Domingo de violência: terroristas invadem e depredam os prédios dos Três Poderes em Brasília
Ataque histórico à democracia teve mais de 400 pessoas presas; veja a cronologia dos principais atos desse domingo
No último domingo, dia 8, bolsonaristas radicais e golpistas protagonizaram um dos maiores ataques à democracia do Brasil.
Eles invadiram e depredaram o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto, sede da Presidência da República, em Brasília.
Os terroristas quebraram vidraças e móveis, vandalizaram obras de arte e objetos históricos, invadiram gabinetes de autoridades, rasgaram documentos e roubaram armas.
Terroristas quebraram vidraças e móveis | Foto: Reprodução/Marcelo Camargo (Agência Brasil)
Críticas à atuação da polícia
Logo após as invasões, autoridades criticaram a atuação da Polícia Militar do Distrito Federal por não ter evitado os ataques terroristas.
Imagens registradas no momento da ação mostram policiais escoltando os bolsonaristas radicais até a Esplanada dos Ministérios e também conversando com eles.
Em outras imagens que viralizaram na internet, um grupo de cerca de dez PM’s aparece filmando com o celular o ataque ao Congresso.
Enquanto radicais subiam a rampa e depredavam o prédio, os policiais aguardavam parados ao lado de viaturas, sem nenhuma ação para conter a ação extremista.
Imagens mostram PM’s tirando fotos do ataque ao Congresso | Foto: Reprodução/Redes Sociais
Intervenção federal
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por sua vez, decretou intervenção federal no Distrito Federal até 31 de janeiro de 2023.
Ele estava em visita a Araraquara, cidade atingida por fortes chuvas no interior de São Paulo, e fez um pronunciamento de emergência para falar sobre os ataques em Brasília:
A democracia garante direito de liberdade, de livre comunicação e de livre expressão, mas ela também exige que as pessoas respeitem as instituições que foram criadas para fortalecer a própria democracia. Vamos responsabilizar aqueles que participaram ou que financiaram esse gesto antidemocrático e irresponsável.
Presidente Lula decreta intervenção federal até o dia 31 de janeiro | Foto: Reprodução/Ricardo Stuckert
Governador do Distrito Federal pede desculpas ao presidente
Na tarde de domingo, dia 8, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), publicou um vídeo em suas redes sociais e pediu desculpas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelos ataques terroristas.
Na gravação, Ibaneis também direciona as desculpas para a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, e aos presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco:
Quero me dirigir aqui primeiramente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para pedir desculpas pelo que aconteceu hoje na nossa cidade, à presidente do Supremo Tribunal Federal, ao meu querido amigo Arthur Lira, meu amigo Rodrigo Pacheco. O que aconteceu hoje na nossa cidade é inaceitável. Não acreditávamos, em momento nenhum, que essas manifestações tomariam as proporções que tomaram.
Governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, pede desculpas por não ter conseguido controlar invasão de terroristas | Foto: Reprodução/Redes Sociais
O presidente Lula disse a seus assessores que não aceita as desculpas do governador do DF, Ibaneis Rocha.
Secretário de Segurança Pública é exonerado
O secretário de Segurança Pública, Anderson Torres, foi questionado pela falta de ação das forças de segurança em Brasília. Ele foi ministro da Justiça do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A Advocacia Geral da União (AGU) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a prisão em flagrante do secretário.
Anderson foi exonerado nesse domingo, dia 8, pelo governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), após o caos instaurado em Brasília.
A atuação dele no caso foi criticada por diversos políticos. Isso porque as forças de segurança não conseguiram oferecer resistência às invasões e depredações feitas pelos bolsonaristas.
Através das redes sociais, Anderson se manifestou e repudiou veementemente o que chamou de "covardia que assistimos neste domingo".
Ele também disse que sempre pautou sua vida pelo respeito às leis e às instituições e que “viveu o dia mais amargo” da vida pessoal e profissional.
Nesse sentido, lamento profundamente que sejam levantadas hipóteses absurdas de qualquer tipo de conivência minha com as barbáries que assistimos. Estou certo de que esse execrável episódio será totalmente punido e seus responsáveis exemplarmente punidos.
Secretário é acusado de ser conivente com o ataque terrorista aos Três Poderes | Foto: Reprodução/Marcelo Camargo (Agência Brasil)
Ministro do STF afasta governador
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), ficará 90 dias afastado do cargo.
Em decisão publicada na madrugada desta segunda-feira, dia 9, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), citou o descaso e a omissão por parte do governador e do então secretário de Segurança do DF, Anderson Torres.
Moraes tomou a decisão no âmbito do inquérito dos atos antidemocráticos, do qual é relator, ao analisar um pedido do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e da Advocacia-Geral da União.
Ministro STF, Alexandre Moraes, classificou atos como terroristas | Foto: Divulgação/Supremo Tribunal Federal (STF)
O ministro disse que os atos terroristas só podem ter tido a anuência do governo do DF, uma vez que os preparativos para a arruaça eram conhecidos.
Ele ainda garantiu que os responsáveis pelos crimes cometidos neste domingo, dia 8, serão punidos:
Os desprezíveis ataques terroristas à democracia e às instituições republicanas serão responsabilizados, assim como os financiadores, instigadores, anteriores e atuais agentes públicos que continuam na ilícita conduta dos atos antidemocráticos.
Ministro da Justiça diz que novas prisões serão realizadas
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, declarou que a investigação sobre os criminosos responsáveis pelos ataques em Brasília segue durante esta segunda-feira, dia 9, e que novos mandados de prisão serão expedidos.
Em uma série de publicações nas redes sociais, Dino declarou que apresentará ao Poder Judiciário, ainda nas próximas horas, a identificação daqueles que participaram ou financiaram os crimes cometidos contra as sedes dos Três Poderes.
Ex-presidente Jair Bolsonaro também se manifesta
Na noite de domingo, dia 8, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, declarou por meio de suas redes sociais que "manifestações pacíficas, na forma da lei, fazem parte da democracia. Contudo, invasões de prédios públicos, como ocorridos no dia de hoje (sic), assim como os praticados pela esquerda em 2013 e 2017, fogem a regra".
O ex-capitão da reserva ainda disse que repudia as acusações, sem provas, atribuídas a ele.
Balanço parcial
Segundo a Polícia Civil, até o momento, mais de 400 pessoas foram presas depois dos atos de vandalismo. Outras 1.200 pessoas foram detidas no Q.G. de Brasília.
Os criminalistas afirmam que os participantes das invasões podem pegar até 15 anos de prisão.
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