que hoje vão rodar o mundo denigrem a imagem do Brasil e em nada contribuem na melhora da vida das pessoas! Isso não é democracia.

Nova Friburgo - Johnny Maycon (Republicanos), em nota enviada à reportagem:

O prefeito Johnny Maycon declara que abomina veementemente atos de vandalismo contra o patrimônio público, depredações e invasões e violência. Considera que as manifestações pacíficas e respeitosas fazem parte da Democracia e a Constituição Federal garante a liberdade aos cidadãos para protestarem, desde que isso ocorra dentro dos direitos constitucionais.

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